O setor cultural do Piauí segue enfrentando desafios estruturais que abrangem desde a baixa remuneração até a alta informalidade na área, de acordo com os resultados do Sistema de Informações e Indicadores Culturais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (12).
Os dados mostram que, apesar de o estado registrar participação expressiva de trabalhadores da cultura no total de assalariados, os piauienses que atuam nessa área recebem, em média, o que representa menos da metade da remuneração paga no país. Além disso, os trabalhadores culturais do estado convivem com índices elevados de vínculos informais.
Em 2022, o rendimento médio mensal dos trabalhadores assalariados do setor cultural no Piauí foi de R$ 1.871, o segundo menor entre os estados brasileiros. Apenas o estado do Amapá apresentou média inferior, com R$ 1665. A distância em relação ao cenário nacional é expressiva, já que o salário médio no Brasil alcançou R$ 4.624, valor que supera o dobro do valor registrado no estado. O topo da lista ficou com São Paulo, onde trabalhadores culturais receberam, em média, R$ 6.356, seguidos por Rio de Janeiro e Distrito Federal, que também se destacaram pela remuneração mais alta.
Mesmo diante da baixa média salarial, o Piauí apresentou participação relevante e significativa de trabalhadores da cultura entre os assalariados. Em 2022, um total de 12.751 pessoas estavam empregadas formalmente em atividades culturais, o que é equivalente a 2,7% dos trabalhadores assalariados do estado. O índice, de acordo com o IBGE, é o segundo maior da região Nordeste, ficando atrás apenas do Ceará, que alcançou 3,25.
No que diz respeito ao ranking nacional, o Piauí ocupa a décima posição. As maiores proporções foram observadas no Amazonas, estado em que 6,1% dos assalariados atuavam no setor, seguido por São Paulo e Distrito Federal.
A presença de estabelecimentos ligados às atividades culturais, entretanto, apresenta dados mais reduzidos. O Piauí registrou 5.178 unidades locais de empresas do setor em 2022, o equivalente a 4,9% de todos os empreendimentos piauienses. Trata-se da menor proporção entre os 26 estados e o Distrito Federal. No cenário nacional, o setor cultural representou 6,6% das unidades locais, com os maiores percentuais observados no DF, RJ e SP.
Informalidade no setor
O cenário da informalidade também chama atenção e aponta para um quadro de desigualdade entre os estados brasileiros. Em 2024, cerca de 49 mil pessoas estavam ocupadas no setor cultural piauiense, e 59,7% delas trabalhavam sem vínculo formal. A taxa é superior à média nacional, que ficou em 44,6% e coloca o Piauí na sétima posição entre os estados com maior proporção de trabalhadores informais no segmento. Roraima e Pará lideram essa lista, enquanto Rio Grande do Sul e Santa Catarina registram as menores taxas de informalidade.
O perfil dos trabalhadores da cultura no Piauí também foi traçado pelo IBGE. As mulheres representam, por pouco mais de 1%, a maioria, com 51,7% das ocupações, enquanto os homens somam 48,3%. Em relação à cor ou raça, mais da metade se declara parda, seguidos por brancos e pretos.
A escolaridade se concentra principalmente entre pessoas com ensino médio completo ou superior incompleto, grupo que reúne 50,1% dos ocupados. Outros 22,8% possuem ensino superior completo, e 27,1% têm níveis de instrução mais baixos. Quanto à idade, a maior parcela dos trabalhadores, 54%, está entre 30 e 49 anos, enquanto 28% têm entre 14 e 29 anos e 18% possuem 50 anos ou mais.
Os dados mostram que, embora haja participação expressiva de piauienses no setor cultural e diversidade entre os perfis ocupacionais, o estudo ainda enfrenta dificuldades para consolidar condições mais favoráveis de trabalho. Os baixos salários, a informalidade elevada e a pequena presença de empresas culturais no conjunto das atividades econômicas revelam os desafios que persistem para o fortalecimento da economia criativa local.
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