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Parque Ambiental Octávio Miranda: espaço verde que resiste entre o Rio Poti e a cidade

Nomeado em 2002, o parque é batizado em homenagem ao empresário que marcou a história no Piauí, mas ainda aguarda reconhecimento oficial como unidade de conservação.

10/11/2025 às 09h48

Entre a Avenida Raul Lopes e o Rio Poti, no coração da zona Leste de Teresina, existe uma área verde que, oficialmente, foi nomeada há mais de vinte anos. Em 9 de agosto de 2002, o trecho que vai da Avenida Petrônio Portela até a Avenida Jóquei Club foi denominado pelo então prefeito Firmino Filho como Parque Ambiental Coronel Octávio Miranda, homenageando o militar, político, empresário, empreendedor e grande desenvolvedor da comunicação piauiense.

No papel, o decreto municipal nº 5.285 batizou o local, mas, na prática, a área nunca foi oficialmente reconhecida por órgãos públicos e, hoje, é considerada uma Área de Preservação Permanente (APP) do Rio Poti. Mesmo sem status formal de parque, o espaço continua a existir, silencioso, verde e respirando entre o asfalto da Raul Lopes, uma das vias mais movimentadas da cidade, e as águas do Poti.

Parque Ambiental Octávio Miranda: espaço verde que resiste entre o Rio Poti e a cidade - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Parque Ambiental Octávio Miranda: espaço verde que resiste entre o Rio Poti e a cidade

O nome que o espaço carrega, de acordo com o decreto, é mais do que simbólico. Coronel Octávio Miranda foi e continua sendo um dos personagens mais marcantes da história recente de Teresina, atuando como empreendedor, comunicador, político, militar e, acima de tudo, sendo um homem que ajudou a moldar a capital como a conhecemos hoje.

Parques de Teresina

De acordo com Anderson Costa, analista ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM), Teresina conta atualmente com sete parques oficiais, sendo eles o Parque da Cidade (no bairro Primavera), o Jardim Botânico (no Mocambinho), o Parque Matias Matos (também no Mocambinho), o Floresta Fóssil (na Avenida Raul Lopes), o Parque da Criança (também na zona Leste), o Encontro dos Rios e o Parque da Macaúba.

Dentre os espaços citados, apenas o Parque da Cidade e o Parque Floresta Fóssil são reconhecidos como unidades de conservação municipais. O primeiro é caracterizado como Parque Ambiental e o segundo foi recentemente rebatizado em homenagem à arqueóloga Dr. Niède Guidon.

“A importância dessas unidades de conservação e dessas áreas verdes se dá pela necessidade de termos esses fragmentos de vegetação natural, de mata nativa, de floresta natural dentro da área urbana. Especialmente Teresina, que é uma cidade que tem um clima atípico, com temperatura elevada e umidade baixa, que tem se intensificado com as alterações da crise climática que vivemos na atualidade. Então essas áreas fornecem diversos benefícios e funcionalidades ecossistêmicas, principalmente essa função de serem um pulmão verde dentro da cidade, além de proporcionar outras funcionalidades”, afirma Anderson.

Parque Ambiental Octávio Miranda: espaço verde que resiste entre o Rio Poti e a cidade - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Parque Ambiental Octávio Miranda: espaço verde que resiste entre o Rio Poti e a cidade

De acordo com o analista ambiental, há um movimento em andamento dentro da Secretaria Municipal de Meio Ambiente para fazer o mapeamento de novas áreas com potencial de oficialização. “No momento, a Secretaria realiza os estudos necessários para que seja também oficializado como unidade de conservação municipal outros parques e estuda também o levantamento de todas as áreas verdes com potencialidades para denominação e oficialização como parque ambiental”, destaca ele.

Cada vez mais, é necessário avançar na política de criação e proteção das unidades ambientais. O Parque Octávio Miranda, por exemplo, é situado em uma região estratégica, às margens do Rio Poti. Mesmo não sendo reconhecido como área de preservação, é um espaço que cumpre uma função ambiental extremamente importante.

