O governo dos Estados Unidos anunciou a revogação do visto do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, após sua participação em uma manifestação pró-Palestina em Nova Iorque, durante a 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi confirmada pelo Departamento de Estado em publicação nas redes sociais, repercutindo imediatamente no cenário internacional.
De acordo com a justificativa norte-americana, Petro teria feito declarações consideradas incendiárias ao incentivar militares dos EUA a “desobedecer ordens” e defender ações de resistência contra Israel. “O presidente da Colômbia esteve nas ruas de Nova Iorque e incitou soldados norte-americanos à desobediência e à violência. Nós vamos revogar o visto de Petro devido à sua imprudência e ações incendiárias”, destacou a nota oficial.
Durante o ato, Petro chegou a sugerir a criação de uma força armada internacional com o objetivo de “libertar os palestinos da guerra contra Israel”. A fala ampliou o atrito diplomático com Washington, que já vinha manifestando incômodo com a postura do líder colombiano em temas ligados à política externa.
A medida anunciada pelos EUA está diretamente ligada ao discurso que o líder colombiano fez na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira (23).
Em um pronunciamento de 41 minutos, Petro desferiu uma série de críticas contra os EUA e, em especial, ao presidente norte-americano, Donald Trump. Logo nos primeiros minutos de fala, a delegação norte-americana abandonou o plenário em sinal de protesto.
Entre os pontos mais polêmicos, o colombiano acusou Washington de hipocrisia no combate às drogas, citou a “descertificação” de seu governo pelo Departamento de Estado e disse que a migração é usada como “desculpa para que uma sociedade rica, branca e racista se sinta raça superior, enquanto conduz a humanidade ao abismo da extinção”.
O colombiano também voltou a denunciar o que classificou como genocídio em Gaza, responsabilizando Israel e acusando os EUA de cumplicidade. “Este recinto é testemunha muda e cúmplice de um genocídio”, afirmou. A fala, marcada por forte tom de enfrentamento, foi aplaudida ao final, mas ampliou a tensão com Washington.
Reação de Petro
O presidente retornou à capital Bogotá neste sábado (27) e se pronunciou sobre a decisão dos Estados Unidos. Em declarações à imprensa e nas redes sociais, Petro acusou Washington de violar normas de direito internacional e de imunidade da ONU, ressaltando que sua participação em atos oficiais deveria estar protegida por protocolos internacionais.
“Cheguei a Bogotá. Não tenho mais visto para viajar para os EUA. Não me importo. Não preciso de visto, apenas de um ESTA [autorização eletrônica de viagem], porque não sou apenas um cidadão colombiano, mas também um cidadão europeu”, afirmou o presidente colombiano.
Segundo Petro, a revogação do visto seria uma retaliação às suas denúncias contra o que ele chamou de “genocídio na Palestina”. “A humanidade deve ser livre em todo o mundo. Temos o direito humano de viver no planeta. Sou livre e todo ser humano deve ser livre na Terra”, completou o presidente.
O episódio acrescenta mais uma camada de tensão à relação entre Bogotá e Washington, parceiros históricos em temas como combate ao narcotráfico e cooperação em segurança. Analistas avaliam que a decisão norte-americana é simbólica, mas pode ter impactos políticos relevantes dentro da Colômbia, fortalecendo a imagem de Petro entre apoiadores que o veem como voz crítica à hegemonia dos EUA e defensor das causas sociais globais.
Com isso, a crise diplomática promete ganhar novos capítulos nos próximos dias, em meio à pressão internacional pelo fim do conflito no Oriente Médio.
Com informações da Agência Brasil.
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