Paloma Lopes Alves, de 31 anos, faleceu na terça-feira (27) após realizar uma hidrolipo em uma clínica na Zona Leste de São Paulo. O procedimento, que prometia ser simples e menos invasivo do que a lipoaspiração tradicional, resultou em uma parada cardiorrespiratória. Mesmo com o acionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a paciente não resistiu.
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O caso está sendo investigado como morte suspeita e trouxe à tona os riscos associados a essa técnica estética, que tem se popularizado rapidamente no Brasil. O médico responsável pelo procedimento, Josias Caetano dos Santos, informou que a paciente apresentou falta de ar e perdeu a consciência já na sala de recuperação. Ele afirmou que o quadro evoluiu rapidamente, sem tempo para intervenção adequada.
O que é hidrolipo?
A hidrolipo, tecnicamente conhecida como lipoaspiração tumescente, é uma técnica de remoção de gordura localizada que utiliza anestesia raquidiana, permitindo que apenas uma parte do corpo fique insensível. Ao contrário da lipoaspiração tradicional, o paciente pode permanecer acordado durante o procedimento.
O nome “hidro” vem da solução injetada no corpo antes da remoção da gordura. Essa solução é composta por:
- Anestésico local: Para minimizar a dor.
- Soro fisiológico: Que facilita o procedimento.
- Adrenalina: Para reduzir o sangramento ao contrair os vasos sanguíneos.
O objetivo é tornar o procedimento mais simples e menos invasivo, mas ele deve ser realizado com extrema cautela, devido aos riscos envolvidos. Mas, segundo especialistas, a lipoaspiração convencional, feita sob supervisão médica em hospitais, é mais segura devido à presença de uma equipe completa, incluindo anestesista, o que reduz os riscos de complicações graves.
Riscos envolvidos na hidrolipo
Embora seja promovida como um procedimento menos invasivo, a hidrolipo apresenta sérios riscos:
- Complicações locais: Perfurações em órgãos internos, infecções e cicatrizes.
- Complicações sistêmicas: Trombose, embolia pulmonar e reações tóxicas aos anestésicos.
- Ausência de suporte médico adequado: Em clínicas fora de ambientes hospitalares, faltam recursos para lidar com emergências.
No caso de Paloma, relatos indicam demora no acionamento do Samu e falta de informações claras sobre o estado da paciente. "Eu quero justiça pela minha esposa. O médico fechou a clínica, sumiu e não falou nada. Eu levei minha esposa para realizar um sonho, mas agora tenho que enterrá-la", disse Everton Silveira, marido da vítima, à imprensa.
Médico responsável já responde a mais de 20 processos por negligência
O médico Josias Caetano dos Santos já enfrenta ao menos 22 processos judiciais por negligência médica em São Paulo. Os relatos incluem mulheres que sofreram mutilações graves, cicatrizes permanentes e danos psicológicos. Os casos estão sendo analisados em diferentes comarcas do estado, com a maioria das ações datando de 2022 e 2023.
De acordo com informações apuradas, o médico realizava procedimentos estéticos em hospitais e também em seu consultório no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, mesmo sem a infraestrutura necessária para intervenções complexas. Muitas vítimas relatam danos permanentes, como a perda de mamilos após cirurgias de prótese de silicone.
As ações de dano moral estão em fase de perícia médica, com exames conduzidos pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC) para comprovar os prejuízos causados.
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