O Piauí tinha, em 2022, cerca de 39 mil pessoas formadas em nível superior em áreas ligadas à cultura, mas apenas uma parcela reduzida desse total estava efetivamente trabalhando no setor cultural, segundo dados divulgados na última sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o Sistema de Informações e Indicadores Culturais, somente 8,8% desses profissionais atuavam na própria área de formação, um dos menores percentuais do país e bem abaixo da média nacional.
O levantamento, que tem como objetivo retratar a realidade do setor cultural brasileiro e subsidiar políticas públicas, decisões de investimento e estudos acadêmicos, aponta que o estado contava com 39.153 pessoas, com 25 anos ou mais, graduadas em nível superior em cursos relacionados à cultura.
Porém, apenas 3.451 estavam ocupadas em atividades do setor cultural naquele ano, indicador que coloca o Piauí na quinta pior posição entre as unidades da federação, superando apenas Roraima, Amapá, Maranhão e outro estado com percentuais próximos.
Em relação ao cenário nacional, a proporção de pessoas com formação superior em cultura que trabalham na própria área é mais elevada. No Brasil, 18,6% dos graduados em áreas culturais estavam inseridos no setor, mais que o dobro do percentual registrado no Piauí. Estados das regiões Sul e Sudeste apresentaram os melhores resultados, com destaque para Santa Catarina, onde 23,9% dos graduados atuavam no setor cultural, seguido por São Paulo, com 23,5%, e Rio de Janeiro, com 20,8%. No outro extremo, Roraima, Amapá e Maranhão registraram os menores índices do país.
Os dados do IBGE também mostram que, embora poucos graduados em cultura estejam trabalhando no setor no Piauí, o número total de pessoas com nível superior ocupadas em atividades culturais é maior do que esse grupo específico. Em 2022, 9.847 pessoas com graduação superior, com 25 anos ou mais, estavam efetivamente ocupadas no setor cultural no estado. A maioria, no entanto, não possuía formação acadêmica diretamente relacionada à área cultural.
Segundo o levantamento, cerca de 65% das pessoas com nível superior que trabalhavam no setor cultural piauiense eram formadas em áreas distintas da cultura, o que representa o oitavo maior percentual do país. A média nacional para esse indicador foi de 61,3%, o que indica que o fenômeno de profissionais atuando fora de sua área de formação é comum, mas se apresenta de forma mais acentuada no Piauí.
Estados como Roraima, Tocantins e Maranhão registraram os maiores percentuais de trabalhadores da cultura com formação superior em outras áreas, enquanto Sergipe, Rio de Janeiro e Paraíba apresentaram os menores índices.
A desigualdade entre formação acadêmica e inserção no mercado cultural revela um cenário de desafios para o aproveitamento da mão de obra qualificada no estado. A baixa inserção de profissionais formados em áreas culturais se relaciona a fatores como a oferta limitada de vagas, a concentração de oportunidades em outros setores da economia e as características do próprio mercado cultural local.
OS resultados divulgados pela pesquisa do IBGE reforçam a importância de diagnósticos detalhados sobre o setor como ferramenta para o planejamento de ações públicas e privadas. No caso do Piauí, os números coloam em evidência a existência de uma quantidade significativa de pessoas qualificadas, com inserção no mercado cultural ainda restrita, enfatizando a necessidade de políticas que estimulem a geração de oportunidades e a valorização da formação especializada na área cultural.
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