Que o Piauí tem sol em abundância não é mais novidade. Mas a radiação solar piauiense aproveitada em sua totalidade vai permitir avanços significativos na pecuária. Está em fase de implantação na região de Amarante um dos maiores projetos brasileiros de fazenda de gado de corte com uso de fertirrigação. Esta técnica agrícola permite aplicar fertilizantes na água da irrigação, entregando nutrientes e água simultaneamente às plantas ingeridas pelo gado.
O objetivo é que até o final de 2026, a fazenda tenha 20 mil cabeças de gado ocupando apenas 530 hectares irrigados. É um projeto que usa uma área pequena justamente para preservar o meio ambiente. Normalmente, em outros estados brasileiros, as mesmas 20 mil cabeças de gado ocupariam uma área muito maior. O que se está fazendo no Piauí é uma pecuária mais intensiva e sustentável.
Quem explica é o professo Luís César Dias Drumond, do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa. Ele veio ao Piauí para apresentar o projeto da fertirrigação em uma palestra para criadores na Expoapi.
“Vamos começar a funcionar no final de janeiro. Obviamente o projeto é modular. Em final de janeiro a gente já espera ter em torno de 2 mil cabeças, mas até o final do ano de 2026 é para ter 20 mil cabeças de gado. O animal entra jovem, depois de desmamado, numa área de gado. Ele vai ganhar peso, porque vai comer capim de qualidade e milho triturado. Ele vai crescer muito rápido neste sistema, média de 1Kg por dia. E quando chegar em 390 Kg, vai para o confinamento”, explica.
Essa área de confinamento está sendo construída com o que há de mais novo em tecnologia sustentável, com biodigestores e canaletas de efluentes que serão usados como adubo. A ideia é produzir mais de 3 mil Kg de carne por hectare ao ano, o que totaliza mais de 1 milhão de Kg na área total da fazenda, ou seja, mais de mil toneladas por ano. Essa carne abastecerá tanto o mercado interno quanto poderá ser exportada.
Luís Drumond destaca o grau de sustentabilidade do empreendimento, com a criação do chamado “boi verde”, criado com o mínimo contado com químicos. “Estamos calçados por uma tecnologia que já foi validada. Vai chegar o momento em que cada vez mais vamos ficar independentes de produtos químicos, porque temos a preocupação de produzir o boi verde. Não é ainda o boi orgânico, mas é o boi verde. Porque ele, mesmo no curral de confinamento, não está comendo ração. Está comendo selagem de capim produzida com fertirrigação em efluente”, discorre.
Potencial gigantesco a ser explorado
Para o agrônomo, o Piauí tem um potencial gigantesco a ser explorado na pecuária intensiva e está avançando bastante neste sentido. Com as fazendas de fertirrigação, o estado passa a integrar cadeias de sustentabilidade. “Já passamos de um saldo positivo de 12,76 toneladas de carbono sequestrado por hectare, ou seja, estamos sequestrando muito mais carbono do que emitindo dentro do processo de criação do gado. É realmente a aplicação de uma tecnologia que tem sustentabilidade”, diz Luís Drumond.
Ele lembra que essa técnica vai demandar mais mão de obra qualificada e vai trazer impactos significativos e positivos para economia piauiense como um todo.
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