De janeiro até o dia 16 de dezembro de 2025, foram notificados 275 casos da doença em gestantes e 70 casos de sífilis congênita em Teresina. Os números representam uma queda de 20% e 34%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 345 casos de sífilis em gestantes e 107 casos de sífilis congênita.
Os dados foram divulgados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), que chama atenção para a importância da realização dos testes rápidos para detecção e tratamento da doença, e faz parte das ações alusivas ao Dezembro Vermelho, mês de conscientização para o tratamento precoce da síndrome da imunodeficiência adquirida e de outras infecções sexualmente transmissíveis.
A sífilis é uma infecção bacteriana transmitida por relações sexuais desprotegidas ou pelo uso de agulhas contaminadas. Quando contraída na gestação, pode afetar mãe e bebê, provocando complicações como parto prematuro, natimortalidade e manifestações congênitas. Em estágios avançados, pode causar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar ao óbito.
Segundo Alana Niege, coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), a prevenção deve ser prioridade. “É fundamental que a população compreenda os riscos e saiba como se proteger. Recomendamos o uso de preservativos, a realização de testes rápidos e o tratamento completo. Vale lembrar que, mesmo após a cura, a sífilis não confere imunidade permanente, ou seja, é possível se reinfectar caso haja contato com uma pessoa portadora da doença”, disse.
A coordenadora ressalta que a diminuição dos casos está diretamente relacionada às estratégias de fortalecimento da rede municipal de saúde. “A descentralização dos testes rápidos para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), somada às capacitações de profissionais e ao monitoramento contínuo dos casos, ampliou o acesso ao diagnóstico e melhorou a qualidade do cuidado”, destacou.
Testes rápidos e tratamento disponíveis nas UBS
Em Teresina, os testes rápidos estão disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), além do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado no centro da capital. O exame é simples, de fácil execução e o resultado sai em até 30 minutos. O tratamento também é oferecido nas UBS, com medicamentos como a penicilina benzatina.
Sífilis em gestantes
A sífilis em gestante e a sífilis congênita são agravos de notificação compulsória. Na gestação, a sífilis pode apresentar consequências severas, como abortamento, prematuridade, natimortalidade, manifestações congênitas precoces ou tardias e/ou morte do recém-nascido (RN).
Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para o feto é de até 80% intraútero. Essa forma de transmissão pode ocorrer, ainda, durante o parto vaginal, se a mãe apresentar alguma lesão sifilítica. A infecção fetal é influenciada pelo estágio da doença na mãe (sendo maior nos estágios primário e secundário) e pelo tempo durante o qual o feto foi exposto. Até 50% das gestações em mulheres com sífilis não tratada terão desfechos gestacionais adversos, entre deles morte in útero, parto pré-termo, baixo peso ao nascer ou morte neonatal.
Recomenda-se que a gestante seja testada pelo menos em três momentos:
- Primeiro trimestre de gestação;
- Terceiro trimestre de gestação;
- Momento do parto ou em casos de aborto.
A sífilis em gestantes é dividida em estágios que orientam o tratamento e o monitoramento da infecção, a saber:
- Sífilis recente (primária, secundária e latente recente): até um ano de evolução; e
- Sífilis tardia (latente tardia e terciária): mais de um ano de evolução.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com cada estágio da doença, que se divide em:
Sífilis primária
- Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”;
- Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha;
- Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento.
Sífilis secundária
- Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial;
- Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias;
- Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo;
- As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.
Tratamento
A benzilpenicilina benzatina é o fármaco de escolha para o tratamento de sífilis, sendo o único medicamento com eficácia documentada durante a gestação. Recomenda-se tratamento imediato com benzilpenicilina benzatina após somente um teste reagente para sífilis (teste treponêmico ou teste não treponêmico). O tratamento adequado para sífilis durante a gestação: tratamento completo para o estágio clínico de sífilis com benzilpenicilina benzatina, iniciado até 30 dias antes do parto. Qualquer outro tratamento realizado durante a gestação é considerado tratamento não adequado da mãe. O intervalo entre doses não deve ultrapassar nove dias. Caso isso ocorra, o esquema deve ser reiniciado (Brasil, 2022a, 2022b);
É importante garantir o tratamento adequado da gestante, além de registrá-lo na caderneta da gestante, e impedir que o recém-nascido passe por intervenções biomédicas desnecessárias que podem colocá-lo em risco, além de comprometer a relação mãe-bebê.
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