Mães de crianças com autismo divulgaram, nesta segunda-feira (02), um vídeo que expõe as condições precárias de um ônibus da linha 502, que percorre o bairro Socopo, na zona Leste de Teresina. As imagens mostram crianças chorando desesperadas devido ao barulho intenso dentro do coletivo, uma situação que causou indignação nos familiares.
Rosilene Oliveira, uma das mães que aparecem no vídeo, descreveu o som como "um barulho de sucata arrastando no chão", algo que incomodou não só as crianças, mas todos os passageiros. “Depois que postamos o vídeo, algumas pessoas disseram que as crianças estavam sem fone, mas na verdade qualquer pessoa se incomodaria com aquele barulho. Para as crianças atípicas, é ainda mais incômodo”, afirmou.
Crianças com autismo são particularmente sensíveis a estímulos sensoriais como sons altos, que podem desencadear crises de ansiedade e desconforto extremo. O sistema sensorial dessas crianças pode ser facilmente sobrecarregado, o que explica a reação intensa às condições dentro do ônibus. O som alto e constante foi o principal fator que causou choro e crises nas crianças, conforme relatado pelas mães.
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Rosilene também relatou que seu filho, de 9 anos, acostumado a utilizar o transporte público, nunca havia reagido dessa forma. “Meu menino sempre anda de ônibus e nunca ficou assim. Ele chorou muito, e outras crianças entraram em crise por causa do barulho. Elas diziam que estava doendo muito”, contou a mãe.
As mães e as crianças estavam retornando de um atendimento especializado para crianças com necessidades atípicas quando o incidente ocorreu.
Sindicato dos motoristas afirma que a situação precária já dura há bastante tempo
A situação relatada por Rosilene não é um caso isolado. Segundo António Cardoso, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Piauí (Sintetro-PI), a precariedade dos ônibus em Teresina é um problema antigo . O não funcionamento das rampas de acesso para cadeirantes, por exemplo, é uma questão recorrente.
“Há muito tempo denunciamos essas condições, que são resultado de anos de uso dos veículos, manutenção inadequada e péssimas condições das vias. As tampas de acesso para cadeirantes, por exemplo, quase nunca funcionam, algo que denunciamos há muito tempo”, disse.
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O presidente do sindicato acrescentou que algumas empresas querem responsabilizar os profissionais, exigindo que eles paguem pelos prejuízos. “Não vamos aceitar que os profissionais sejam culpados por essa situação”, completou. A fiscalização das condições dos ônibus é responsabilidade da STRANS, e estamos dispostos a colaborar com essa fiscalização. O subsídio é pago pela prefeitura todos os meses, então esse problema não afeta todas as empresas”, completou.
Para Cardoso, a solução passa por medidas como reaperto das carrocerias, substituição de peças danificadas e melhorias nas condições das ruas e avenidas da cidade.
O Portal O Dia tentou contato com a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. A reportagem também procurou o Setut que, por meio de nota,informou que o problema das más condições dos coletivos é causado principalmente pela precariedade das vias. Veja a nota a seguir:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que, devido às más condições das várias vias em que circulam os ônibus, principalmente nos bairros mais distantes, ocasiona um aumento excessivo de desgastes nos veículos, aumentando inclusive alguns ruídos, assim como a aceleração na sua degradação.
Ainda assim, as concessionárias têm feito o máximo esforço para manter a frota em perfeitas condições de operação, principalmente pela questão da segurança dos passageiros e dos seus colaboradores.
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