Ao comentar a tragédia registrada neste último fim de semana em entrevista a uma emissora de TV, em que o menino David Kauan Silva da Costa de 12 anos foi atropelado por um trator durante a madrugada no aterro sanitário de Teresina, o prefeito Silvio Mendes cogitou a possibilidade de mudar a gestão do local. O aterro é gerido pela mesma empresa que opera os serviços de coleta de lixo, capina e varrição na capital e, para o prefeito, o aterro precisaria ter uma gestão específica, própria, para poder ter mais controle sobre quem entra ou sai do local.

Jailson Soares/O Dia

Prefeito de Teresina, Sílvio Mendes

A possível mudança seria visando melhorar a administração e o controle do aterro. “É a mesma empresa que faz a coleta de lixo, a capina, a varrição, é a mesma que cuida também do aterro. Nós vamos mudar isso. Nós vamos colocar no aterro (uma empresa ou uma gestão) à parte da coleta, exatamente para tentar melhorar a qualidade do trabalho”, disse Silvio Mendes.

Porém, ao comentar a possível mudança, o prefeito afirmou que não é possível apontar culpados, nem o tratorista e nem a empresa em si. “É preciso ter cautela no sentido de não apontar a culpa, no caso do tratorista, com certeza ele não viu. Claro que não foi descuido, nem negligência. (...) Eu não gosto dessa empresa, elas não fazem bom serviço. Mas eu não colocaria a culpa nela nesse caso, nessa fatalidade não”, ponderou.

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David Kauan foi atropelado no aterro sanitário de Teresina.

O prefeito lembrou ainda que em gestões anteriores, a PM fazia a segurança do local. “A Polícia Militar que fiscalizava lá (armada) para não permitir acesso. E entravam durante a noite, na madrugada, que é a hora que os tratores andam, porque há a coleta noturna dos caminhões. É preciso que a gente tenha um poder muito forte de educação e convencer as pessoas a não irem lá”.

Entenda a tragédia

A vítima, identificada como David Kauan Silva da Costa, estava dormindo no local, coberto por papelão, quando o veículo passou por cima dele. A ocorrência foi atendida pelo 22º Batalhão de Polícia Militar. De acordo com informações repassadas ao O DIA, a PM foi acionada por volta das 2h30 após a denúncia de que a criança havia sido atropelada. Ao chegarem ao local, os policiais constataram que a vítima já estava sem vida, após ter sido atingida pelos membros inferiores durante uma manobra de ré feita pelo trator.

No momento da chegada da viatura, o operador do veículo já não estava mais no local. A mãe do garoto foi localizada e compareceu à cena, onde recebeu a notícia da morte do filho. A área foi isolada, e a perícia da Polícia Técnico-Científica, juntamente com o Instituto Médico Legal (IML), foi acionada para os procedimentos legais.

Segundo familiares, David havia saído de casa escondido da mãe para tentar ganhar dinheiro catando materiais recicláveis. O objetivo do menino era juntar o suficiente para comprar uma bicicleta motorizada. A avó do garoto, Maria Albetiza Silva, disse que a mãe não permitia que ele trabalhasse ou fosse ao local. “A mãe dele achava que ele estava no quarto, dormindo. Ele dormiu no chão, se cobriu com papelão por causa do frio, e o trator passou por cima da cintura dele”, disse a avó.

O operador do trator, segundo informações repassadas pelos parentes, se apresentou à polícia posteriormente e arcou com os custos do caixão. No entanto, a família ainda precisa de apoio para realizar o traslado do corpo até o município de Miguel Alves, cidade natal de David, onde ele será sepultado. O corpo do menino será velado na Unidade Escolar Lyzandro Tito de Oliveira, onde ele estudava. 

Em meio ao luto, a família de David tentou reunir os recursos necessários para o transporte do corpo e dos parentes até Miguel Alves. Quem puder contribuir, pode fazer doações através da chave PIX: 86988924954 (Maria Albetiza Silva).