A Polícia Civil deu detalhes de coo funcionavam as corridas de rua, conhecidas como rachas, em Teresina, cujo grupo realizador foi alvo de uma operação nesta manhã (27). A operação Need for Speed resultou na apreensão de 19 armas de fogo, 2.700 munições, dois autos de prisão em flagrante e na apreensão de diversos veículos de luxo avaliados em R$ 4 milhões. Uma das prisões foi a de um vereador na cidade de Hugo Napoleão.

Reprodução

Operação Need for Spped: carros de luxo apreendidos valem R$ 4 milhões

A polícia começou a monitorar o grupo que fazia estes rachas no início de 2025. Foi identificado que todas as quartas-feiras eles se reuniam em um estabelecimento na Avenida Raul Lopes para exibir seus carros importados, ingerir bebidas alcoólicas e apostar corridas na via pública. Chamou a atenção o fato de os motoristas levarem até crianças dentro de seus veículos para acompanhar as corridas.

“Era por volta de nove, dez horas da noite que eles ficavam tirando esses rachas, inclusive com as pessoas ali, fazendo caminhada. Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão domiciliares, 26 pessoas foram alvo e o juiz determinou algumas medidas cautelares, entre elas a apreensão dos carros que eram usados nesses rachas”, explicou o delegado Mateus Zanatta, superintendente de Operações Integradas (SOI) da Secretaria de Segurança Pública.

Assis Fernandes/O Dia

Delegado Mateus Zanatta, superintendente de Operações Integradas (SOI) da Secretaria de Segurança Pública

De acordo com ele, os veículos de luxo que foram apreendidos têm um alto valor de mercado. Um deles, um Posche, foi avaliado em R$ 450 mil. Entre os carros há ainda BMWs e Camaros. Muitos dos investigados possuíam inclusive garagem de carros de luxo e atuavam na revenda de veículos. A polícia solicitou para a Justiça a alienação antecipada dos bens, ou seja, pediram que o juiz mande os veículos imediatamente para leilão, já que, pelo perigo da conduta, eles eram armas nas mãos dos investigados.

Grupo usava as redes sociais para divulgar rachas

As redes sociais era por onde os investigados divulgavam as corridas de rua, organizavam os eventos e ostentavam seus carros. O objetivo era cooptar novas pessoas para participar dos rachas. A justiça determinou que eles excluam seus perfis nas redes.

As corridas, segundo a polícia, tinham como propósito unicamente a “pseudo-diversão”, ou seja, eram realizadas apenas por prazer e para exibição dos carros de luxo. Os rachas eram uma forma de os participantes medirem a potência de seus veículos e a ostentarem. As corridas não tinham um prêmio final. Foi descartado qualquer envolvimento do estabelecimento onde eles se reuniam na realização das corridas. O local era apenas usado pelos investigados como ponto de encontro e de consumo de bebida.

Reprodução

Porsche foi avaliado em R$ 450 mil

Adolescente de 16 anos era incentivado pelo pai a fazer racha

Chamou a atenção da polícia o envolvimento de um adolescente de 16 anos que era abertamente incentivado pelo próprio pai a participar dos rachas. De acordo com o delegado Rony Silveira, o pai desse jovem entregava o veículo para que ele fosse participar das corridas e às vezes chegava a acompanha-lo até o posto usado como ponto de encontro. Ele havia dado para o filho recentemente um veículo de luxo e deve responder pelo crime de entregar veículo automotor a pessoa não habilitada.

Na casa do empresário, pai do adolescente, a polícia apreendeu 18 armas de fogo, sendo uma delas ilegal. As demais tinham registro como CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador). No entanto, por ser CAC Nível 1, o empresário não poderia ter esta quantidade de armas, o que resultou na apreensão do armamento. Ele deve responder por posse irregular de arma de fogo.

Os investigados também devem ser indiciados pelos crimes de perturbação do sossego, por conta do barulho dos motores dos carros. Em alguns veículos, o cano de escape era alterado para aumentar o ronco do motor. Há ainda os crimes de supressão de sinal identificador dos carros, já que alguns tiravam as placas para os rachas, corrupção de menores e associação criminosa.

Vereador de Hugo Napoleão foi preso

Um dos alvos da polícia era um vereador na cidade de Hugo Napoleão. No local, foi encontrada uma arma de fogo e ele foi autuado em flagrante por porte ilegal. O crime é afiançável e a justiça estipulou fiança de 20 salários mínimos, valor que foi pago por ele e ele acabou posto em liberdade. Ao todo, a justiça arbitrou mais de R$ 60 mil em fiança aos alvos da operação Need for Speed.