Com pouco mais de três meses à frente do Palácio da Cidade, o prefeito Silvio Mendes (União Brasil) completou, nesta semana, os 100 primeiros dias de seu terceiro mandato no comando da Prefeitura de Teresina. O retorno à chefia do Executivo municipal marca o início de uma gestão que busca aliar a experiência administrativa do gestor aos novos desafios de uma capital em crescimento acelerado, exigindo soluções ágeis em áreas essenciais.

Arquivo / O Dia

Silvio Mendes reconhece necessidade de avançar no transporte público e quer discutir redução de gratuidades

Nesse começo de governo, Silvio Mendes destacou que tem enfrentado gargalos históricos, como a crise no transporte público e rede de saúde, bem como a crescente demanda por vagas e segurança nas escolas municipais. Paralelamente, ele afirmou que tem priorizado ações de impacto imediato, como a intensificação da limpeza urbana, a reorganização das finanças públicas e o fortalecimento da assistência social para pessoas em situação de vulnerabilidade.

O prefeito também relatou que tem se debruçado sobre problemas herdados de gestões anteriores, entre eles dívidas milionárias e contratos considerados irregulares, que ainda comprometem a plena operação da administração municipal. De acordo com o gestor, a superação desses passivos é fundamental para destravar investimentos e recuperar a capacidade de resposta do poder público.

Em entrevista ao Jornal O Dia, Silvio Mendes fez um balanço das principais ações desenvolvidas neste início de mandato e apontou quais devem ser as prioridades nos próximos meses. Segundo ele, a meta é avançar com medidas práticas e eficientes, buscando resultados concretos para a população, sem abrir mão do diálogo contínuo com os teresinenses.

Educação

“A educação é nossa maior obra. Conseguimos contratar 778 novos servidores para a educação, metade professores, outros da área administrativa e afins. Foram criadas 15 mil novas vagas na rede municipal, nas 323 escolas que o município possui, e passamos dos 90 mil alunos da rede. Tem vagas para todos, que ninguém fique sem estudar por conta de não ter vaga. Dentro das 15 mil novas vagas, apenas 1.500 e pouco foram ocupadas. Colocamos um sistema de segurança eletrônica em todas as escolas, 24 horas e todos os dias, com a sala de situação na própria SEMEC. Então a gente já tem inclusive identificado algumas pessoas que querem tumultuar a vida escolar e não vão conseguir. As escolas todas elas têm dispositivos permanentes de acompanhamento, desde a chegada das crianças, o dia inteiro, a noite, fim de semana, e eu estou satisfeito com o que foi conseguido organizar”

Saúde

“Nós fizemos 1.291 novas admissões por concurso público de todas as profissões: médicos, dentista, enfermeiro e o que mais a rede precisava. Os medicamentos chegaram nos hospitais, numa situação de emergência, está em curso uma licitação com valor estimado de 50 milhões de reais em medicamentos para que ninguém deixe de ter o medicamento necessário para cuidar e manter sua saúde. O HUT continua com déficit financeiro muito forte: 20 milhões de reais ao mês. Mas em janeiro já foi conseguido com a nova direção um recorde na realização de 1.543 cirurgias. É o recorde nos seus 17 anos. Mas é preciso que a gente, por exemplo, consiga recursos de custeio para que a gente evite pacientes nos corredores. Isso não foi conseguido ainda, mas eu espero junto com a bancada federal que teve conosco na audiência com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que conhece Teresina, conhece o estado, e é preciso que a gente resolva essa questão de subfinanciamento que não é próprio de Teresina. É uma questão nacional. Porque quando o Congresso criou o SUS e colocou na Constituição Federal que o SUS é um Sistema Único de Saúde feito por Município, Estado e União e que o SUS deverá atender a população de forma universal, quer dizer, todos; que seja integral para qualquer necessidade que o cidadão tenha; e que ele seja igual para todos, que seja equântico. São os três princípios fundamentais do SUS que não cumprimos. Ninguém cumpre no Brasil. Esqueceram de dizer como que faz isso. Os municípios avançaram em todos os indicadores de saúde, principalmente a taxa de mortalidade infantil, ela teve uma queda brusca e estancou”

 Finanças

“A gente está buscando equilíbrio financeiro, não só reduzindo despesas a partir do dia 1º janeiro. O passado a gente está verificando processo por processo. A Procuradoria do Município está encaminhando para o Tribunal de Contas 3.330 processos de atos que foram praticados em gestões passadas. É obrigação nossa, a Procuradoria que tomou essa providência, porque a gente não vai ser penalizado por omissão de gestão pública. Eles estão obrigados a fazer esse tipo de procedimento e naturalmente o Tribunal de Contas vai tomar a providência onde lhe couber. Aqui o que for formal e correto a gente vai negociar a dívida como for possível pagar, tanto que todos recebam pelo aquilo que fez ou forneceu. Aquele que não foi indicado no pregão, claro que não será pago, isso é óbvio. Contudo, tem uma dívida para vocês terem ideia: tem uma ação das empresas do transporte coletivo e passivo trabalhista dos terceirizados que chega a mais de 300 milhões de reais”

