O ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, o sobrinho dele, Bruno Pessoa, e outras quatro pessoas foram indiciados pelo Departamento Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) pelo crime de associação criminosa. A investigação apurou um esquema de cancelamento irregular de multas de trânsito na Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) durante a gestão do ex-prefeito.

Assis Fernandes/O Dia

Ex-prefeito Dr. Pessoa e mais cinco são indiciados pela Polícia Civil por associação criminosa

A Operação Reset, deflagrada em julho de 2025, identificou que entre fevereiro e junho de 2024 foram apagadas ilegalmente mais de duas mil multas, resultando na retirada de 12.393 pontos de carteiras de habilitação e causando prejuízo superior a R$ 503 mil aos cofres do município. De acordo com a polícia, entre os beneficiados estavam motoristas, empresas e autoridades políticas.

Entre os indiciados estão Bruno Pessoa, ex-superintendente da Strans, Daniel Araújo, ex-gerente de Gestão de Trânsito e atual vice-presidente da Federação de Futebol do Piauí (FFP), além do servidor Lucas Rocha Lima. Dois terceirizados da autarquia, ainda não identificados, também teriam participado do esquema.

Segundo o delegado Ferdinando Martins, os ex-gestores determinavam quais multas deveriam ser excluídas, enquanto servidores e terceirizados acessavam o sistema da Strans para realizar as remoções. Os cancelamentos ocorriam tanto por meio da abertura de processos eletrônicos quanto de forma informal, com ordens repassadas por bilhetes.

A fraude veio à tona após uma denúncia anônima. Uma auditoria interna da Strans, concluída no fim de 2024, já havia apontado as irregularidades e revelado que parte das multas foi excluída fora do horário de expediente. Durante a operação, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de Bruno Pessoa e Daniel Araújo, além de periciar celulares apreendidos.

O PortalODia.com entrou em contato com Daniel Araújo, que informou que não há indícios de sua participação no esquema. "Gostaria de salientar que confio plenamente no processo de apuração dos fatos e acredito que, ao final deste, ficará comprovada a minha total inocência. Ressalto ainda que, até o momento, os fatos já apurados não apresentam qualquer indício de minha participação nos acontecimentos em questão. Coloco-me à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas e contribuir com informações que possam auxiliar na elucidação dos fatos, sempre em respeito ao compromisso com a verdade e à transparência", informou em nota.

Dr. Pessoa informou que não irá se manifestar sobre o assunto, enquanto a defesa de Bruno Pessoa não retornou o contato. O espaço segue aberto.