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Advogados de réus acusados de tentativa de golpe avaliam que voto de Fux 'lava a alma'

A declaração de Vilardi sintetiza o sentimento dos advogados dos demais réus acusados de terem tramado e efetivado uma tentativa de golpe de Estado em 2022

10/09/2025 às 15h52

A parte inicial do voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux nesta quarta-feira, 10, no julgamento da ação penal da trama golpista ‘lavou a alma’ dos réus e de seus advogados. A frase contundente foi dita pelo criminalista Celso Vilardi, que coordena a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao conversar com jornalistas no intervalo da sessão na Primeira Turma da Corte.

Advogados de réus acusados de tentativa de golpe avaliam que voto de Fux 'lava a alma' - (© FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL) © FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL
Advogados de réus acusados de tentativa de golpe avaliam que voto de Fux 'lava a alma'

A declaração de Vilardi sintetiza o sentimento dos advogados dos demais réus acusados de terem tramado e efetivado uma tentativa de golpe de Estado em 2022. O ex-senador e advogado Demóstenes Torres, que representa o almirante Almir Garnier, reforçou a afirmação da defesa de Bolsonaro atestando que o voto de Fux lavou a alma "de todos nós" (advogados).

Torres foi além e, em tom jocoso similar ao adotado na sua sustentação oral, afirmou em conversa com o Estadão que estava a ponto de ‘repetir o Moro’ que, em conversas vazadas com o ex-procurador Deltan Dallagnol durante a operação Lava Jato, afirmou: "in Fux we trust", ou "em Fux nós confiamos" em tradução livre.

Moro deu a declaração após ser informado por Dallagnol que o ministro havia dito em encontro no STF que a Lava Jato poderia contar com ele "para o que precisar". A confiança no conduta de Fux voltou a ser exortada no curso do ação penal do golpe, desta vez por parlamentares bolsonaristas e pelos advogados dos réus.

O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), afirmou ao chegar no STF na manhã desta quarta-feira que "logicamente que o voto de Fux é uma esperança" no meio do que considera ser um julgamento político. "Acho que ele Fux) possa trazer alguma novidade", disse.

‘Muito além das expectativas’

Os advogados do delator e tenente-coronel Mauro Cid definiram o voto de Fux como "muito além das expectativas". Eles esperavam que o ministro mantivesse uma linha similar àquela adotada no recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e no julgamento dos bolsonaristas presos pelos atos golpistas de 8 de Janeiro: condenar os réus, mas com penas mais baixas.

Para Jair Alves Pereira, a parte inicial do voto foi "ótima". O advogado de Cid avalia que, se Fux votou pela incompetência do STF em julgar a trama golpista, isso significa que todas as decisões tomadas no curso da ação deveriam ser anuladas - da delação às prisões.

"Ele (Fux) está confirmando a nossa tese. Está muito além do que a gente esperava que ele fosse votar", afirmou Pereira.

Cezar Bitencourt, que coordena a defesa de Cid, disse ter "gostado muito" do voto do ministro, mas que não espera que os demais ministros sigam a sua avaliação sobre a competência do STF. "Estou ansioso para ver o voto do ministro Zanin", afirmou

Com a posição de Fux parcialmente favorável aos réus, as atenções de parte dos advogados se voltam a Cristiano Zanin, de onde avaliam que pode vir mais modulações ao voto apresentado pelo ministro-relator Alexandre de Moraes.

Defensor do deputado federal Alexandre Ramagem, o advogado Paulo Cintra elogiou o voto do ministro Fux por sua consistência técnica e por propor benefícios aos seu cliente, mas, em seu cálculo, o voto de Zanin pode ser o verdadeiro "divisor de águas" na Primeira Turma.

O advogado também é partidário da avaliação de que o voto de Fux foi extremamente positivo, mas pondera que a postura divergente do ministro já era esperada.

A avaliação do advogado é que Zanin é um criminalista de carreira, com vasta experiência, e não deve encampar integralmente a tese de Moraes sem fazer ponderações na análise do mérito. As divergências parciais de Zanin e Fux podem ser suficientes para que os advogados apresentem embargos infringentes, o que levaria o caso ao plenário do STF.


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Por Estadão Conteúdo