Poucos ou quase nenhum ônibus nas ruas, veículos em mau estado de conservação, atrasos e demora na espera. Este tem sido o cenário do transporte público coletivo e urbano em Teresina nos últimos anos e acabou se tornando uma “receita do desastre”. Os problemas enfrentados pelo setor acabaram afastando o teresinense do transporte coletivo. Somente 11% da população da cidade de fato pega ônibus. Para efeito de comparação, antes da pandemia e da crise do setor, pelo menos 60% dos teresinenses faziam uso de ônibus.

Os números foram fornecidos pelo prefeito Silvio Mendes (UB) em entrevista exclusiva a O Dia. Ele conta que o principal desafio de sua gestão não é só colocar mais ônibus nas ruas, mas fazer com que o teresinense volte a pegar ônibus e mantenha o negócio rentável tanto para as empresas, quanto para os municípios, porque é esta rentabilidade que vais permitir mais investimentos.
Com o passar dos anos e a crise no transporte público da capital, quem vive em Teresina acabou encontrando alternativas para ir e vir dentro da cidade. Há quem tenha conseguido economizar e investir em um transporte próprio. E há aqueles que acabaram migrando do ônibus para os transportes por aplicativo, que se tornaram uma maneira barata e acessível de se locomover em grandes centros urbanos.
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Mas em outras cidades brasileiras com o porte de Teresina, ainda são os ônibus o meio de transporte mais usado e que mais atende à população. Como voltar a fazer disto uma realidade aqui é desafio.
“Se você olhar, tem mais ônibus nas ruas. Mas se você prestar bem atenção, mesmo no momento de maior movimento, muitos ônibus passam sem gente, sem passageiro e isso conta na produtividade do sistema de transporte coletivo. Para nossa surpresa, é uma coisa que é preciso que a gente analise bem. É saber o que se faz para voltar ao que foi. Em Teresina, mais de 60% do transporte coletivo era feito por ônibus. Hoje, é só 11%. Como sustenta um sistema desse?”, questiona o prefeito Silvio Mendes.

O gestor acredita que é preciso encontrar formas de tornar o transporte público de Teresina mais atrativo para a população, incentivar o seu uso através de melhorias como ofertar ônibus novos e mais confortáveis, mais linhas, mais veículos circulando para reduzir a demora e dar mais eficiência ao sistema. É isso que, segundo Silvio Mendes, tem que ser pensado e em conjunto com as empresas que operam o setor, ouvindo, também, a população.
Em janeiro deste ano, a Prefeitura elegeu o processo de descarbonização do transporte público por meio da aquisição de ônibus elétricos para Teresina. O poder público está fazendo um estudo no qual analisa os aspectos econômicos e financeiros para melhorar a estrutura existente e adequar o sistema para receber estes novos veículos. Esse, de acordo com o prefeito, seria o primeiro passo para oferecer conforto e eficiência ao usuário e atrair de novo o teresinense para o transporte público.
As negociações com as empresas do setor também entram na questão. A Prefeitura negociou com o Setut (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina) o repasse de subsídios da ordem de R$ 4.750.000 em um acordo judicial, além do repasse de mais R$ 1 milhão que só deve ser feito para a empresa que, nas palavras de Silvio Mendes, “colocar ônibus na rua”.

O processo de revitalização do Centro de Teresina também entra nesta questão. Silvio Mendes lembrou que o centro comercial era historicamente o destino de convergência e dispersão de ônibus dentro da cidade devido ao contingente populacional que se deslocava para a região diariamente. Hoje, o Centro tem mais de 300 imóveis fechados e, diante da migração do comércio para os bairros, a demanda de gente na área diminui. Consequentemente, diminuiu a demanda nos ônibus que ainda circulam.
Neste ponto, o desafio, de acordo com o prefeito, é desenvolver ações de ocupação do Centro para repovoar a área, atrair mais pessoas e, logo, aumentar a demanda nos ônibus que vão para aquela região. Um dos pontos discutidos é a ampliação do Shopping da Cidade.

“Isso já estava sendo debatido antes de eu assumir a Prefeitura. Nessa discussão tem o Governo do Estado, Sebrae, representantes do Governo Federal e a Câmara dos Dirigentes Lojistas. É uma discussão complexa, porque implica na melhoria da segurança, da iluminação nos espaços públicos, das calçadas que são ruins e, claro, do transporte coletivo, que teve sua crise agravada pela pandemia É uma série de ações que precisam ser feitas para as pessoas se convencerem a voltar para o Centro e a pegar ônibus. É fácil? Não. Temos que resgatar estas pessoas para manter o sistema de pé”, finaliza Silvio Mendes.
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