O vereador e presidente da Câmara Municipal de Teresina, Enzo Samuel (PDT), afirmou nesta segunda-feira (7) que a Câmara deve fazer uma consulta ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PI) para saber se o suplente da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), presa pela Polícia Federal, já pode assumir o cargo ou se terá que esperar um prazo de 60 dias, como era especulado anteriormente. O suplente imediato de Tatiana é Leôndidas Júnior.
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Enzo Samuel afirmou que pretende também questionar a Justiça se o gabinete da vereadora deve continuar funcionando ou se deve ter também uma restrição. “Então, são todos esses esclarecimentos que a gente quer saber da Justiça Eleitoral. Porque houve o pedido do afastamento da vereadora e de uma servidora comissionada. Ele afastou somente uma. Então, a gente quer entender também da Justiça Eleitoral se com esse afastamento se convoca ou não o suplemento de mediato. Se há um prazo para se convocar. E o gabinete, como fica? São todas essas consultas que nós vamos fazer, inclusive também aos órgãos de controle aqui no estado do Piauí”, disse o presidente da Câmara Municipal.

Inicialmente, a Câmara Municipal havia se pronunciado afirmando que a convocação do suplente só poderia ocorrer após 60 dias de afastamento. “A vereadora Tatiana Medeiros está afastada por uma medida cautelar concedida pelo doutor Luiz Henrique. Quanto a essa questão de convocação [de suplente], somente depois de 60 dias é que pode ser convocado o suplente”, explicou procurador-geral da Câmara Municipal de Teresina, Pedro Rycardo Couto. Porém, com a confirmação da consulta ao TRE-PI há a possibilidade de antecipação de Leôndidas Júnior assumir a vaga.
O pedetista afirmou ainda que após essa consulta, e após as investigações, o que a Justiça decidir a Câmara Municipal irá acatar e cumprir. “O que a gente pode dizer é que a forma de conseguir fazer campanha eleitoral, ela está regida pela nossa Constituição Federal, pelas nossas leis, e que todos têm que respeitar. Digo e repito, é um processo que está se iniciando, que está se começando, a Câmara espera que seja respeitado todo o processo legal, não cabe a gente entrar no mérito, é de competência da Justiça Eleitoral. Existe essa previsão legal na constituição e na nossa lei orgânica e nós vamos cumprir tudo aquilo que foi encaminhado pela Justiça para a Câmara Municipal de Teresina”, garantiu.

A investigação
A vereadora Tatiana Medeiros é um dos alvos da Operação Escudo Eleitoral, que investiga suposto financiamento ilícito de campanhas eleitorais com dinheiro oriundo de facções criminosas. As investigações começaram após as eleições de 2024, quando a Polícia Federal identificou possíveis vínculos entre a parlamentar e Alandilson Cardoso Passos, seu namorado na época e apontado como integrante de uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Alandilson foi preso em novembro de 2024 em Belo Horizonte, enquanto estava foragido. Antes disso, a casa de Tatiana já havia sido alvo de uma operação do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), mas, na ocasião, a vereadora não foi acusada formalmente.

Na operação de hoje, além da prisão de Tatiana Medeiros, foram cumpridos outros sete mandados judiciais, incluindo busca e apreensão e afastamento de agentes públicos. A Polícia Federal investiga também servidores da Câmara Municipal, da Assembleia Legislativa do Piauí e da Secretaria de Saúde do Estado.
Após audiência de custódia, vereadora segue presa
A vereadora Tatiana Medeiros continuará presa. Foi isso o que decidiu a justiça após ela passar por audiência de custódia na manhã da última sexta (04) no TRE-PI. A defesa da vereadora pediu o relaxamento da prisão, mas o Ministério Público pediu vistas sobre a solicitação e ela segue detida ao menos enquanto o órgão analisa a situação. No entendimento da defesa de Tatiana, as outras medidas cautelares que foram inseridas no inquérito seriam suficientes para garantir o andamento da investigação sem a necessidade da prisão da vereadora. Foi a este pedido de relaxamento da prisão que o MP pediu vistas. O órgão vai analisar se de fato a vereadora pode ou não ser liberada.
Durante a audiência, Tatiana Medeiros não foi questionada sobre o inquérito nem sobre as acusações que lhe são imputadas. O trâmite inclui apenas perguntas procedimentais como heteroidentificação, confirmação de dados pessoais como nome e data de nascimento e a arguição da defesa, que pediu o relaxamento da prisão.
Ao manter Tatiana presa, o juiz Luís Henrique acatou a um pedido dos advogados dela: o de transferi-la para a Sala de Estado Maior, pelo fato de a parlamentar ser advogada e exercer sua profissão. Isto está previsto no Estatuto da Advocacia. Tatiana Medeiros será, então, transferida para a Sala de Estado Maior, que fica no Quartel do Comando Geral da PM (QCG), onde permanece presa preventivamente. A expectativa é que o magistrado se manifeste nos autos sobre a manutenção ou não da prisão da vereadora em até dez dias.
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