O acidente ocorrido no dia 23 de outubro de 2023 em Várzea Grande do Piauí, a 215 Km de Teresina, ainda gera repercussões na cidade. Na ocasião, Maurício Alves Sousa Leite, que tinha 34 anos, morreu após a colisão entre sua moto e o carro de seu primo, Miguel Arcanjo de Sousa Leite, na estrada vicinal que passa por dentro da propriedade do acusado. Miguel responde por ter atropelado Maurício e fugido sem prestar socorro. 

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Maurício Leite estava na moto quando o veículo foi atingido pelo carro de Miguel

Em março de 2024, Ministério Público, por meio do promotor de Justiça Ari Martins Alves Filho, ofereceu denúncia contra Miguel por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Mas o promotor acabou deixando o caso e o representante do MP que assumiu a comarca, Jaime Rodrigues D’Alencar, entendeu que não houve intenção de matar e ofereceu uma nova denúncia ao Judiciário contra Miguel por homicídio culposo.

A família da vítima está contestando a mudança de entendimento por parte do Ministério Público. Parentes de Maurício afirmam que o acusado e ele tinham rixas antigas e que as brigas por conta das cercas que limitavam as terras dos dois eram constantes. Um familiar, que preferiu não se identificar, contou ao Portalodia.com que dias antes do acidente que tirou a vida de Maurício, Miguel havia feito uma denúncia contra ele, acusando-o de estar invadindo suas terras ao abrir uma passagem na cerca para o gado passar.

“Na segunda-feira em que aconteceu o acidente, o Maurício tinha sido intimado junto com o pai para comparecer na delegacia e dar explicações sobre a denúncia feita pelo Miguel. Os dois viviam se desentendendo e o Miguel já tinha feito várias ameaças ao Maurício. Fora que as proporções daquele acidente não condizem com as condições do local onde aconteceu. Foi numa estradinha que passa por dentro do terreno do Miguel, na propriedade dele. O carro do acusado capotou, teve até incêndio. E ali era um lugar onde nem dava para passar direito. Como que vira um carro e ainda pega fogo em tudo?”, questiona a família.

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Após o acidente, o carro do acusado pegou fogo

O laudo pericial produzido pela Polícia Civil aponta que o Fiat Uno conduzido por Miguel bateu de frente com a moto de Maurício. A vítima foi jogada contra uma cerca de arame e ficou presa entre as estacas. O veículo do acusado capotou e acabou pegando fogo em uma parte. Apesar do fogo, Miguel conseguiu sair ileso do local e procurou a Polícia Militar para informar que o acidente tinha acabado de acontecer. Questionado pelo juiz na audiência de instrução sobre por que não ficou no local e tentou ajudar a vítima, o acusado disse que “ouviu pipocos” e ficou com medo de Maurício “tentar matar sua família”.

Após a audiência de instrução e julgamento, ocorrida no começo deste ano, o Ministério Público mudou o entendimento sobre o fato e alterou a denúncia de homicídio doloso qualificado para homicídio culposo qualificado. As qualificadoras são: motivo torpe e uso de meio que incapacita a vítima de se defender. Para o promotor Jaime Rodrigues, ao colidir o carro com a moto de Maurício, Miguel agiu por imprudência e negligência, não intencionalmente, já que estaria sob efeito de álcool e não guardou uma distância segura do veículo da vítima.

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O carro de Miguel Arcanjo acabou pegando fogo após a colisão

A reportagem do Portalodia.com procurou o Ministério Público e o promotor Jaime, que disse que não vai se manifestar em entrevista no momento, uma vez que o juiz ainda não se pronunciou sobre a denúncia que foi feita.