Na Língua Portuguesa, a palavra "ousadia" está associada a coragem, ao destemor e a enfrentar desafios ou tomar decisões. 'Ousadia" é um substantivo feminino que traduz a disposição de agir com valentia e confiança, muitas vezes indo contra as expectativas ou convenções estabelecidas. Pessoas ousadas são aquelas que se atrevem a experimentar o novo, enfrentar adversidades e superar limites, sempre com atitude resoluta e destemida.
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Em um mundo onde a ousadia é uma das chaves para abrir portas, tem mulheres se destacando ao desafiar a si mesmo para trilhar novos caminhos. Sair da zona de conforto e partir para o confronto. Por mais simples que seja o trocadilho, se permitir fazer algo diferente nada tem a ver com simplicidade. Tem a ver com reconhecimento das dificuldades e a decisão de que aquilo que se quer é mais importante que elas. Dizem que quanto mais o tempo passa, mais difícil é de se fazer mudanças, ainda mais se você for mulher. Mas se até o mundo vive em movimento constante, por que elas também não podem tentar?
Neste 8 de março, o Portal O Dia homenageia mulheres que entenderam que a ousadia traz movimento e que a idade não precisa ser um impedimento para começar do zero.
Fazer balé era um sonho antigo para Joseane Moura Pin-to. Um sonho que ela veio realizar somente agora, aos 44 anos. Jornalista e advogada, ela lembra que, quando era criança, por volta dos seis anos, dizia que queria ser bailarina quando crescesse. Ela é a caçula de quatro irmãos, filha de mãe professora e pai comerciante. Na cidade onde vivia não havia muitas oportunidades de aulas de balé e não tinha ninguém para apoiá-la a perseguir seu sonho.

Só agora, na fase adulta, depois de se casar e fazer sua vida profissional, ela encontrou condições de ser a bailarina que um dia sonhou ser. Joseane ingressou nas aulas de balé em janeiro deste ano em meio a uma série de desafios. O primeiro deles quem impôs foi o próprio corpo. "O balé exige muita flexibilidade corporal e o adulto, que não fez balé na infância, normalmente não possui. Além disso, são muitos passos cheios de detalhes, de mãos, pernas, braços e postura que devem estar simultaneamente em harmonia e sin-cronizados a cada nova execução", explica.
A ousadia de Joseane? Levar o próprio corpo ao limite, treinando e observando com atenção cada movimento ensinado. Nas horas vagas, a advogada também costuma estudar os movimentos antes mesmo das aulas. Mas não é só por realização pessoal que ela decidiu entrar no balé aos 44 anos. Tradicionalmente, o balé é considerado uma dança artística que envolve expressão, técnica e performance, mas que também traz benefícios importantes para a saúde de quem pratica.
A dança ajuda a reduzir o estresse, melhora a autoestima, permite expressar sentimentos e emoções através dos movimentos. No caso de Joseane, o balé auxilia bastante na questão da ansiedade. O quadro ansioso se soma às responsabilidades assumidas e à vida agitada, algo que ela sempre tratou com terapia. Mas depois de um tempo, a advogada percebeu que estava pronta para começar algo que a "fizesse brilhar os olhos e ter mais encantamento pela vida". E como os sonhos não envelhecem, ela decidiu ir realizar o seu de ser bailarina.
Nos dias em que pratica balé, Joseane diz que "se sente mais viva e mais inteira, menos ansiosa e cheia de sonhos". A vida, ela conta, definitivamente ficou mais leve. E no dia em que ela conquistar as tão sonhadas sapatilhas de ponta, então, ficará mais leve ainda. "A vida é muito breve, não podemos deixar que nos roubem os sonhos e a vontade de fazer o que quer que seja. A atividade física transforma o corpo e a mente, dá mais qualidade de vida, melhora nossa autoestima e é um lembrete diário de que sempre vale a pena fazer algo por nós mesmas", finaliza Joseane.
Reserva de endorfina e dose diária de felicidade
Para ousar e começar uma modalidade esportiva nova não existe idade nem tempo certo. E quando se trata de mulheres adultas, algumas mais maduras que outras, praticar algum esporte é necessário e não apenas prazeroso. As mulheres na casa dos 50 anos, por exemplo, estão passando pela fase da diminuição de hormônios e têm uma tendência maior de desenvolver ansiedade e depressão. E comum que muitas se sintam "incapazes" de fazer determinados exercícios ou acreditarem que atividade física não é para elas.

