Localizado no coração do campus Ministro Petrônio Portella, da Universidade Federal do Piauí, em Teresina, o Museu de Arqueologia e Paleontologia (MAP) é um dos espaços científicos e culturais mais importantes do estado. Fundado oficialmente em 2013, mas fruto de décadas de pesquisas e idealizações de professores, arqueólogos e cientistas, o museu abriga milhares de peças que ajudam a contar a história não só do Piauí, mas também da vida no planeta.
O MAP conta com fósseis de centenas de milhões de anos, materiais arqueológicos de povos ancestrais e documentos históricos que mostram a formação territorial do estado. Ao longo das áreas de exibição, com cerca de 40 peças arqueológicas (entre cerâmicas, líticos e um esqueleto humano) o visitante que percorre o espaço tem a sensação de atravessar eras geológicas e culturais em poucos passos.
Segundo a UFPI, o museu reúne cerca de 30 mil itens em sua reserva técnica, o que o consolida como um dos maiores acervos arqueológicos e paleontológicos do Nordeste. O acesso ao Museu é simples e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 14h às 17h, recebendo visitas espontâneas de escolas, grupos e da comunidade em geral. Atualmente, os agendamentos formais estão suspensos devido à reforma em andamento, mas, de acordo com o arqueólogo e coordenador de arqueologia do MAP, Igor Linhares, o espaço continua aberto ao público.
“Nós estamos à disposição para receber os visitantes da melhor maneira possível. Contamos com estrutura de auditória, reserva técnica e espaço museográfico de ponta, além de estacionamento para ônibus e vans. Após a reforma, os agendamentos escolares voltarão a ser realizados, fortalecendo ainda mais esse diálogo entre museu e sociedade”, afirma o professor.
Acervo científico e cultural
O acervo do MAP impressiona pela sua diversidade. Entre os fósseis estão colônias de bactérias com mais de 300 milhões de anos, trilobitas (artrópodes marinhos já extintos) e peixes da bacia da Chapada Araripe, cujas descobertas ajudaram a comprovar movimentos das placas tectônicas e a história da separação da Pangeia. O museu também guarda ossos de preguiças gigantes, além de artefatos arqueológicos coletados em diferentes regiões do Piauí, como cerâmicas, instrumentos de pedra lascada e polida e materiais de grande relevância histórica.
Um dos maiores destaques do espaço é o sítio arqueológico Ininga, localizado dentro do próprio campus da Universidade Federal, no Centro de Ciências Agrárias, considerado um dos sítios tupis mais ao norte do estado, cujo material está sob guarda do museu. Além dos vestígios paleontológicos e arqueológicos, o MAP preserva réplicas de documentos fundamentais para a história piauiense, como o primeiro mapa oficial do estado, peça simbólica para compreender disputas de limites territoriais e reafirmar a presença histórica do Piauí no cenário nacional.
Criado após a consolidação do curso de graduação em Arqueologia, em 2008, e da pós-graduação na área, em 2012, o museu é fruto direto da trajetória do Núcleo de Antropologia Pré-Histórica da UFPI. Foi esse núcleo que, ainda nos anos 1970, apoiou financeiramente e cientificamente a professora Niède Guidon nos seus primeiros trabalhos na Serra da Capivara, marco que colocou o Piauí no mapa mundial da arqueologia. Desde então, nomes como Conceição Lage, Sônia Capello e outros pesquisadores ajudaram a pavimentar o caminho para a criação do MAP.
Atualmente, o museu cumpre a dupla missão de ser centro de pesquisa e ensino acadêmico e, ao mesmo tempo, servir como espaço aberto ao público, recebendo em média 6 mil visitantes por ano, entre estudantes, professores, turistas e curiosos em geral.
Apesar das dificuldades impostas por cortes orçamentários, que impactam a manutenção e expansão do local, Igor Linhares ressalta a importância do apoio institucional da universidade. “A estrutura que a UFPI sempre manteve conosco é da melhor qualidade possível. Recebemos constantemente elogios pelas condições do nosso espaço e seguimos buscando ampliar a aproximação da comunidade com o saber científico”, destaca o arqueólogo.
Com a reforma em andamento, que prevê ampliação de salas expositivas, modernização da iluminação e maior conforto para os visitantes, o MAP se prepara para uma nova fase. Mais do que um museu, o espaço é um convite a compreender o passado remoto e refletir sobre o presente e o futuro. Para aqueles que desejam conhecer de perto fósseis de milhões de anos, objetos arqueológicos únicos e documentos históricos que marcam a identidade do Piauí, o MAP é parada obrigatória em Teresina.
Rebeca Negreiros, especial para o Portal O Dia, com edição de Isabela Lopes.
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