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Soltar pipa: a “pipoterapia” dos adultos que gerou um clube

Para os participantes do "Pipeiros de Teresina", o ato de soltar pipas cria um universo particular e terapêutico

20/06/2025 às 12h29

Soltar pipa, uma das brincadeiras mais tradicionais da infância brasileira, voltou a ganhar força nos últimos anos, mas, agora, o público é outro: os adultos. O que antes era um passatempo de crianças, que ficavam horas olhando para o céu, transformou-se em uma atividade que une gerações, gera renda e promove bem-estar. Em Teresina, por exemplo, o cenário da pipa mudou tanto que hoje conta com grupos organizados e eventos voltados para o resgate dessa cultura.

Soltar pipa: a “pipoterapia” dos adultos que gerou um clube - (Divulgação) Divulgação
Soltar pipa: a “pipoterapia” dos adultos que gerou um clube

Jocigleide Mota Medeiros, 41 anos, é motorista de aplicativo e sempre teve uma paixão por pipas. Quando criança, soltava pelas ruas do bairro com os amigos. Mas foi na pandemia que esse amor ressurgiu. “Na época da pandemia, encontrei um grupo de pipeiros, do qual hoje faço parte e sou presidente da associação que estou criando. O interesse pela pipa eu tenho desde criança, e durante a pandemia esse gosto voltou”, conta.

Para a motorista de aplicativo, a pipa tem hoje um papel ainda mais especial: é uma forma de conexão com seu filho Nicolas Gael, de 8 anos, que é autista. Todos os finais de semana, os dois buscam uma área aberta e passam horas soltando pipa juntos.

É uma grande satisfação ensinar e passar essa brincadeira tão gostosa para o meu filho. A gente chama de ‘pipoterapia’, pois esquecemos de tudo: dos problemas de casa, das contas, das dívidas e do estresse. Ali, a gente está no nosso mundo, que é o mundo da brincadeira das pipas

Jocigleide Mota Medeirosmotorista de aplicativo

João Ronaldo Araújo Silva é um dos coordenadores do grupo Pipeiros de Teresina, criado há 10 anos para organizar e fortalecer a cultura da pipa na capital piauiense. Ele conta que o grupo se reunia no bairro Monte Castelo, zona sul da capital, mas, como cresceu, precisaram buscar outra área e começaram a frequentar a região do Lagoas do Norte. O espaço é ideal para a soltura de pipas: aberto, sem fios, com árvores e sombra.

A prática, que começou como lazer para uns, tornou-se uma fonte de renda para outros. Segundo João Ronaldo, vários membros fabricam pipas e vivem disso. Em bairros mais residenciais, como na Piçarreira, onde a quantidade de crianças é maior, a procura pelo brinquedo é intensa.

Com esse crescimento dos pipeiros, veio também a necessidade de organização dessa prática. Assim, o grupo criou regras para garantir a segurança, como a proibição do uso de cerol — material cortante feito com cacos de vidro —, principalmente em áreas urbanas. Além disso, os pipeiros de Teresina usam camisas personalizadas para identificação e promovem torneios, alguns voltados exclusivamente para os adultos.

O grupo Pipeiros de Teresina foi criado há 10 anos e visa organizar e fortalecer a cultura da pipa na capital piauiense - (Divulgação/Pipeiros de Teresina) Divulgação/Pipeiros de Teresina
O grupo Pipeiros de Teresina foi criado há 10 anos e visa organizar e fortalecer a cultura da pipa na capital piauiense

“Essa é uma brincadeira cara, porque os materiais são diferenciados dos que usávamos na nossa infância, e precisamos comprar de fora, o que tem um custo elevado. Em uma pipa completa, dependendo da montagem, chegamos a gastar até R$ 3 mil. Não somos mais aquela brincadeira de rua, sem regras. Estamos organizados para tornar isso algo sério e regularizado”, conclui João Ronaldo, um dos coordenadores do grupo Pipeiros de Teresina.

Mas, apesar dos custos, a pipa continua sendo uma brincadeira democrática, reunindo membros de todas as idades e profissões, desde o mecânico ao advogado. E, para tornar a soltura de pipas ainda mais atrativa, um dos projetos que a associação está buscando implementar é voltado para a inclusão social. A proposta é acolher crianças da comunidade para que possam aprender e fabricar suas próprias pipas.


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