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Empresa canadense assina carta de intenções para explorar terras raras no Piauí

O passo pode colocar o Piauí no mapa global de produção de insumos fundamentais para tecnologias limpas, energia renovável e equipamentos eletrônicos de ponta.

11/11/2025 às 10h01

O Piauí pode se tornar, nos próximos anos, um dos novos polos estratégicos da mineração mundial. A empresa canadense Origen Resources Inc. anunciou a assinatura de uma carta de intenções (Letter of Intent – LOI) para adquirir um projeto de terras raras localizado no interior do estado. O passo pode colocar o Piauí no mapa global de produção de insumos fundamentais para tecnologias limpas, energia renovável e equipamentos eletrônicos de ponta.

O pacote mineral em negociação abrange 3.978 hectares, divididos em dois blocos de concessão, com direito de preferência sobre outras cinco áreas também situadas em território piauiense. As amostras analisadas até o momento apontaram teores de até 1,61% de óxidos totais de terras raras (TREO) — índice considerado elevado para coletas de superfície e suficiente para confirmar o potencial mineral da região.

Empresa canadense assina carta de intenções para explorar terras raras no Piauí - (Camila Cunha/Agência Gov) Camila Cunha/Agência Gov
Empresa canadense assina carta de intenções para explorar terras raras no Piauí

De acordo com a Origen, dois modelos de depósito estão sendo avaliados: um formado por leitos de fosfato enriquecidos com elementos de terras raras e urânio, e outro do tipo Depósito de Argila de Adsorção Iônica (IACD) — estrutura geológica responsável por mais de 80% da produção mundial de terras raras pesadas (HREE), predominante na China.

Esse segundo modelo tem despertado particular interesse da empresa, por permitir extração menos agressiva ao meio ambiente, o que poderia transformar o projeto piauiense em referência de mineração sustentável.

“Vemos esta oportunidade como um ajuste particularmente bom com a experiência de nossa equipe de exploração e um alvo sob demanda que pode ser avaliado rapidamente”, declarou Gary Schellenberg, CEO da Origen Resources.

Empresa canadense assina carta de intenções para explorar terras raras no Piauí - (José da Cruz/Agência Brasil) José da Cruz/Agência Brasil
Empresa canadense assina carta de intenções para explorar terras raras no Piauí

A companhia terá 150 dias de exclusividade para realizar análises técnicas e jurídicas do projeto (fase de due diligence). Se confirmada a viabilidade, a empresa deverá investir US$ 1 milhão em exploração nos dois anos seguintes, além de pagar US$ 50 mil ao fornecedor e emitir 2 milhões de ações.

Piauí no mapa mineral do século XXI

O anúncio reforça o potencial mineral do Piauí, que vem sendo mapeado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Em reunião recente, a diretora-presidente do órgão, Sabrina Góis, discutiu com o governador Rafael Fonteles novas parcerias para ampliar o mapeamento geológico do estado, considerado uma das fronteiras minerais mais promissoras do país. Atualmente, apenas 27% do território brasileiro conta com mapeamento geocientífico detalhado, o que abre espaço para novas descobertas e atração de capital estrangeiro.

A Bacia do Parnaíba, onde o projeto está localizado, é conhecida pela presença de concreções fosfáticas da era Devoniana, que costumam apresentar altas concentrações de elementos de terras raras e urânio. Esse contexto geológico reforça as expectativas em torno do potencial do subsolo piauiense.

O que são terras raras e por que são estratégicas

As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de ímãs permanentes, baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, smartphones e satélites. Entre os mais conhecidos estão neodímio, lantânio e térbio — matérias-primas centrais para a chamada economia verde.

Atualmente, cerca de 70% da produção mundial está concentrada na China, o que torna o mercado altamente dependente e suscetível a flutuações geopolíticas. A entrada de novos produtores, como o Brasil, pode reduzir essa dependência global e estimular acordos comerciais estratégicos, fortalecendo a posição do país na cadeia internacional da transição energética.


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