Assistência Social

“Na área social, trabalhado pela Eliane, que tem trabalhado tanto, estamos gostando. Eu estou acompanhando. Na próxima segunda-feira, vai ser aberto o restaurante popular, que nós tínhamos feito lá atrás, passou um tempo e reforma, fechou, não sei o que, mas volta. Importante dizer que vai ser cobrado para quem vai comer 2 reais e a Prefeitura vai dar um subsídio de 4 reais. É um dinheiro bem empregado para aqueles que têm fome. São duas refeições por dia, podendo ser ampliado dependendo da demanda. Os moradores de rua tem um trabalho muito forte também da Semcapi é que foram identificados, não é a quantidade que se dizia, que não tinha 2.600 ambulantes, é um pouco mais de 300, mas muitos não são de Teresina, são de Timon, mas são irmãos nossos que passa necessidade e nenhum motivo para estar evitando a ajuda no que for possível. E com providência para a gente dar dignidade a essas pessoas que têm conflitos familiares. Geralmente com problemas de dependência química, enfim. Estamos colocando um banheiro móvel que possa percorrer a cidade onde esses homens e mulheres estiverem por uma razão ou outra morando na rua que é um conflito muito difícil de se resolverem, seja um problema familiar seja acomodação. Mas a Semcaspi está fazendo um trabalho muito bonito. Conseguiram tirar das ruas os venezuelanos.Então, os venezuelanos saíram das ruas por quê? Porque todos tem Bolsa Família e nós dissemos que se eles permanecessem nas ruas, seria suspenso o benefício do Bolsa Família. E as crianças em idade escolar estão sendo matriculadas na rede de ensino. Estamos tratando como nós nos tratamos aqui”

Limpeza pública

“Estamos realizando mutirões de limpeza na cidade desde janeiro. Reduzimos o custo de limpeza pública, que chegou a pagar 25 milhões de reais, esse mês agora se pagou em torno de 18 milhões de reais, com vários cuidados como pesar os caminhões que levam o lixo pro aterro sanitário que não era pesado. Isso não era razoável. O que for poda, de acordo com a própria Equatorial, a gente tem um sistema de compostagem de forragem, então o que for feito de resultado de poda será feita a compostagem, os centros compostagem foi feito no meu tempo ainda, só que a quantidade de oferta é tão grande e pegar o lodo lá da lagoa de estabilização da Águas de Teresina que misturando está um um um grande adubo que nós não vamos usar tudo. Então a empresa que continua lá tomando de conta vai continuar sendo fiscalizada naturalmente e eles vão ter renda a partir da venda que eles vão fazer dos do que for produzido e tirar parte da prefeitura”

Transporte público

"Estamos tomando umas providências, por exemplo, a gente quer garantir que volte o prestígio do transporte público que perdeu a credibilidade. Então muita gente deixou de andar de transporte público porque aqui não tem horário, não tem organização, a quantidade é menor. Então foi uma decisão bem rápida que a gente tomou foi a seguinte: o subsídio que a prefeitura no sistema, de 6,7 milhões de reais, vai receber a empresa que colocar ônibus, obrigatoriamente. Quem não colocar não recebe. Assunto encerrado. A Strans tomou providência no sentido de garantir o horário da partida da viagem de origem para que a pessoa se programe [...]. Se observarem, no momento de maior movimento os ônibus andam urgente, bem menos do que antes, e no intervalo desse movimento de ida ao trabalho ou escola, coisa dessa natureza, eles andam ‘batendo lata’. O que seria isso? É o ônibus vazio. E isso implica no aumento de custo da tarifa. Quem pode comprar seu veículo, fugiu do transporte, ou outra alternativa, fugiu do transporte coletivo. Chegamos a transportar mais de 60% da população e hoje está nos 11%. Então, é preciso que eles voltem a acreditar e que as regras sejam cumpridas. Teresina tem entre 18% e 20% de gratuidade e isso implica na tarifa. Quem está andando de graça, alguém está pagando, seja de dinheiro público, subsídio, seja o passageiro que usa o transporte. Acho que esse negócio de cotas é preciso ter muito cuidado, porque você delibera contra aquilo que não é seu. Eu acho que não é o fato da pessoa ser idosa que deve usar o transporte coletivo gratuito. Se ele é idoso, mas tem renda, por que não pagar? Por que que o policial militar, civil, oficial de justiça e outros, incluir sim a pessoa com deficiência, por que esses outros não? Isso é um ajuste que vai ser feito a partir do momento que se discutir isso. O BNDES está estudante, com 50 milhões de reais para estudar como é que se reorganiza, transporte coletivo em zonas metropolitanas. E Teresina foi incluída entre elas, porque você tem 900 mil habitantes aqui, com Timon tem uma população de mais de um milhão de pessoas. Em tese usuários [...]. Então nós vamos aguardar. Essa discussão já tem sido feita com o Santana que fez o plano diretor, atualizando o que que a gente pode fazer agora”