Julho é o mês de combate às hepatites virais. A campanha Julho Amarelo, instituída pela Lei nº 13.802/2019, busca conscientizar a população sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento das hepatites, doenças infecciosas que atingem o fígado e podem causar desde sintomas leves até complicações graves, como câncer hepático e cirrose.
as hepatites virais são doenças silenciosas e perigosas. Muitas vezes, não apresentam sintomas, o que dificulta o diagnóstico e contribui para a evolução da infecção de forma crônica
A especialista alerta que, quando apresenta sintomas, os mais presentes são: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, icterícia (pele e olhos amarelados) e urina escura.
No Brasil, os tipos mais comuns de hepatite são causados pelos vírus A, B e C. Também existem os vírus D e E, sendo o D mais presente na região Norte do país e o E mais frequente em regiões da África e da Ásia. Cada tipo tem formas específicas de transmissão, sintomas e estratégias de prevenção.
Dados da epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) mostram que em 2022 foram notificados 115 casos de hepatites virais no Piauí, enquanto em 2023 o número subiu para 138. Em 2024, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/NET) registrou 151 casos de hepatites virais no estado. Do total, 05 foram do tipo A; 63 do tipo B; 80 do tipo C e 3 casos com coinfecção pelos vírus B e C. Já em 2025, até o momento, foram notificados 56 casos, sendo 02 de hepatite A; 21 de B; 32 de C e 1 caso de coinfecção B+C.

Em Teresina, conforme dados da FMS, em 2024, foram registrados: 06 casos de Hepatite A; 46 de Hepatite B; 67 de Hepatite C e 02 de Hepatite E. Até junho de 2025, foram notificados: 02 casos de Hepatite; 16 de Hepatite B; 26 de Hepatite C (26) e, até o momento, nenhum caso de Hepatite E.
Dentre as hepatites, as dos tipos B e C são as mais preocupantes, pois têm o potencial de se tornarem infecções crônicas sem apresentar sintomas. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), 325 milhões de pessoas vivem com hepatites B ou C no mundo, e 1,4 milhão morrem anualmente em decorrência dessas infecções, seja por evolução para cirrose, câncer hepático ou complicações de uma infecção aguda.

A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada ao HIV e tuberculose. Justamente por isso, segundo Amparo Salmito, a OMS colocou as hepatites virais nos mesmos grupos de doenças como a tuberculose, o HIV e a malária. Estima-se que mais de 80% das pessoas com hepatite não sabem que estão infectadas. Isso faz com que a infecção avance de forma silenciosa, afetando o fígado ao longo dos anos até causar danos irreversíveis.
Os diferentes tipos de hepatite viral
Hepatite A
Transmitida principalmente pela via fecal-oral, por meio do consumo de alimentos ou água contaminados, e também por contato sexual. Acomete mais frequentemente crianças e adolescentes, mas, com a vacinação infantil implantada em 2014, os casos diminuíram drasticamente.
Hepatite B
A transmissão ocorre principalmente por via sexual, contato com sangue contaminado e compartilhamento de seringas. É uma das formas mais graves da doença e pode se tornar crônica, evoluindo para cirrose ou câncer. A vacina contra a hepatite B está disponível para todas as idades no SUS
Hepatite C
Tem transmissão semelhante à hepatite B, mas com menor frequência. Apesar de não haver vacina disponível, existe tratamento gratuito e eficaz oferecido pelo SUS, com alto índice de cura.
Hepatite D
Mais comum na região Norte do Brasil e geralmente associada a pessoas que já tiveram hepatite B. A infecção pode se tornar crônica com evolução rápida e grave. A vacina da hepatite B protege contra a hepatite D, o que reforça a importância da imunização.
Hepatite E
Transmissão via fecal-oral ou pelo consumo de carne suína mal cozida. Embora ainda não exista vacina disponível no Brasil, a doença costuma ter evolução leve e raramente causa complicações.
Prevenção através da vacinação
A vacinação contra a hepatite B é uma das principais formas de prevenção. Ela é gratuita, está disponível nas unidades de saúde e deve ser tomada por todas as faixas etárias. Amparo Salmito enfatiza que a vacinação é fundamental para interromper a cadeia de transmissão e reduzir os casos graves da doença.
“Temos um programa muito bom no Piauí de controle das hepatites. Os pacientes são atendidos no Lineu Araújo e nas Unidades Básicas de Saúde, através do Serviço de Assistência Especializada (SAE), onde recebem acompanhamento e medicação gratuita pelo SUS”, explica a gerente de epidemiologia da FMS. Ela reforça que pessoas com imunidade comprometida, como pacientes com HIV, devem ter ainda mais atenção, pois estão mais suscetíveis à hepatite B.
Sintomas comuns e tratamento das hepatites
Sintomas mais comuns:
- Cansaço e febre
- Mal-estar e tontura
- Enjoo e vômitos
- Dor abdominal
- Icterícia (olhos e pele amarelados)
- Urina escura
- Fezes claras
- Falta de apetite
- Perda de peso
Tratamentos disponíveis:
- Hepatite A: não tem tratamento específico, mas é autolimitada. A vacina é a principal forma de prevenção;
- Hepatite B: não tem cura, mas há tratamento eficaz para controle da doença e vacina disponível gratuitamente;
- Hepatite C: tem cura com medicamentos antivirais modernos, fornecidos pelo SUS;
- Hepatite D: prevenção por meio da vacina contra a hepatite B;
- Hepatite E: não há vacina no Brasil, mas a infecção costuma ser leve e autolimitada.
Serviço
No dia 31 de julho, em Teresina, será realizado o Dia D de combate às hepatites virais. A ação acontecerá das 8h às 12h. No local, serão realizados testes para identificação de hepatites e de HIV, além da aplicação de vacinas.
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