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Colônia de férias: brincar, aprender e se desenvolver durante as férias escolares

Esse lazer estimula o brincar livre, criatividade e a convivência, contribuindo para o desenvolvimento da criança

23/06/2025 às 12h11

23/06/2025 às 12h11

Durante o período de férias escolares, é comum que muitas crianças fiquem ociosas em casa, podendo gerar comportamentos de agitação e irritabilidade. Para os pais, o desafio é encontrar formas de preencher esse tempo de maneira produtiva e saudável. É nesse contexto que as colônias de férias surgem como uma alternativa, oferecendo não apenas momentos de lazer, mas também experiências significativas que contribuem para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças.

As colônias de férias são espaços planejados para estimular o brincar livre, a criatividade e a convivência. Mais do que manter as crianças ocupadas, elas oferecem oportunidades de aprendizado que ultrapassam os muros da escola tradicional. Márcia Lima é diretora de uma escola que realiza colônia de férias voltada para crianças de 2 a 6 anos, e destaca a importância dessas experiências para o crescimento infantil.

“As colônias de férias ajudam as crianças a expandirem os seus grupos sociais, a terem experiências diversas com outras pessoas e a tirar a criança da 'zona de conforto' da rotina diária, fazendo com que ela se desafie a ter outras experiências”, comenta.

As colônias de férias são alternativas que contribuem para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças - (Divulgação/Arquivo pessoal) Divulgação/Arquivo pessoal
As colônias de férias são alternativas que contribuem para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças

Esse tipo de iniciativa permite que a criança conviva com outras faixas etárias, algo que é comum nas colônias de férias. Essa convivência é chamada de ‘agrupamento’, e torna-se um ambiente rico para a troca de experiências entre crianças mais velhas e mais novas.

“Dentro desse grupo social existe uma explosão de conhecimento, pois as crianças aprendem umas com as outras. Crianças de idades diversas: uma ensina à outra o que já sabe, e aquela que ainda não sabe observa a outra fazer. Isso é uma verdadeira experiência de aprendizagem”, explica Márcia.

Além do aspecto social, as atividades propostas contribuem fortemente para o desenvolvimento cognitivo. Na colônia de férias, por exemplo, são utilizadas metodologias que valorizam a liberdade com responsabilidade, o estímulo à criatividade, à autonomia e ao aprendizado através da experiência prática. Segundo a diretora, para o campo cognitivo, essas práticas proporcionam muitos benefícios, como o enriquecimento vocabular, a assimilação de conceitos, a aprendizagem de brincadeiras.

Atividades são planejadas conforme a idade de cada criança

As atividades desenvolvidas não são aleatórias. Elas são planejadas para atender às necessidades de cada faixa etária. Para os menores, o foco está em movimentos simples, enquanto os maiores participam de desafios motores mais complexos. A colônia de férias oferece materiais não estruturados, como caixas, colheres, tecidos e bacias, que incentivam a imaginação e a construção de brinquedos e jogos a partir da própria criatividade da criança.

“Uma vez que a criança tem a oportunidade de manusear esses materiais, ela tem a chance de criar o que imagina. Assim, não temos brinquedos que determinem o brincar, por isso, aqui, as crianças imaginam e constroem seu brincar. Enquanto as crianças menores ficam com movimentos mais simples, as maiores desenvolvem atividades mais complexas, como brincar com pneus, pular corda e subir em troncos”, disse Márcia Lima, diretora da colônia de férias.

Outro ponto fundamental é o contato com a natureza. Segundo Márcia, a prioridade é realizar as atividades ao ar livre e em ambientes onde as crianças possam tocar a terra, pisar descalças no chão, brincar com areia, água, folhas, sementes e gravetos. Segundo Márcia, essas atividades sensoriais têm efeitos positivos para as crianças, especialmente no campo emocional.

As atividades desenvolvidas são planejadas para atender às necessidades de cada faixa etária - (Divulgação/Arquivo pessoal) Divulgação/Arquivo pessoal
As atividades desenvolvidas são planejadas para atender às necessidades de cada faixa etária

“Muitas crianças apresentam dificuldade em pisar no chão ou ter contato com a areia, mas no decorrer dos dias, e com nossa experiência, conseguimos ajudá-la a conquistar essa habilidade sensorial. A partir do momento em que ela passa a ter contato com a terra, com a água, percebemos uma maior tranquilidade, pois ela se conecta com a natureza, e a natureza tem esse papel, de nos tranquilizar e acalmar.

Proporcionar esse tipo de vivência pode até parecer algo simples, mas é cada vez mais raro, especialmente para as crianças que vivem em ambientes urbanos, com pouco acesso a espaços abertos e naturais. Por isso, as colônias de férias apostam nesse tipo de integração, o que se torna um diferencial para o desenvolvimento dessas crianças.

A liberdade de brincar favorece também o desenvolvimento da autonomia. Quando não estão sendo guiadas pelos adultos, as crianças aprendem a resolver conflitos, a superar obstáculos e a lidar com frustrações.

“Quando a criança é guiada por um adulto que não a deixa errar ou não deixa que ela se suje, isso causa um estresse na criança e ainda rouba a possibilidade de criação. Ter a oportunidade de criar e ter autonomia gera, para a criança, um senso de bem-estar, de conforto, de capacidade. Ela se auto percebe capaz de realizar suas atividades e resolver problemas”, completa a diretora.