Na verdade, é justamente o contrário: elas precisam procurar o bem-estar através da atividade física porque ela vai trazer inúmeros benefícios hormonais, melhorar a qualidade de vida, melhorar as reservas de endorfina, os hormônios da felicidade, combater a ansiedade e a depressão, e ajudar a enfrentar fases como a da menopausa, que pode ser bem dolorosa para algumas mulheres.
A profissional de Educação Física, Aryel Castelo Branco, trabalha justamente com o público mais maduro e relata ter exemplos diários do quanto a atividade física é benéfica para colocar a mulher em movimento e fazê-la se sentir bem em vencer seus próprios desafios. "O que a gente mais percebe é a melhora da autoestima e do humor. Elas se divertem mais, têm mais vontade de viver a vida, tem os benefícios metabólicos com o controle do colesterol, dos triglicerídeos e da glicemia, além, claro, do controle do peso e da ansiedade", elenca.
Aryel afirma que a idade nunca deve um empecilho para se propor a algo novo. Basta conhecer os próprios limites, ter aquela força de vontade e, claro, o acompanhamento de um profissional. É que chega um momento da vida que elas precisam virar a chave: "Já cuidou dos filhos, já cuidou da família, da casa? Que tal agora cuidar de você mesma? Que tal olhar para si com mais carinho e entender que você deve ser sua prioridade, a sua saúde e a sua qualidade de vida? O esporte, seja qual for, trabalha o mental, o emocional, o social e se torna uma verdadeira terapia se você encontrar conforto nele. Basta começar", finaliza a educadora física.
“A melhor escolha dos últimos tempos”
Cortesia, Integridade, Perseverança, Autocontrole e Espírito Indomável. Estes são os cinco espíritos do Taekwondo. Conhecidos como os valores fundamentais que guiam a prática e a filosofia desta arte marcial, são principios que pregam o respeito, a honestidade, a determinação, a capacidade de controlar as próprias emoções e a firmeza de propósito. Foi dentro das linhas do dojang (dojô), que Lísia Gomes pôde se conectar mais consigo mesma através dos ensinamentos do Taekwondo.

Ela iniciou na modalidade por volta dos 30 anos para voltar a cuidar de si mesma no pós-pandemia, em outubro de 2023. O Taekwondo, desde então, se tornou, nas palavras delas "a melhor escolha dos últimos tempos". Lísia é um exemplo de que uma mulher pode e consegue ter destaque dando uns bons chutes, aprendendo a atacar e a se defen-der. Hoje, aos 32 anos, ela é Faixa Verde no Taekwondo e encontra conforto exigindo diariamente o máximo que seu corpo pode dar em resistência física.
"Foi a melhor escolha que fiz nos últimos tempos por inúmeros motivos. Primeiro, porque mudou imensamente a minha resistência física, minha flexibilidade. Mas a maior mudança é mental e psico-lógica. O Taekwondo não é terapia, mas é extremamente terapêutico.
Quando vocês está no dojang, não existe mundo lá fora. Quando estou cansada, estressada, a cabeça cheia do trabalho, ir pro Taekwondo é a melhor que eu posso fazer por mim, porque sei que quando chegar lá, vou esquecer de qualquer problema que eu tenha do lado de fora", explica Lísia
A idade, ela conta, não é nenhum empecilho para se propor a uma nova atividade física. Independentemente de ter 30 anos ou 50, a prática sempre é bem-vinda. Como diz a jornalista "Só vai, que você vai amar. Você vai aprender e evoluir. A sensação de evolução dentro de um esporte não tem preço. O começo é difícil, mas quando você se vê evoluindo, a coisa muda. O importante é fazer alguma atividade física que você goste e se sinta bem", finaliza
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