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João Magalhães

por João Magalhães

Efeito tarifaço demonstra o quanto cenário político e a opinião pública podem mudar rapidamente de direção

Talvez seja a grande chance de Lula recuperar terreno e popularidade com vistas a 2026.

16/07/2025 às 17h55

A aprovação do presidente Lula segue em números baixos, principalmente levando em consideração seus dois primeiros governos, quando ele batia recorde de bons índices. Mas hoje, as perspectivas são bem diferentes das registradas há três semanas, por exemplo. A disputa de narrativas em torno do IOF que fez a comunicação do governo apostar no nós contra eles – “ricos contra pobres” – e as consequências do tarifaço, que jogaram argumentos favoráveis a Lula na defesa da soberania e empurraram rejeição ao comportamento dos “Bolsonaros”, coloca Lula praticamente num clima de lua de mel com a esquerda e em sintonia com o brasileiro de centro. Talvez seja a grande e última chance de Lula recuperar terreno.

Até o presidente do Senado, Davi Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta, surgiram hoje em vídeo com discurso alinhado ao governo federal e ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Comércio e da Indústria.

Esse efeito positivo ao governo mostra o quanto o humor da opinião pública pode mudar de uma hora para outra e quanto é importante saber navegar aproveitando as oportunidades. No caso do tarifaço, o governo foi ajudado porque os argumentos coincidiram com temas defendidos amplamente pela maioria da população, sem contar Trump jogou no colo do Bolsonarismo uma bomba difícil de ser desarmada – é quase impossível argumentar para o setor produtivo, aliado de Bolsonaro, que a medida é necessária.

O caso mostra que se olharmos para 2026, muita água ainda vai passar por baixo da ponte. Assim como não era possível dizer há três semanas que o cenário estava sem jeito para Lula, também não é possível dizer que Bolsonaro já pode jogar a toalha. O tempo é o senhor da razão e neste caso eleitoral, da noite para o dia episódios podem interferir no processo de popularidade dos principais atores.

Dificilmente a taxação em 50% será colocada em prática, Donald Trump tem utilizado mais retórica do que necessariamente praticado a guerra fiscal, embora no caso brasileiro, há um interesse em atacar o BRICS e os interesses comerciais contrariados dos EUA. Uma vez aplicado, a taxação prejudicará de forma acentuada o comércio entre os países, de forma mais forte setores produtivos do Brasil, mas também causará problemas em solo americano, como naturalmente um aumento dos preços em itens essenciais como a carne.

Maioria dos brasileiros não quer Lula e Bolsonaro em 2026 - (RS/Fotos Públicas) RS/Fotos Públicas
Maioria dos brasileiros não quer Lula e Bolsonaro em 2026