Neste domingo (2) muitos brasileiros acordarão cedo para irem aos cemitérios realizar orações e prestar homenagens aos entes queridos falecidos. Muitos vão embuídos de um sentimento comum na relação entre quem está vivo e aqueles que não estão mais entre nós: a saudade. Porém, quando uma visita ao cemitério não é suficiente para diminuir a falta que aqueles que já foram fazem em nossas vidas, as recordações materiais e objetos pessoais do ente falecido ajudam a matar um pouco a saudade que persiste.
Nos últimos anos, essa necessidade de ter objetos materiais que guardem uma memória afetiva de pessoas falecidas ganhou uma nova opção: são as joias afetivas ou memoriais. São peças de joalheria que carregam valor sentimental e memorial, além do valor estético ou material. Elas são criadas ou usadas para representar lembranças, vínculos e emoções importantes na vida de uma pessoa — sobretudo ligadas a pessoas da família, como filhos, pais e/outros parentes próximos.
Em vez de se basearem apenas em tendências de moda, as joias memoriais têm significado emocional profundo. Tratam-se de joias personalizadas que, em muitos casos, carregam até materiais do ente homenageado, como fios de cabelos, dentes de leite, leite materno, cinzas de cremação e até placenta, no caso de bebês natimortos (no caso de humanos); e pelos de animais, unhas e dentes (de animais de estimação).
Usar um colar com um pingente com cabelos ou as cinzas de um falecido, por exemplo, não é algo recente. Aqui em Teresina, há profissionais que produzem joias personalizadas há pelo menos uma década. É o caso de Renata Said, proprietária de um ateliê na capital que produz joias autorais e personalizadas.
Há pelo menos nove anos, a empresária cria joias memoriais para eternizar em um colar, pulseira ou em outras peças as lembranças de pessoas falecidas.
Em entrevista ao O Dia, Renata conta que neste tempo de atuação, já produziu joias com fotos do ente falecido, ou com monogramas, com letras ini-ciais; a maioria colares e relicários (aberto ou fechado). Também já produziu peças para homenagear animais. Mas dois trabalhos de destaque da profissional foram peças que levaram materiais dos falecidos homenageados.
"Produzimos duas joias que desenvolvemos que foram em caixas de prata para colocar dentro algo do ente que já se foi. Uma era para colocar os fios de cabelo da mãe da pessoa, da cliente. Desenvolvemos uma caixa de prata com esse cabelo que ela guardava da mãe dela e transformamos em um pingente. Foi um trabalho todo artesanal, manual, em formato de flor, que tem um significado bem forte de esperança, de leveza, da vida que con-tinua... Atrás colocamos uma mensagem que a cliente quis, que lembra a mãe dela", detalhou Renata.
As joias afetivas são muito mais do que adornos: são símbolos de sentimentos e lembranças, são considerados verdadeiros guardiões de histórias pessoais. Outra peça que exemplifica essa ideia foi um colar com as cinzas de um falecido, lembra Renata.
"Também já fizemos um relicário com as cinzas do marido de uma cliente que nos procurou para fazer essa peça. E aí, da mesma forma procedemos: tudo manual, artesanal, colocamos as cinzas de forma que não se espalhasse, para que fosse eterno, em um formato de coração".
As mulheres são a maioria da clientela de Renata. Mas ela afirma que muitos noivos procuram o serviço, para usarem relicários em momentos especiais, como no dia do casamento. A procura pelas peças aumenta mesmo nas datas comemorativas, como o Dia dos Finados, mas principalmente no Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal. Por serem peças arte-sanais, o preço das joias afetivas ou memoriais pode variar muito, podendo ser encontradas pulseiras a partir de R$ 80 reais e colares com relicários de, no mínimo, R$ 180 reais.