Os benefícios das colônias de férias para as crianças

As colônias de férias vêm se consolidando como importantes aliadas no desenvolvimento das crianças, oferecendo um espaço seguro, acolhedor e estimulante. Segundo a psicóloga Maria Clara de Brito, esses ambientes informais, mas estruturados, são ideais para promover o desenvolvimento emocional, social, cognitivo e criativo das crianças. Longe do ambiente regrado das escolas, os pequenos vivenciam experiências únicas, que favorecem a autonomia, a convivência e a empatia.

Para Maria Clara, a interação entre crianças da mesma faixa etária fora do ambiente escolar é fundamental. “Esse convívio vai promover aprendizado de regras sociais, resolução de conflitos e respeito à diversidade, pois temos várias pessoas e várias crianças de diversas etnias. Além disso, estar nesse ambiente novo e estimulante vai contribuir para o fortalecimento de autonomia, de autoconfiança e da capacidade de interação e adaptação em diferentes contextos, o que acaba sendo totalmente saudável para esse desenvolvimento”, comenta.

Além do aspecto social, as atividades propostas nas colônias de férias estimulam habilidades cognitivas e sensoriais. “Do ponto de vista sensorial, a psicologia entende que as experiências com tinta, terra, água, estimulam os sentidos, promovendo a interação social-motora e isso, cognitivamente, é inquestionável”, disse.

Longe do ambiente regrado das escolas, os pequenos vivenciam experiências únicas, que favorecem a autonomia, a convivência e a empatia. - (Divulgação/Arquivo pessoal) Divulgação/Arquivo pessoal
Longe do ambiente regrado das escolas, os pequenos vivenciam experiências únicas, que favorecem a autonomia, a convivência e a empatia.

Nas colônias de férias também são realizadas outras atividades, como pintura, dança, teatro e jogos colaborativos, permitindo que as crianças expressem suas emoções, ideias e percepções do mundo, e até descobrindo um lado artístico. Isso porque essas atividades ampliam a atenção, o raciocínio, a linguagem e a resolução de problemas. “No aspecto criativo, permite que a criança explore mesmo os sentimentos, as ideias, as próprias expressões e sua forma de pensar e de agir”, reforça a psicóloga.

O aspecto lúdico das colônias de férias é um dos grandes diferenciais em relação ao ambiente escolar. Enquanto a escola está estruturada em regras e metas curriculares, a colônia oferece liberdade para que as crianças aprendam por meio da experiência direta. “Esse tipo de convivência dá um toque leve, é prazeroso para essa criança. Ela sai desse ambiente escolar que é mais regrado e vem para esse ambiente mais estruturado com outros tipos de desenvolvimento, de demandas, potencializando realmente ainda mais a criança”, afirma.

A psicóloga Maria Clara de Brito, mãe da pequena Maria Luísa, de 5 anos, está avaliando com cuidado a possibilidade de matricular a filha em uma colônia de férias neste período. Ela, que sabe dos benefícios e entende a importância desse tipo de ambiente para o desenvolvimento infantil, comenta que, além do entusiasmo, é fundamental refletir sobre o contexto individual da criança.

“Acho maravilhoso poder proporcionar isso para minha filha. Só que é preciso avaliar direitinho o contexto em que ela se encontra, quais as habilidades ela já tem, o que essa colônia vai influenciar e impactar no desenvolvimento dela”, comenta.

O aspecto lúdico das colônias de férias é um dos grandes diferenciais em relação ao ambiente escolar. - (Divulgação/Arquivo pessoal) Divulgação/Arquivo pessoal
O aspecto lúdico das colônias de férias é um dos grandes diferenciais em relação ao ambiente escolar.

Clara explica que, como mãe, costuma considerar propostas com duração mensal, já que muitas colônias funcionam por semana e isso pode tornar o investimento mais pesado. Ainda assim, reforça que está analisando com carinho a melhor opção para esse período. Afinal, mais do que diversão, para a psicóloga, a escolha da colônia deve representar um retorno real em termos de crescimento e potencialização da criança.

Colônias de férias estimulam a autoestima e a confiança das crianças

Outro aspecto importante das colônias de férias é o impacto positivo que elas têm no comportamento e na autoestima das crianças, mesmo após o fim do período de férias. Elas são vistas como espaços seguros, onde os pais têm a tranquilidade de saber que os filhos estão sendo cuidados e estimulados adequadamente.

“O pai paga para ter esse espaço mais seguro e continuar desenvolvendo seu filho dentro desse ambiente. Lá, a criança pode experimentar, errar, aprender e se divertir sem pressões típicas do ambiente escolar”, reforça Maria Clara de Brito.

Esse ambiente seguro favorece o desenvolvimento de competências socioemocionais essenciais, como a autoregulação, o senso de pertencimento e a autoconfiança. “Quando a criança percebe que é capaz de participar e de se expressar de alguma forma, fazer amigos e resolver desafios por conta própria, isso vai repercutir positivamente na autoestima dela”. 

O reflexo dessas conquistas pode ser observado inclusive no retorno às aulas, quando os alunos demonstram mais segurança, entusiasmo e motivação. “Esses ganhos socioemocionais e comportamentais tendem, geralmente, a se manter mesmo no retorno das aulas. Ele vai refletir atitudes mais seguras, maior motivação em voltar para a escola, vai se sentir mais engajado, vai descobrir novas habilidades e com isso vai querer compartilhar com os amiguinhos da escola, com os professores, e vai querer mostrar essas novas conquistas”, conclui a psicóloga.


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