A cúpula do PL decidiu suspender as conversas sobre um possível apoio a Ciro Gomes (PSDB) na disputa pelo governo do Ceará em 2026. A decisão foi tomada em uma reunião de emergência realizada nesta terça-feira (2), em Brasília, após a crise interna provocada pelas declarações da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro contra a aproximação com o tucano.
O impasse ganhou força no fim de semana, durante o lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Podemos-CE) ao governo estadual. No evento, Michelle criticou publicamente a articulação conduzida pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE), que vinha tratando do arranjo com Ciro com o aval de Jair Bolsonaro. O acordo era visto como alternativa do PL no Ceará, já que o partido não possui nomes competitivos para enfrentar o atual governador, Elmano de Freitas (PT). Nos bastidores, a negociação também envolvia o interesse de Fernandes em viabilizar a candidatura de seu pai, o pastor Alcides Fernandes, ao Senado.
Em sua crítica, Michelle afirmou: “Tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá.”
As declarações geraram reação imediata dentro do próprio clã Bolsonaro. Em entrevista ao Metrópoles, Flávio Bolsonaro classificou a fala da madrasta como “autoritária e constrangedora”. Já Eduardo Bolsonaro escreveu nas redes sociais que André Fernandes apenas seguia uma decisão do ex-presidente. “André não poderia ser criticado por obedecer o líder.”
Após a repercussão negativa, Michelle divulgou uma nota tentando conter a crise, mas reiterou sua rejeição ao acordo. “Ciro Gomes não é e nunca será de direita. Sempre será um perseguidor e um maledicente contra Bolsonaro.” Em seguida, ela publicou vídeos antigos nos quais o ex-ministro chama Jair Bolsonaro de “bandido” e faz outros ataques ao ex-presidente.
Apesar de minimizar o conflito, Flávio Bolsonaro afirmou, após a reunião do PL, que o episódio foi resultado de “ruído de comunicação” e que Michelle segue com autonomia para se posicionar, desde que alinhada ao grupo. “A gente dá um passo importante aqui de amadurecimento, de demonstração de maturidade. O que houve foi ruído de comunicação e todo mundo querendo acertar.”
Além de suspender as conversas com Ciro, o PL decidiu mapear acordos firmados por Jair Bolsonaro em outros estados, numa tentativa de reorganizar as articulações internas para as eleições de 2026.
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