As joias afetivas estão se tornando populares por expressarem identidade, afeto e história pessoal. Em um mundo cada vez mais voltado ao consumo rápido, elas representam um resgate do valor emocional e duradouro dos objetos. Porém, ao mesmo tempo, surgem questionamentos sobre até onde o uso de materiais de uma pessoa que já morreu em uma joia é considerado "normal" no processo do luto, e a partir de qual momento pode se tornar algo patológico, que impeça a superação da perda de um ente querido.
O O Dia ouviu a psicóloga e tanatóloga, Amparo Silva. Ela afirmou que ob. jetos materiais, como um colar ou uma pulseira com materiais de entes fale. cidos podem sim ser úteis no processo emocional do luto. "(as joias afetivas) são uma forma que a pessoa tem de vincular aquele que partiu com o parente que ficou e o que ele está vivendo no seu dia-a-dia. Isso é salutar, porque esses objetos podem ajudar a pessoa a manter viva a presença emocional daquele que se foi. Está mais relacionado a questão emocional do que material. O material se transforma muito mais em emocional. Até certo ponto, isso é positivo, porque ajuda na elaboração do luto. Esses objetos funcionam como uma ponte' entre a ausência da pessoa que partiu e essa lembrança guardada por quem ficou", pondera.
A psicóloga lembra que o processo do luto é muito individual. Cada um vai ter seu tempo e suas formas de elaborar a superação do luto. "O objetivo da elaboração do luto nunca foi esquecer aquele que partiu. Pelo contrário, manter a lembrança viva é estruturante para o luto e para seguir (em frente). A questão é que tem que se transformar a qualidade desse vínculo do material para o subjetivo".
No entanto, Amparo Silva alerta que a pessoa que carrega consigo um pingente com cabelos ou as cinzas de uma pessoa falecida não pode se apegar ao material a tal ponto que não consiga mais viver normalmente sem a joia. É preciso transformar a lembrança, que está no material, em algo mais subjetivo
Quando a pessoa pensa que está negligenciando um cuidado ao ente ao não levar o objeto, vira uma prisão e aí há um sentimento de culpa. A pessoa substitui essa relação de lembrança por um aprisionamento, em viver uma relação material que não existe mais. Isso se torna um bloqueio, uma tentativa de negar um luto. E negar é sempre um processo de adoecimento", finaliza.
Tradição e acolhimento
Assim como as joias afetivas buscam transformar a saudade em memória e afeto, algumas empresas também têm se destacado por oferecer acolhimento e cuidado nos momentos mais delicados do luto. No Piauí, a Pax União é um exemplo dessa sensibilidade.
Com mais de 50 anos de atuação e mais de 200 filiais no Piauí e Maranhão, a empresa, parte do Grupo G Oliveira, consolidou-se como uma das marcas mais lembradas pelos piauienses, reconhecida pelo compromisso em aliar tradição, inovação e, sobretudo, humanidade no atendimento às famílias enlutadas.
Para o diretor comercial do Grupo, João Tadeus Formigieri, o diferencial da Pax União está em ir além dos simples serviços funerários. Ele ressalta que a Pax tem compromisso social além de seus serviços, através da promoção de ações de cidadania, saúde e bem-estar às comunidades, com atendimentos médicos, emissão de documentos e atividades religiosas.
O envolvimento da empresa com outras áreas a aproxima ainda mais das pessoas e reforça o papel de cuidado com a vida. Nos momentos de despedida, esse mesmo cuidado se traduz em atenção e acolhimento. A empresa oferece espaços confortáveis para os velórios, com alimentação, acompanhamento de enfermeiras e até apoio psicológico aos familiares.
“A Pax União tem a preocupação de estar sempre qualificando seus colaboradores em fazer um trabalho humanizado e acolhedor, de forma que consigam amenizar a dor da perda do ente querido neste momento tão difícil. Isto em todas as unidades do Estado do Piauí”, ressalta João Tadeus.
Com salas climatizadas, veículos modernos e rastreados em tempo real e até opções de translado aéreo, a Pax União une estrutura e empatia para tornar menos árdua a travessia do luto. Formigieri afirma que o cuidado a mais faz com que a dor das famílias seja amenizada.
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