“Teresina precisa manter as áreas que já são parques e áreas verdes do município, zelar cada vez mais por elas e constituir novas áreas. Essa constituição depende de estudos técnicos para que se verifique quais são as suas potencialidades, a importância dentro de um contexto de flora e fauna regional. Então a cidade precisa avançar na questão dos parques ambientais e unidades de conservação, mas atualmente existem ações em andamento e a instituição dessa política de proteção das unidades de conservação existentes”, conclui Anderson Costa.

Homenagem a um visionário

A homenagem que batizou o parque ambiental em 9 de agosto de 2002 faz alusão a um dos grandes nomes do Piauí e do Século XX, que sempre se mostrou à frente do seu tempo. Nascido em Campo Maior, em 1912, e falecido em 2002, aos 90 anos, Octávio teve trajetória multifacetada, que inclui o pioneirismo na comunicação piauiense.

Nos anos 1960, foi responsável pela transformação do Jornal O Dia, um dos principais meios de comunicação da região, no primeiro jornal de circulação diária do estado. Mais que um veículo de notícias, O Dia se tornou um símbolo do desenvolvimento da imprensa local. Sob seu comando, o Sistema foi também um dos primeiros a utilizar computadores na redação, ainda na década de 1970.

Mas o legado de Octávio Miranda passou a ir além do jornalismo e da comunicação. O coronel foi fundador do Jockey Club do Piauí, inaugurado em 1952, projeto que alterou boa parte da área urbana da capital. O Clube abriu porta para o crescimento da zona Leste de Teresina, até então pouco habitada. O que antes era uma área tomada por chácaras e fazendas passou a atrair famílias e investimentos, formando novos bairros.

Parque Ambiental Octávio Miranda: espaço verde que resiste entre o Rio Poti e a cidade - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Parque Ambiental Octávio Miranda: espaço verde que resiste entre o Rio Poti e a cidade

Se mostrando um homem de visão e energia, Miranda foi também deputado estadual, empresário no setor de construção civil e pecuarista. As marcas deixadas por ele estão espalhadas por toda a cidade. Dar seu nome a um parque ambiental, portanto, é uma forma de manter viva a memória de quem ajudou a construir a Teresina que conhecemos hoje.

O trecho entre a Raul Lopes e o Rio Poti, onde foi decretado o parque, é um dos espaços mais belos e bem posicionados da cidade. O crescimento urbano avança, prédios cada vez mais altos são erguidos e avenidas se alargam, mas, ainda assim, o verde resiste. A função dessas áreas de preservação vai além da estética, regulando o microclima da região e ajudando a tornar mais agradável a vivência na área urbana. Quando há preservação, há garantia do futuro da cidade.

O espaço do Parque Octávio Miranda funciona como barreira natural e refúgio de biodiversidade. É uma importante Área de Preservação Permanente, mesmo com as delimitações de um parque estruturado, que cumpre seu papel ambiental e paisagístico. O ideal é que, no futuro, ela seja incluída nos planos de manejo e possa ganhar o reconhecimento formal.

Enquanto o decreto de 2002 permanece não reconhecido, o nome do Coronel Octávio Miranda continua ecoando na cidade, seja nas páginas do jornal que transformou, seja nos bairros que nasceram a partir de seus empreendimentos. O Parque Ambiental Octávio Miranda, ainda que não exista em modelos oficiais, existe na memória e na paisagem, sendo símbolo de uma época em que o progresso e o ideal de cidade caminhavam lado a lado.

Atualmente, em meio às discussões sobre urbanização sustentável e qualidade de vida, recuperar e valorizar espaços como esse é mais do que um gesto de respeito ao passado. É, também, uma necessidade, já que Teresina, com suas altas temperaturas e rápido ritmo de expansão, precisa de verde, sombra e respiro natural.

O nome de Octávio Miranda, inscrito em um decreto de 2002 e em tantos outros capítulos da história da cidade e do estado, continua a apontar para um futuro em que o desenvolvimento e a preservação caminhem juntos.


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Com supervisão de Nathalia Amaral.