Uma cena voltou a chamar a atenção dos teresinenses: o tapete de aguapés que tem se formado no Rio Poti. Ao longo de toda a sua extensão que corta a capital, é possível encontrar grandes blocos de plantas cobrindo boa parte do espelho d’água. Visualmente, a imagem pode até encantar, mas, do ponto de vista ambiental, a situação chama a atenção para a poluição que o rio vem recebendo diariamente.
Nas redes sociais, o vereador João Pereira (PT) denunciou a situação do Rio Poti e destacou os impactos ambientais causados pelo excesso de aguapés, como a redução da entrada de luz e da oxigenação da água, o que pode provocar a morte de diversas espécies que vivem no rio. O problema também afeta diretamente os pescadores que dependem da atividade para garantir seu sustento.
O parlamentar enfatizou ainda que cobrará dos órgãos ambientais e de fiscalização, proteção e investimentos. Segundo o vereador, “o Rio Poti sofre todos os anos com a proliferação excessiva de aguapés, consequência direta do alto nível de poluição e da degradação ambiental. Irei acionar os órgãos de meio ambiente e de fiscalização para que possamos mudar essa realidade a longo prazo”, disse, destacando que é necessário investir em ações de reeducação ambiental, saneamento básico e fiscalização.
De acordo com a bióloga Antônia Moura, mestre em meio ambiente, a preservação dos rios passa, antes de tudo, pelo saneamento básico. Assim, quando o esgoto não recebe o tratamento adequado e é lançado diretamente na natureza, ele contamina rios, córregos e o solo, comprometendo a fauna, a flora e o equilíbrio ambiental. Com isso, há o crescimento acelerado dos aguapés.
“Essas plantas aquáticas surgem naturalmente, mas encontram nas águas poluídas um ambiente propício para se multiplicar rapidamente, já que o esgoto despejado sem tratamento leva grande quantidade de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, que funcionam como adubo”, explica a
Para a bióloga, o saneamento básico é a forma mais eficaz de controlar esse processo e recuperar os corpos hídricos. “Quando a população se conecta à rede de esgoto, impede que o esgoto vá, de forma irregular e sem tratamento, parar nos rios. Isso reduz os nutrientes que alimentam os aguapés, melhora a qualidade da água e protege a biodiversidade”, completa Antônia Moura.
Investimentos em saneamento em Teresina
Conforme a subconcessionária Águas de Teresina, o percentual de rede de esgoto na capital mais que triplicou, saltando de 19% em 2017 para 59% em 2025, beneficiando mais de 480 mil pessoas com coleta e tratamento de esgoto, contemplando todas as zonas da capital.
Ainda de acordo com a Águas de Teresina, todos os dias, cerca de 40 milhões de litros de esgoto, o equivalente a 19 piscinas olímpicas, são coletados e tratados em 29 Estações de Tratamento (ETA) antes de serem devolvidos de forma adequada aos rios. Em um ano, isso representa mais de 14 bilhões de litros de esgoto que deixam de chegar brutos aos mananciais da cidade.
Desde 2017, a empresa já investiu R$ 1,3 bilhão em obras de saneamento básico na capital. Só entre 2023 e 2024, foram implantados 363 km de novas redes, totalizando 966,5 km até agosto de 2025, além de 44 novas elevatórias, que elevaram o número total para 85 unidades em funcionamento em Teresina.
Apesar dos avanços, Gabriela Coutinho, diretora executiva da Águas de Teresina, explica que a preservação dos rios depende da colaboração de todos. “O esgotamento sanitário é um serviço essencial, mas precisa da participação da população para funcionar bem. Conectar o imóvel à rede e usá-la corretamente é garantir mais saúde pública, proteger os rios e respeitar o meio ambiente”, afirma, destacando que o maior desafio é o descarte irregular de objetos sólidos na rede, como ocorreu recentemente na zona Leste com materiais como cones de sinalização, provocando entupimentos, extravasamentos e prejuízos à saúde e ao meio ambiente.
A equipe de reportagem do PortalODIA.com entrou em contato com a Águas de Teresina e com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) para saber sobre as ações voltadas para limpeza de remoção dos aguapés, fiscalização e cuidados com o meio ambiente.
Por meio de nota, a Águas de Teresina informou que tem acompanhado o aparecimento de aguapés no Rio Poti e que tem realizado parcerias com outros órgãos com o intuito de preservar o rio.
Até o fechamento da reportagem, a Semam não se manifestou.
Nota da Águas de Teresina
A Águas de Teresina informa que firmou parceria com o Ministério Público Federal, o Estado do Piauí e a Agespisa, figurando como terceira interessada no acordo celebrado entre os entes, e atuando de forma colaborativa nas tratativas ambientais voltadas à prevenção da proliferação de aguapés na capital. A empresa participa ativamente das ações e contribui tecnicamente para o enfrentamento do tema, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade e a preservação dos recursos hídricos.
É importante esclarecer que o surgimento de plantas aquáticas como os aguapés é um fenômeno natural, associado principalmente ao excesso de nutrientes na água, geralmente decorrente do uso de fertilizantes e do descarte irregular de resíduos e esgoto. Não há relação de causalidade com a operação da subconcessionária, que, ao contrário, integra o conjunto de soluções estruturantes para a melhoria da qualidade ambiental dos rios da cidade.
Atualmente, a Águas de Teresina coleta e trata cerca de 40 milhões de litros de esgoto por dia em 29 Estações de Tratamento, volume equivalente a 19 piscinas olímpicas, devolvendo esse efluente aos rios com qualidade e segurança. Hoje, 59% da população de Teresina já é atendida por rede de esgotamento sanitário, resultado de investimentos contínuos em infraestrutura, tecnologia e sustentabilidade.
A Águas de Teresina reafirma seu compromisso com a saúde da população, a proteção dos mananciais e o desenvolvimento ambiental da cidade, e reforça a importância de que os moradores realizem a ligação dos imóveis à rede de esgotamento sanitário disponível. Essa atitude contribui diretamente para uma cidade mais limpa, bairros livres de esgoto a céu aberto e um meio ambiente mais preservado para todos.
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