O caso do desaparecimento e suposto assassinato do pequeno Wesley Carvalho de Ferreira, em Teresina, ganhou um novo capítulo. A criança desapareceu em dezembro de 2021 no Centro da capital e a família disse, à época, que ele tinha sido sequestrado. Dois meses depois, a mãe, o pai, os avós e os tios do menino foram presos suspeitos de terem matado Wesley durante um sacrifício em um ritual. Este ritual teria sido ordenado à família por um suposto profeta de 12 anos. O menino foi apreendido.
Mas em decisão proferida nesta semana, a justiça absolveu o adolescente por não encontrar materialidade nas acusações de que ele teria sido o mentor intelectual do assassinato de Wesley. A informação foi confirmada pelo advogado dos acusados, Smailly Carvalho. Em entrevista exclusiva a O Dia, ele deu detalhes do processo e disse acreditar que Wesley está vivo.
“Na época, esse adolescente era tido como a pessoa que manipulou a família para fazer um suposto ritual macabro com o menor. Esse ritual é inexistente e a questão de ele ser um profeta, da mesma forma. À época foi feita perícia técnica por psicólogos e assistentes sociais da própria polícia e eles entenderam, inclusive em relatório, que o menor que era tido como profeta sequer tinha capacidade de manipulação”, explicou Smailly.
A defesa destacou ainda que, na decisão de absolver o adolescente, a justiça atestou que a materialidade do crime era falha. De acordo com o advogado, não se pode afirmar com certeza que houve realmente um crime. À época do ocorrido, as investigações foram conduzidas pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e as prisões relacionados ao caso foram efetuadas pelo Departamento de Polícia Especializada.
A reportagem de O Dia entrou em contato com a Polícia Civil para se pronunciar sobre as declarações da defesa quanto à condução do inquérito e aguarda um retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos futuros.
Mãe de Wesley também foi inocentada
Ainda segundo a defesa da família, a mãe de Wesley, Ângela Ferreira Ferro, foi inocentada pela justiça por motivos semelhantes aos da absolvição do adolescente. Ângela havia sido presa em março de 2022 junto com os avós e o pai da criança. Na ocasião, quatro adolescentes suspeitos de envolvimento no caso também foram apreendidos. Mas no decorrer do processo, a justiça entendeu que não havia indícios suficientes da participação da mãe no ocorrido. Apenas o pai e os avós de Wesley foram pronunciados.
É o que explica a defesa: “A mãe do menor foi absolvida e os tios também. Estamos em grau de recurso, porque acreditamos que esta decisão de pronunciar o pai e os avós também será reformulada, tendo em vista que eles estão na mesma situação fática e jurídica da mãe e dos tios. Não entendemos a decisão que absolveu a mãe e pronunciou a júri o pai e os avós. Entendemos que não existe indício de autoria, muito menos a materialidade do crime”, diz.
Smailly Carvalho informou que o pai e a mãe de Wesley vão passar por uma perícia médica para verificar sua sanidade mental. Com relação à tese que a família levantou no início, de que Wesley teria sido sequestrado, a defesa diz que não se pode descartar nada a respeito do caso, inclusive a possibilidade de que o menino esteja vivo.
Relembre o caso
O desaparecimento do pequeno Wesley Carvalho de Ferreira, de um ano e nove meses, causou comoção nos teresinenses. Segundo a família, ele teria sido sequestrado no Centro de Teresina em dezembro de 2021. Mas após a polícia começar a investigar o caso, a situação foi se desdobrando para outros rumos. De acordo com a Polícia Civil, Wesley teria sido assassinado durante um ritual orientado por um adolescente de 12 anos que teria se apresentado à família da criança como um “profeta”.
Na época, o delegado-geral Luccy Keikko chegou a afirmar que Wesley teria sido assassinado depois de passar duas semanas em jejum e que isso teria sido confessado pela própria mãe do menino em depoimento. Dias depois das prisões dos familiares, a polícia encontrou o que seriam os restos mortais e cinzas de Wesley em uma caieira na zona Rural da capital.
Hoje, três anos após o ocorrido, a defesa informou que nenhum dos suspeitos encontra-se mais preso. Quem foi pronunciado pela justiça (o pai e os avós de Wesley) responde ao processo em liberdade. A mãe, Ângela Ferreira, foi absolvida, assim como os quatro adolescentes supostamente envolvidos, dentre eles, o menino que teria se apresentado á família como “profeta”.
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