A jornalista e doula Mayrlla Motta (29), quando teve sua primeira filha, Clara, não pode ter um parto normal. Ao descobrir sua segunda gestão, planejou ter um parto domiciliar, devido aos benefícios de uma parto natural, além da experiência de ter um bebê em casa. Ela conta que já havia contratado a equipe que iria acompanhá-la e que a gestação estava correndo bem.
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Ao ter sua pressão aferida, durante uma consulta de rotina, Mayrlla apresentou uma alteração. “Faltava dois dias para completar 30 semanas. Como minha pressão nunca tinha dado alta, a enfermeira repetiu e, novamente, deu 140 por 90. A partir daí, comecei a ter uma maior atenção e, durante uma semana, fiquei acompanhando para saber quando ela tinha oscilações. Isso já era meu corpo apresentando as mudanças que teriam dali para frente”, contou.
Devido à hipertensão gestacional, o plano de ter parto domiciliar precisou ser alterado, e que agora seria hospitalar. Além da pressão alta, a bebê começou a não apresentar crescimento, diagnosticada com restrição de crescimento grau 1, ou seja, a pequena Catarina já não recebia mais nutrientes suficientes.
Com isso, Mayrlla passou a realizar ultrassonografia quinzenalmente e foi orientada pela obstetra a observar possíveis sinais que poderiam indicar pré-eclâmpsia, como dor de cabeça intermitente, mesmo com uso de analgésico, mãos e rosto inchados, aumento de peso, alteração na visão, dor e náuseas.
No final de semana de Páscoa, comecei a me sentir mal, mas dois dias depois eu fiquei bastante prostrada e com muita dor de cabeça. Cinco dias depois amanheci com uma dor abdominal, bem característico da pré-eclâmpsia, e minha visão começou a ficar turva, embaçada e eu não conseguia enxergar
Ao apresentar esses e outros sintomas, a equipe médica de Mayrlla orientou-a a buscar a emergência. Na unidade de saúde, após a realização de diversos exames, foi constatado que a jornalista estava com pré-eclâmpsia e precisaria ficar internada para acompanhamento.
A data provável do parto estava marcada para o dia 29 de maio, mas, devido ao quadro gestacional, o parto precisou ser antecipado. “Quando a médica disse que minha filha nasceria naquele dia, fiquei desesperada. Entrei em contato com minha família para que providenciasse a mala da neném, já que eu tinha ido apenas com meus documentos pessoais. No dia 23 de abril minha filha nasceu”, falou.
Apesar de ter nascido bem, Catarina estava com baixo peso e foi levada para a incubadora de uma unidade semi-intensiva, onde ficou por 15 dias. Durante esse tempo, Mayrlla precisou dividir as idas ao hospital com a filha mais velha, Clara, de 7 anos. “Eu saía de casa às 8h e voltava às 17h. Meu esposo ficava com a nossa filha e cuidava de casa e eu passava o dia no hospital. É desesperador e triste você voltar para casa sem seu bebê”, disse.
Os pais e mães de bebês prematuros são livres para ficar o tempo que quiserem com seus filhos e o hospital oferece, inclusive, um alojamento de apoio para mães que são de outras cidades. Além disso, o cuidado e atenção que a equipe de profissionais dá aos bebês, segundo a jornalista, faz toda a diferença.
“Você vê o cuidado que as enfermeiras têm com seu bebê. No momento que você não está lá, são elas que cuidam dos seus filhos, que são o abraço e o colo que você não pode dar. Recebemos um acolhimento surreal e sou muito grata pelo cuidado que a equipe tem conosco. O bebê precisa ter um acompanhamento até os dois anos, pois a imunidade do bebê prematuro é diferente”, explica Mayrlla Mattos.
Poder amamentar e carregar a filha no colo, após essa “experiência de quase morte” é, para Mayrlla e sua família, uma vitória. “Ela não aguentaria nascer de parto normal. A médica disse que no nosso caso, o útero já não estava mais cumprindo seu papel, era melhor então vir para fora e ganhar peso aqui. Ou nascia naquele dia ou nascia. Então poder carregá-la finalmente e saber que estava bem foi uma vitória”, concluiu.
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