A Justiça do Piauí decidiu manter a prisão preventiva de Francisco de Assis Pereira da Costa e Maria dos Aflitos Silva, acusados de envenenar pessoas da própria família em Parnaíba. A decisão foi tomada durante audiência de instrução realizada nesta sexta-feira (5).

O inquérito da Polícia Civil, apresentado em março, ndiciou os acusados, a avó e o padrasto das vítimas, por 23 crimes. Se somados, os crimes imputados a Maria dos Aflitos da Silva e a Francisco de Assis Pereira da Costa podem resultar em mais de 300 anos de prisão.

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Francisco de Assis e Maria dos Aflitos seguirão presos.

No depoimento de hoje, Maria dos Aflitos atribuiu a responsabilidade das mortes a Francisco de Assis. “Na morte dos meus filhos, não tenho envolvimento, não tenho. Eu sou totalmente inocente, eu tô pagando uma coisa que eu não devo”, declarou.

Ela relatou que os netos Ulisses Gabriel, de oito anos, e João Miguel, de sete, ingeriram um suco oferecido por Francisco de Assis sem o seu consentimento. Pouco tempo depois, as crianças passaram mal. A partir desse episódio, Maria disse ter começado a desconfiar que não era Lucélia Maria - a vizinha que ficou presa por cinco meses - a responsável pelo envenenamento nos casos envolvendo cajus que resultou nas duas primeiras mortes.

“Eu acreditava que tinha sido ela [Lucélia Maria], mas quando aconteceram as outras mortes, aí eu desconfiei do Assis, aí eu disse 'tá errado'. E foi o Assis que matou meus filhos. Eu não tenho culpa na morte dos meus filhos, não. Eu não tenho envolvimento, não, eu sou totalmente inocente, eu tô pagando uma coisa que eu não devo”, afirmou em depoimento.

O advogado de Maria dos Aflitos, Márcio Mourão, informou ao Portal O Dia que sua cliente está sendo acusada por parte omissiva, e não por participação direta no envenenamento de familiares. No caso de Maria Jocilene, porém, a defesa admite que Maria dos Aflitos teria envenenado a vítima por vingança, após desconfiar que ela e Francisco de Assis participaram dos primeiros envenenamentos.

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“Ela agiu ali com um sentimento de vingança, porque ela acreditava que essas pessoas teriam matado a família dela. Então, por isso, ela age dessa forma. Então, ela atribui a Maria Jocilene e o Francisco a participação nos dois primeiros eventos. E ela, movida por um sentimento de ódio, de raiva, de violenta emoção, ela acaba fazendo isso”, disse o advogado.

Segundo Mourão, no segundo episódio de envenenamento, Maria Jocilene chegou a passar mal, mas se recuperou após atendimento hospitalar. Esse fato levantou suspeitas de Maria dos Aflitos, embora ela não tenha feito confissão durante a audiência, preferindo permanecer em silêncio quando questionada.

“A morte da Maria Jocilene é um fato que possivelmente ela vá confessar porque ela confessou isso em sede de delegacia. Agora o motivo, a circunstância que levaram ela a fazer isso que justamente o que pode diminuir a sua pena”, explicou o advogado.

As vítimas

1. João Miguel da Silva – neto de Maria dos Aflitos
2. Ulisses Gabriel da Silva – neto de Maria dos Aflitos
3. Lauane Fontenele – neta de Maria dos Aflitos
4. Maria Gabriela da Silva – neta de Maria dos Aflitos
5. Igno Davi da Silva – neto de Maria dos Aflitos
6. Francisca Maria da Silva – filha de Maria dos Aflitos e enteada de Francisco de Assis
7. Manoel Leandro – filho de Maria dos Aflitos
8. Maria Jocilene – vizinha da família

Marcos Ramos/O DIA TV

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O caso

Lucélia Maria foi presa em agosto de 2024, acusada de envenenar duas crianças, que morreram após ingerir terbufós, conhecido como chumbinho. A suspeita inicial era de que os cajus oferecidos por Lucélia às crianças estavam contaminados. Na casa dela, a polícia encontrou veneno de rato, o que reforçou a acusação e levou à sua prisão preventiva.

Porém, um laudo pericial posterior descartou a contaminação nos frutos, confirmando a inocência da acusada. As investigações avançaram e passaram a apontar Francisco de Assis como autor dos envenenamentos, com participação de sua companheira, Maria dos Aflitos, mãe e avó das vítimas.

Segundo a Polícia Civil, os crimes foram premeditados pelo casal. Além das crianças e dos filhos de Maria dos Aflitos, Maria Jocilene também morreu após tomar um café envenenado na residência da família. A investigação revelou ainda que ela mantinha um relacionamento extraconjugal com Maria dos Aflitos.