A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que quer por fim à escala de trabalho 6X1, na qual o trabalhador tem apenas um dia de folga a cada seis de trabalho, tem repercutido e gerado algumas dúvidas. A PEC pretende mudar regras estabelecidas na Constituição Federal e nas leis trabalhistas criadas ainda durante o Governo Getúlio Vargas, em 1943, que estabelece a duração do dia de trabalho não superior a oito horas, e jornada semanas limitada a 44 horas.
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Para começar a ser discutida no Congresso Nacional, a PEC precisa, antes, do apoio de pelo menos um terço dos deputados (171 assinaturas) ou um terço dos senadores (27 assinaturas). Até agora, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), autora da proposta, já angariou 132 assinaturas na Câmara, até esta terça-feira (12).
Em países como a Nova Zelândia, por exemplo, é adotada a iniciativa “semana de quatro dias”. Apesar de propor a modificação, a PEC do fim da escala 6x1 não deixa claro como será o novo regime no Brasil. Mas, afinal, o fim dessa escala de trabalho pode ser benéfica para os trabalhadores brasileiros?
A psicóloga e consultora de Recursos Humanos, Maria Clara de Brito, é assertiva ao dizer que, sim, “o fim da escala 6x1 é válido”. A profissional explica que escalas com menos dias de trabalho, como ocorrem em outros países, promovem um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional do que a escala 6x1, e cita estratégias para as empresas poderiam adotar para se adequar aos novos horários.
“Uma jornada com mais dias de descanso pode contribuir para que os trabalhadores estejam mais descansados e motivados, o que, em muitos casos, pode significar maior produtividade durante os dias trabalhados. A empresa poderia adotar escalas rotativas, garantindo a cobertura das operações com equipes em turnos diferentes, sem exigir trabalho excessivo de cada colaborador. Isso poderia ser especialmente útil em setores de serviço e produção contínua”, destaca.
Entretanto, a consultora de Recursos Humanos destaca que as possivelmente muitas empresas não estariam preparadas para essa reorganização. Segundo ela, reduzir a quantidade de dias trabalhados por semana poderia exigir a contratação de mais pessoas para cobrir todos os turnos. “Na minha opinião, a implementação dessas jornadas exigiria ajustes na legislação e talvez uma revisão do conceito de ‘semana de trabalho’, além de regras claras para o pagamento de horas extras e compensação”, ressalta.
A escala atual é mais exaustiva
O regime adotado atualmente, no qual são trabalhados seis dias consecutivos, pode aumentar a fadiga, especialmente se o trabalho for físico ou mentalmente exigente. Conforme Maria Clara de Brito, psicologa e consultora de Recursos Humanos, isso pode fazer com que o único dia de folga não seja suficiente para que esse trabalhar recupere totalmente suas energias para a semana seguinte.
“A longo prazo, isso pode ter um impacto negativo na saúde física e mental. Para as empresas, a escala 6x1 pode ser vantajosa porque permite um fluxo de trabalho quase contínuo, com poucas interrupções na produção ou atendimento, especialmente em setores que demandam funcionamento em todos os dias da semana.”, explica a profissional.
Nessa perspectiva, a consultora de Recursos Humanos lembra que há outros modelos de jornada, como a escala 5x2, que são menos desgastantes e podem oferecer uma maior qualidade de vida aos trabalhadores, com dois dias de descanso, o que possibilita um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional. “A jornada de 5x2 se compara à jornada de 40 horas semanais, no qual o trabalhador tem dois dias de folga, ou seja, é como se o colaborador trabalhasse de segunda a sexta e, assim, ele tem mais tempo para descansar”, conclui Maria Clara de Brito.
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