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Saiba como investir melhor e fugir das armadilhas do endividamento

Com conhecimento e organização, é possível transformar a relação com o dinheiro e fazer o capital render mais.

04/11/2025 às 12h08

Em um cenário de juros altos, inflação instável e endividamento recorde entre as famílias brasileiras, saber lidar com o próprio dinheiro tornou-se uma habilidade essencial. De acordo com dados recentes do Banco Central, mais de 70% dos brasileiros afirmam não ter reserva financeira e 76% possuem dívidas ativas. Mesmo assim, boa parte da população continua recorrendo à poupança como principal forma de investimento, apesar de rendimentos baixos e abaixo da inflação em muitos períodos.

Segundo a mentora financeira Rafaella Fernandes, isso acontece porque o problema não é apenas econômico, mas também cultural. “As pessoas investem na poupança porque é o que conhecem. Houve campanhas de popularização por décadas, e isso ficou na memória coletiva. O medo do desconhecido faz com que muita gente continue investindo no que é familiar, mesmo que renda pouco”, explica.

É possível investir melhor e fugir das armadilhas do endividamento - (Reprodução/CDL) Reprodução/CDL
É possível investir melhor e fugir das armadilhas do endividamento

Para Rafaella, o caminho para mudar esses hábitos passa pela educação financeira e pelo autoconhecimento socioeconômico. “Você só tem coragem de diversificar quando entende o que está fazendo. Quando não conhece, o medo trava”, diz. Ela lembra que, atualmente, existem opções tão seguras quanto a poupança e com rendimentos muito mais altos. “Com a taxa Selic em 15%, a poupança rende apenas 0,5% ao mês, cerca de 6% ao ano. Já o Tesouro Selic, que é um investimento público e de baixo risco, acompanha essa taxa e pode render perto dos 15% ao ano. A diferença é enorme”, compara.

De acordo com a mentora financeira, o primeiro passo para investir bem seu capital é entender o próprio perfil financeiro. “Existem três perfis básicos, o conservador, o moderado e o arrojado. Cada um tem uma disposição diferente para correr riscos. O ideal é alinhar esse perfil ao momento econômico e aos seus objetivos de vida”, orienta Fernandes.

A mentora reforça que saber bem quais são as suas condições financeiras é tão importante quanto escolher o investimento certo. “Não adianta aplicar o dinheiro sem entender suas próprias limitações. Se você não sabe quanto ganha, quanto gasta e quanto sobra, vai continuar no escuro. E é nesse escuro que muita gente se endivida”, afirma.

Endividamento e o ciclo do consumo

Segundo a especialista, o endividamento crescente no país tem relação direta com o comportamento de consumo da nossa sociedade. “Muita gente vive acima do que pode. Quando a renda aumenta, já quer trocar de carro, reformar a casa, viajar, mas não planeja e entra num ciclo de dívidas, porque eleva o padrão de vida junto com as despesas”, explica.

Rafaella Fernandes, mentora financeira. - (O Dia TV) O Dia TV
Rafaella Fernandes, mentora financeira.

Rafaella alerta que esse comportamento também afeta empreendedores. “Um erro comum é misturar as finanças pessoais com as da empresa. O dinheiro do negócio deve ser separado, com planejamento e controle. Caso contrário, o empreendedor nunca saberá se o negócio é realmente lucrativo”, reforça.

Outro fator que contribui para decisões financeiras equivocadas é a ilusão criada pelas redes sociais. “Muita gente se inspira em influenciadores que mostram uma vida de sucesso, mas não veem o esforço e o tempo que existe por trás disso. Empreender e investir exigem disciplina, estudo e paciência. Nada acontece da noite para o dia”, pontua ela.

Rafaella Fernandes ressalta que a educação financeira ainda é pouco ensinada nas escolas e nas famílias, o que dificulta ainda mais a formação de uma relação saudável com o dinheiro. “Nossa geração cresceu sem aprender sobre finanças. Nem nossos pais sabiam, e a escola tampouco ensinava. Isso explica por que tantos adultos ainda não sabem como organizar o orçamento”, diz.

Como sair do vermelho e começar a investir

Para aqueles que estão endividados, a mentora recomenda começar com um diagnóstico real da situação. “É preciso encarar a verdade. Fazer uma planilha, identificar todas as despesas e entender o que pode ser cortado. Muita gente evita olhar as contas porque dói, mas é o primeiro passo para mudar”, afirma.

Ela sugere, também, que o processo de recuperação financeira combine três ações: controle de gastos, aumento de renda e início dos investimentos. “Não adianta só cortar, é preciso buscar formas de ganhar mais, seja com um trabalho extra, seja empreendendo e começar a investir, mesmo que pouco. O hábito é o que transforma”, destaca.

Sobre empréstimos e financiamentos, Rafaella recomenda cautela. “Com os juros altos, o crédito fica mais caro. Em alguns casos, vale a pena trocar dívidas de cartão por empréstimos com juros menores, mas isso precisa ser feito com orientação. O importante é não usar o crédito para comprar o que não é essencial”.

Com a chegada do fim do ano, a especialista aconselha usar rendas extras, como o 13º salário, para quitar dívidas e não para aumentar gastos. “Use o dinheiro de forma inteligente, pague o que deve e comece 2026 mais leve. Depois disso, invista em conhecimento, porque educação financeira é o que vai te permitir mudar de patamar”, orienta.

Para ela, o segredo do sucesso financeiro está na simplicidade e na constância, aplicadas aos hábitos financeiros. “Os grandes investidores não estão preocupados em ostentar, mas em construir ativos, coisas que geram renda. Carro e casa são passivos, porque exigem manutenção. Quando você muda o foco para o que realmente faz o dinheiro crescer, a transformação acontece”.

Rafaella Fernandes reforça que qualquer pessoa pode aprender a investir bem. “Tudo começa com organização. Quando você entende suas finanças, perde o medo e faz o dinheiro trabalhar por você”, conclui.


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Com supervisão de Nathalia Amaral.