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Sem acordo, greve do transporte coletivo entra no segundo dia em Teresina

O sindicato dos motoristas afirma que, até o momento, não recebeu novas propostas para encerrar a greve.

12/05/2025 às 17h56

Os teresinenses estão há mais de 24 horas sem ônibus e ainda sem previsão para que o transporte coletivo municipal volte a funcionar normalmente. A greve dos motoristas e cobradores na capital entra em seu segundo dia nesta terça (13), com somente o mínimo da frota circulando e apenas 42 veículos alternativos cadastrados pelo poder público.

Sem acordo, greve do transporte coletivo entra no segundo dia em Teresina - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Sem acordo, greve do transporte coletivo entra no segundo dia em Teresina

Com a greve, o teresinense já começa a dar um jeito de chegar ao serviço sem depender do transporte coletivo. São carros e motos por aplicativo, caronas e até os chamados “ligeirinhos” passando nos pontos de ônibus para levar e trazer os passageiros.

Na zona Leste de Teresina, por exemplo, moradores de um condomínio nas proximidades da Universidade Federal (UFPI) disputam motocicletas por aplicativo no horário de pico, o que faz o preço das corridas subir e torna um pouco mais dispendioso ir para o trabalho. “Em geral eu pago R$ 6, no máximo R$ 8 para chegar ao trabalho de moto. Nestes dias de greve uma corrida sai a, no mínimo, R$ 10. É um prejuízo, mas que é o jeito. Ou a gente paga ou fica sem trabalhar”, diz uma das moradoras.

Em decisão proferida nesta segunda (12), a Justiça do Trabalho do Piauí determinou que a circulação de pelo menos 80% da frota de ônibus de Teresina durante a greve nos horários de pico e 40% nos horários entrepico. No entanto, na prática, isso é algo que já vem acontecendo normalmente, sem qualquer paralisação. É isso o que afirma Antônio Cardoso, presidente do Sintetro, a entidade representante dos motoristas e cobradores de ônibus.

“A desembargadora determinou que 80% rodasse. Mas 80% é o que o Setut já vinha botando normalmente. A Strans emite uma escala de 100%, mas ela não é obedecida, então roda só 80% mesmo”, diz Cardoso. Por outro lado, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (Setut)a firma que a greve deflagrada pelos trabalhadores descumpre a decisão judicial.

Presidente do Sintetro, Antônio Cardoso. - (O DIA) O DIA
Presidente do Sintetro, Antônio Cardoso.

De acordo com Naira Morais, advogada da entidade, o número de carros circulando está abaixo do que o TRT determinou. “Entre 5h e 8h, muitos trabalhadores não comparecem às garagens. No entrepico, às 10h, deveria ter pelo menos 108 veículos na rua, mas identificamos menos de 23 via GPS”, afirma Naira. A advogada complementa ainda que os reajustes reivindicados pelos trabalhadores são desproporcionais da realidade do setor, citando que a inflação acumulada do último ano ficou abaixo de 5%, enquanto a categoria pede algo que ultrapassaria 50% de impacto financeiro.

Sistema fragilizado

Em seu pronunciamento, o Setut falou sobre o sistema de transporte de Teresina estar fragilizado com a perda de mais de 70% do número de passageiros. Afirmação parecida já havia sido feita pelo prefeito Silvio Mendes. Um estudo da Prefeitura revelou que apenas 11% da população teresinense de fato pega ônibus e que a baixa demanda não tem suprido os custos das operações.

Os impasses entram na esfera financeira também. É que a Prefeitura disse não ter dinheiro para “colocar no sistema de transporte”. Silvio Mendes se referia ao subsídio repassado às empresas mensalmente para cobrir gastos como gratuidades e meia-passagem, que não são arrecadas na catraca. O prefeito lembrou do rombo de R$ 3 bilhões nas contas municipais, mas reconheceu que o transporte coletivo é um problema que precisa ser resolvido para não gerar prejuízos à população.

Prefeito Silvio Mendes disse que PMT não tem dinheiro para “colocar no sistema de transporte” - (Jailson Soares/O Dia) Jailson Soares/O Dia
Prefeito Silvio Mendes disse que PMT não tem dinheiro para “colocar no sistema de transporte”

Veículos alternativos atendem áreas de maior demanda

Uma das alternativas que a Prefeitura estudou para evitar mais transtornos à população durante a greve foi cadastrar veículos alternativos. Esses veículos estão sendo posicionados nas áreas de maior demanda, segundo explicou o diretor de Transportes Públicos da Strans, Adriano Barreto. São ônibus e vans e sinalizados com placas e cartazes, informando seus destinos.

Um dos pontos de atenção diz respeito à tarifa cobrada nestes transportes. A Strans alerta para que a população denuncie casos em que são cobradas tarifas acima do permitido.

O superintendente da Strans defendeu o diálogo: “A prefeitura tenta participar das conversas, mas parece haver um ponto de ruptura. A mediação precisa continuar para evitar mais prejuízos à população”, diz o superintendente do órgão, Carlos Daniel.

Uma reunião ocorrida na semana passada, quando os trabalhadores anunciaram o movimento grevista, tentou evitar a paralisação do transporte. No entanto, nenhum acordo foi firmado. A greve dos ônibus em Teresina continua ainda por tempo indeterminado.


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