Envelhecer, em si, já é um desafio, principalmente em uma sociedade que cultua a juventude e invisibiliza a velhice. E, quando falamos sobre o envelhecer LGBT+, o desafio ganha novas camadas: preconceito, violência e, ausência de políticas públicas específicas, pode tornar essa etapa da vida ainda mais delicada. Ter esse olhar sensível é necessário, especialmente quando a expectativa de vida da população tem aumentado.
Em contrapartida, o Brasil tem números preocupantes de violência contra pessoas LGBTQIAPN+, o que dificulta o direito à velhice dessa população. A expectativa de vida de pessoas trans, por exemplo, ainda não passa dos 40 anos. E quando resiste, ela carrega as marcas do preconceito, do silenciamento e da solidão.
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“Envelhecer LGBT+” é um desafio. Mais do que uma reflexão, é sinônimo de resistência, de memória e da construção de um futuro mais inclusivo. Cada fase da vida merece ser comemorada e, celebrar a velhice, com muitas histórias para contar, é um ato de coragem e de ter vivido, com liberdade, aquilo que se é verdadeiramente.
Natural de Fortaleza (CE), e reconhecido cidadão piauiense, o professor aposentado Francisco de Oliveira Barros Júnior, de 62 anos, está entre os rostos que simbolizam essa trajetória. Francisco lembra que começou a entender sua sexualidade ainda adolescente, por volta de 1980, numa Fortaleza muito diferente de hoje.
“Quando vim para Teresina, comecei a me engajar nas causas LGBT, pois trabalho com um conceito de universidade que dialoga com a sociedade civil organizada. Nessa época, desenvolvíamos debates sobre essas questões, o que causava um certo desconforto em algumas pessoas. O tempo foi passando e comecei a atuar politicamente também”, conta.
Desde o início dos anos 2000, Francisco Júnior integra o Programa Terceira Idade em Ação (Ptia), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), e busca o “novo envelhecer” repensar o papel dos idosos na sociedade contemporânea. “Lidamos com a perspectiva de reconceituar a participação dos idosos no mundo contemporâneo. Dados demográficos relevam que, no mundo inteiro, a população tem ficava mais longeva”, ressalta.
“Envelhecer LGBT+” é um desafio. Mais do que uma reflexão, é sinônimo de resistência, de memória e da construção de um futuro mais inclusivo. Cada fase da vida merece ser comemorada e, celebrar a velhice, com muitas histórias para contar, é um ato de coragem e de ter vivido, com liberdade, aquilo que se é verdadeiramente.
Natural de Fortaleza (CE), e reconhecido cidadão piauiense, o professor aposentado Francisco de Oliveira Barros Júnior, de 62 anos, está entre os rostos que simbolizam essa trajetória. Francisco lembra que começou a entender sua sexualidade ainda adolescente, por volta de 1980, numa Fortaleza muito diferente de hoje.
“Quando vim para Teresina, comecei a me engajar nas causas LGBT, pois trabalho com um conceito de universidade que dialoga com a sociedade civil organizada. Nessa época, desenvolvíamos debates sobre essas questões, o que causava um certo desconforto em algumas pessoas. O tempo foi passando e comecei a atuar politicamente também”, conta.
Desde o início dos anos 2000, Francisco Júnior integra o Programa Terceira Idade em Ação (Ptia), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), e busca o “novo envelhecer” repensar o papel dos idosos na sociedade contemporânea. “Lidamos com a perspectiva de reconceituar a participação dos idosos no mundo contemporâneo. Dados demográficos relevam que, no mundo inteiro, a população tem ficava mais longeva”, ressalta.
Orgulho em ser que e resistir
Envelhecer LGBT+ é superar desafios diários. É ocupar espaços, mesmo em meio ao preconceito. Por isso, Francisco defende o envelhecer ativo e com dignidade. Mesmo aposentado, o professor segue desenvolvendo projetos pessoais e profissionais, e tem orgulho de assumir os cabelos brancos.
“Hoje se fala muito em etarismo. É uma realidade, por conta de que os velhos estão se manifestando e ocupando espaço, e isso incomoda, mas precisamos fazer um trabalho de educação. Nessa altura da vida, procuro envelhecer dentro desse novo envelhecer ativo. Sou uma pessoa multidimensional e tenho projetos para as mais variadas áreas da minha vida. Envelhecer não é fácil em uma cultura como a nossa, que sempre cultuou um padrão de juventude, mas como sou muito crítico, assumi meus cabelos brancos, e estou aberto para estabelecer relações afetivas com as pessoas, pois o nosso desejo não envelhece”, enfatiza.
Para ele, a diversidade dentro da sigla LGBT+ precisa ser respeitada em sua pluralidade. Dialogar sobre sexualidade, em uma perspectiva antropológica e construcionista, de que a pessoa não nasce, ela torna-se, é desconstruir o preconceito e ideia de que gostar de alguém do mesmo sexo é pecado, doença ou crime.
“Cada um tem o seu tempo e o seu modo de assumir. Ninguém precisa colocar em outdoor. Acho que as pessoas precisam olhar para a totalidade do que você é. Eu sou um sujeito, um educador e, como marcador identitário, sou homem que tem atração por pessoas do mesmo sexo. Se eu fosse nascer de novo, não me incomodaria em ser quem sou. Na verdade, nunca foi um grande problema para mim”, conclui o professor Francisco Júnior.
Como pesquisador, ele vê na educação a principal forma de combate ao preconceito, seja contra o etarismo, seja contra a comunidade LGBT+. Doutor em Sociologia, escreveu livros sobre homossexualidades e AIDS, e, nos anos 2000, foi um dos fundadores do Matizes, associação civil que atua na defesa dos direitos humanos com ênfase na comunidade LGBT+ no Piauí.
“Sou educador e sempre trabalhei nessa perspectiva de debater o tema em sala de aula e na sociedade. Acho muito importante esse recorte geracional, pois os jovens estão mostrando um novo cenário e uma nova realidade. Ao fazerem isso, eles estão ajudando as pessoas a abrirem as cabeças. Porém, faço questão de dizer para esses jovens de hoje que, se eles andam de mãos dadas ou se beijam em público, isso só está sendo possível porque, em décadas passadas, muita gente morreu, foi torturada e perseguida”, lembra o professor.
Parafraseando o escritor irlandês Oscar Wilde, com uma de suas mais famosas frases “O amor que não ousa dizer seu nome”, o professor Francisco Júnior ressalta que “se hoje as pessoas podem dizer os nomes das pessoas que amam, é porque houve resistência. Assumir hoje a sua sexualidade, o seu desejo de transicionar é muito mais tranquilo do que há 30 ou 40 anos”, cita.
Mas o sociólogo reconhece que nem todos vivem esse envelhecimento com a mesma possibilidade, a exemplo das pessoas trans. “Uma coisa é você ser um homossexual discreto, de paletó e gravata. Outra coisa é ser uma travesti ou transsexual. A nossa sexualidade é uma questão política: tem a dimensão íntima, da nossa vida privada, mas essa também é uma questão coletiva, pois muitas pessoas sofreram e ainda sofrem por não poderem ser quem são”, relata. A expectativa de vida dessa população no Brasil ainda é extremamente baixa. Dados mostram que muitas travestis e mulheres trans não chegam aos 40 anos.
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