A Fundação Municipal de Saúde (FMS) está investigando mais duas mortes por suspeita de dengue em Teresina. Trata-se de duas crianças, vizinhas e moradoras da Ocupação Mirante do Uruguai, na zona Leste da capital. Elas foram identificadas como Ana Clara Carvalho, 6 anos, e Ayla Bendita Monteiro, 3 anos. Ana faleceu no dia 21 de março e Ayla, no último domingo (06).
A FMS informou que está investigando a causa da morte de uma delas por encefalite viral. Trata-se de Ana Clara, que esteve internada no HUT entre fevereiro e março deste ano. Em nota, a Fundação disse que os exames preliminares realizados no LACEN mostraram positividade/reatividade para vírus distintos, constantes no painel de investigação laboratorial de rotina. Essa situação se configura como “reações cruzadas” entre os testes baseados na detecção de anticorpos contra vários vírus.

Por conta disso, ainda não é possível afirmar que a inflamação no cérebro de Ana Clara foi causada por Dengue. Os exames que podem trazer certeza ao diagnóstico de uma infecção realizados no LACEN, segundo a FMS, resultaram negativo. Entretanto, amostras de sangue, de urina e do líquido cefalorraquidiano da criança foram enviados para o Instituto Evandro Chagas para diagnóstico de infecções por arbovírus, o que pode inclui a Dengue.
O prazo é que em 60 dias os resultados dos exames sejam liberados.
Já quanto a Ayla, a FMS disse que, em tese, a menina sofreu encefalite. O caso foi analisado pelo Serviço de Verificação de Óbito de Teresina, concluindo-se, no atestado emitido, que a morte dela se deu em decorrência de gastroenterite e sepse (infecção generalizada). A família de Ayla chegou a procurar atendimento na UPA do Satélite, mas a criança não resistiu.
Se confirmadas as mortes de Ana Clara e Ayla como tendo sido causadas por Dengue, elas seriam a segunda e terceira vítima da doença no Piauí em 2025. O primeiro óbito foi confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde no final de março. Trata-se de uma menina de 12 anos, identificada como Isabelle Félix Evangelista, que morreu no Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, em 28 de fevereiro.
Em todo o Piauí há 2.459 casos prováveis de dengue, 1.666 casos confirmados, sendo sete casos de dengue grave. Já em Teresina são 1.071 notificações de suspeita de dengue com 61 casos em investigação, 694 confirmados e dois casos graves.

Confira a nota da FMS na íntegra:
Nota de esclarecimento
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esclarece que está investigando a causa da morte de uma criança vitimada por “encefalite viral” e que esteve internada no Hospital de Urgência de Teresina, entre fevereiro e março do corrente ano.
Os exames preliminares realizados no Laboratório Central de Saúde Pública do Piauí (LACEN-PI) mostraram positividade/reatividade para vários vírus distintos, constantes no painel de investigação laboratorial de rotina implementado pelo Serviço de Vigilância em Saúde da FMS, em 2013.
Essa situação configura o que denominamos “reações cruzadas” entre os testes baseados na detecção de anticorpos contra vários vírus, provavelmente por hiperativação do sistema imunológico frente a um adoecimento grave.
Dessa forma, não é possível ainda afirmar que a inflamação do cérebro e, portanto, que a morte da criança tenha sido causada por dengue.
Todos os exames que podem trazer certeza ao diagnóstico de uma infecção (baseados na técnica RT-PCR, em que se detecta o material genético do vírus) realizados no LACEN mostraram-se negativos. Entretanto, amostras de sangue, de urina e do líquido cefalorraquidiano da criança foram encaminhadas ao Instituto Evandro Chagas – laboratório de referência do Ministério da Saúde para diagnóstico de infecções por arbovírus.
No referido instituto, exames mais aprofundados poderão esclarecer qual a real causa da morte da criança. O prazo estimado para liberação desses exames é de 60 dias.
Já quanto ao óbito de uma outra criança, em tese, vizinha da que sofreu encefalite, ressalta-se que o caso foi analisado pelo Serviço de Verificação de Óbito de Teresina, concluindo-se, no atestado de óbito emitido pelo médico patologista por gastroenterite e sepse (infecção generalizada) como causas da morte.
“Aqui a gente convive com muito mato e falta limpeza”, diz líder comunitária
O cenário na Ocupação Mirante do Uruguai colabora para que casos de Dengue eventualmente aconteçam na região. É isso o que relata a líder comunitária Márcia Regina Pereira de Carvalho, que é tia de uma das crianças que morreram por suspeita de Dengue. De acordo com ela, a ocupação carece de limpeza pública. Há mato se acumulando em terrenos desocupados, esgotos a céu aberto com água parada e sujeira por onde se anda.
“Eu creio que tudo isso faz com que o mosquito se crie aqui, mesmo a gente limpando e fazendo nossa parte. A Prefeitura não manda limpeza para cá e nós não podemos fazer tudo. Eu perdi minha sobrinha, mas tenho certeza que outras mortes podem ser evitadas se a prefeitura fizer a parte dela e ajudar a gente nessa limpeza. Aqui tem muito mato, muita água parada nos esgotos. Tem coisa que não depende só da gente”, desabafa Regina.

A reportagem do Portalodia.com entrou em contato com a SDU Leste para questionar a respeito da limpeza pública na Ocupação Mirante do Uruguai. Em nota, a Superintendência informou que será feita uma visita à Ocupação Mirante do Uruguai para verificar a situação em que o local se encontra. A pasta reiterou o compromisso em garantir um ambiente urbano seguro e de qualidade para todos.
A reportagem também buscou representantes da Águas de Teresina para falar sobre a questão do esgotamento. Em nota, a empresa informou que suas atividades estão condicionadas à liberação do poder concedente e à regularização da área pela administração. Como a Ocupação Mirante do Uruguai ainda não foi regularizada junto à Prefeitura, somente após a formalização destas etapas é possível que a Águas de Teresina realize estudos e implemente projetos de abastecimento e esgotamento sanitário na região.
A empresa reafirmou seu compromisso em garantir acesso à água de qualidade e a coleta e tratamento de esgoto de todos os teresinenses. Confira a nota na íntegra:
A Águas de Teresina informa que, conforme estipulado no contrato de concessão, suas atividades estão condicionadas à liberação do poder concedente e à regularização da área pela administração pública. Assim, somente após a formalização destas etapas, é possível realizar estudos e implementar projetos de abastecimento de água e esgotamento sanitário na região mencionada.
A empresa reafirma seu compromisso em garantir o acesso à água de qualidade e a coleta e tratamento de esgoto a todos os teresinenses, entendendo que tais serviços são essenciais para a saúde e a qualidade de vida da população. Desde o início de suas operações, a Águas de Teresina tem trabalhado para expandir a cobertura de saneamento na cidade, com foco na universalização do acesso a água potável e no aumento significativo da coleta e tratamento de esgoto.
A subconcessionária também segue disponível para atuar em parceria com os órgãos competentes e demais entidades, oferecendo suporte técnico e contribuindo para soluções que beneficiem diretamente a população.
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