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Mais de 1.200 artistas de cinema boicotam instituições israelenses por apoio a genocídio

Atores, diretores e roteiristas de Hollywood assinam carta-compromisso histórica que reforça pressão cultural contra a guerra em Gaza.

08/09/2025 às 11h31

Na mais recente mobilização de peso no mundo da cultura e do entretenimento, centenas de atores, diretores, roteiristas e outros profissionais da mídia cinemática assinaram uma carta, firmando compromisso para não colaborar com instituições cinematográficas israelenses que são consideradas “cúmplices de genocídio e apartheid contra o povo palestino”. O manifesto foi publicado pela organização “Trabalhadores do Cinema pela Palestina” (Film Workers for Palestine).

Entre os nomes de maior destaque a participarem da luta estão os atores Mark Ruffalo, Olivia Colman, Ayo Edebiri, Josh O’Connor, Javier Bardem, Cynthia Nixon e Tilda Swinton, além de cineastas como o brasileiro Fernando Meirelles, Yorgos Lanthimos e Joshua Oppenheimer. Ao final do último domingo (7), o número de assinaturas já ultrapassava 1.200.

Mais de 1.200 artistas de cinema boicotam instituições israelenses por apoio a genocídio. - (Reprodução/X) Reprodução/X
Mais de 1.200 artistas de cinema boicotam instituições israelenses por apoio a genocídio.

O movimento foi inspirado no bem-sucedido boicote cultural ao regime do apartheid na África do Sul, iniciado nos anos 1980. O apelo usa como principal argumento que “como cineastas, atores, trabalhadores e instituições da indústria do cinema, reconhecemos o poder do cinema em moldar percepções”. Para a organização responsável pela carta, em um momento considerado de “crise urgente”, é preciso destacar a “responsabilidade ética de combater a cumplicidade nesse horror incessante”.

Em 2024, outra carta-compromisso com o mesmo viés também foi publicada, mas com participantes que faziam parte da indústria literária mundial. Cerca de 7000 autores e membros de empresas de publicação fizeram parte do manifesto.

O que estabelece a carta-compromisso

Segundo o texto publicado, aqueles que assinaram a carta se comprometem a não exibir filmes, participar de eventos ou trabalhar de qualquer maneira com instituições (como festivais, exibidoras, emissoras ou produtoras) que sejam consideradas cúmplices do genocídio, seja por branquear ou justificar a realidade ou por parcerias com o governo de Israel. O documento também deixa claro que o boicote é institucional, não pessoal. Ou seja, será possível colaborar com artistas originários de Israel individualmente, especialmente considerando os 2 milhões de palestinos com cidadania israelense.

O texto ainda menciona que poucas entidades cinematográficas de Israel são consideradas não-cúmplices do genocídio promovido pelo governo do país contra os palestinos. A organização recomenda que aqueles que assinaram e pretendem assinar a carta sigam as diretrizes da sociedade civil palestina para diferenciar os casos.

Mais de 1.200 artistas de cinema boicotam instituições israelenses por apoio a genocídio. - (Divulgação/Film Workers for Palestine) Divulgação/Film Workers for Palestine
Mais de 1.200 artistas de cinema boicotam instituições israelenses por apoio a genocídio.

A carta-compromisso iniciada pela organização Film Workers for Palestine, embora não faça menção ao Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), se assimila ao movimento, iniciado em 2005 e historicamente líder de iniciativas contra Israel. O BDS representa um dos maiores e mais significativos boicotes culturais anunciados desde o início da ofensiva em Gaza. Alinhado a ações anteriores, como cartas abertas, manifestações sociais e protestos em festivais, o movimento reafirma a crescente mobilização da indústria do entretenimento internacional.

A nova carta-compromisso, ao reunir mais de 1.200 figuras influentes da indústria do cinema, representa um marco na intensificação das ações culturais contra a Guerra em Gaza. De acordo com o direcionamento institucional e no apelo por responsabilidade ética, o movimento fortalece a voz dos trabalhadores culturais em apoio à causa palestina, ao mesmo tempo em que coloca em evidência o fato de que o cinema é e pode ser uma poderosa ferramenta de resistência política e transformação social.

Rebeca Negreiros, especial para o Portal O Dia, com edição de Isabela Lopes.


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