O rapper Hungria está internado em Brasília desde a manhã de quinta-feira (2) após suspeita de intoxicação por metanol. O artista apresentou sintomas como dor de cabeça, náuseas, vômitos e visão turva, o que levou familiares a procurarem atendimento médico no Hospital DF Star.

Reprodução/ Instagram

Hungria passa por hemodiálise e tratamento com etanol após suspeita de metanol

Segundo informações da equipe médica e da assessoria do cantor, Hungria recebeu tratamento com etanol como medida preventiva. Ele também foi submetido a sessões de hemodiálise. Apesar do quadro estável, ainda não há previsão de alta.

A assessoria do cantor divulgou nota informando que Hungria segue em observação e que todas as medidas recomendadas pelos especialistas estão sendo adotadas. “O cantor Hungria permanece em acompanhamento médico no Hospital DF Star, em Brasília. Por precaução, ele será submetido a sessões de hemodiálise e já está recebendo tratamento adequado com etanol, conforme indicação médica”, diz o comunicado.

As suspeitas começaram após Hungria ter ingerido vodca na casa de um amigo, em Vicente Pires, região próxima ao centro de Brasília. As bebidas teriam sido compradas em uma distribuidora local. Ainda na quinta-feira, o estabelecimento foi interditado e a Polícia Civil apreendeu garrafas para análise.

De acordo com familiares e o médico responsável, os resultados laboratoriais que podem confirmar uma possível intoxicação por metanol devem sair em cinco a sete dias. O Ministério da Saúde acompanha o caso, que pode se tornar o primeiro registro de intoxicação por metanol no Distrito Federal.

Como é feito o tratamento com etanol?

O tratamento com etanol (álcool etílico, o mesmo álcool das bebidas alcoólicas) para a intoxicação por metanol (álcool metílico) é uma abordagem médica fundamental e funciona devido a um mecanismo de competição enzimática no organismo.

É importante ressaltar que o tratamento deve ser feito obrigatoriamente em ambiente hospitalar, sob supervisão médica, utilizando etanol farmacêutico (de pureza controlada), administrado por via intravenosa (na veia) ou, em alguns casos, oral/enteral, em doses controladas e monitorizadas. Em hipótese alguma a pessoa deve tentar se "automedicar" bebendo mais álcool comum.

Como o etanol atua como antídoto:

• A Toxicidade do Metanol: O metanol, por si só, não é o mais tóxico. O grande problema é a substância em que ele é transformado dentro do corpo. Ao ser absorvido, o metanol é metabolizado no fígado por uma enzima chamada álcool desidrogenase (ADH), transformando-se em formaldeído e, em seguida, em ácido fórmico. É o ácido fórmico a substância altamente tóxica que ataca células, causa acidose grave (acidez no sangue) e é responsável pelos danos irreversíveis, como a cegueira (ao lesionar o nervo óptico) e a falência de órgãos.
• O Mecanismo de Competição: O etanol (o antídoto) e o metanol competem pela mesma enzima, a álcool desidrogenase (ADH). A enzima tem uma afinidade muito maior pelo etanol.
• Ação do Etanol: Ao administrar o etanol em doses controladas, ele ocupa os sítios de ligação da enzima ADH no fígado. Isso significa que a enzima, ocupada com o etanol, tem sua capacidade de metabolizar o metanol drasticamente reduzida.
• O Resultado: Com o metanol sem ser transformado em ácido fórmico, ele permanece em sua forma original e menos tóxica. O organismo consegue, então, eliminar o metanol inalterado (sem transformá-lo em ácido fórmico) pelos rins.