A ex-assessora de Dr. Pessoa, Sol Pessoa, é apontada como a responsável por chefiar o esquema de corrupção milionário na Prefeitura de Teresina. Segundo as investigações realizadas pela Polícia Civil do Piauí, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), a servidora pública comissionada, que atuava na gestão municipal anterior, exercia forte influência sobre o setor administrativo, tinha controle direto sobre a folha de pagamento e contratações da prefeitura.
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Um dos esquemas que, segundo a polícia, ela comandava com as contas públicas era a chamada “rachadinha”, em que servidores indicados por ela davam parte de seus salários a quem fazia parte do esquema. A investigação da Delegacia de Combate à Corrupção apontou que um motorista da Prefeitura de Teresina chegou a depositar R$ 150 mil na conta da empreiteira que construía a casa de Sol Pessoa. Ou seja, o imóvel dela teria sido custeado com dinheiro oriundo do esquema e o valor denota as somas vultuosas movimentadas pelos participantes.
Sol Pessoa foi investigada no âmbito da Operação Gabinete de Ouro, que apura o esquema de corrupção por meio do contrato e manipulação indevida de pagamentos no gabinete da ex-assessora de Dr. Pessoa. Ao mesmo tempo, a polícia deflagrou uma segunda ação: a Operação Interpostos, que investiga a participação de ex-vereadores da Câmara Municipal de Teresina num esquema de desvio de recursos por meio de contratos ilícitos com empresas laranjas.
“A ex-servidora seria a chefe da operação criminosa, que fazia operações financeiras dentro da gestão com terceiros, e os outros dois faziam operadores financeiros, ou seja, ela dava as ordem e eles cumpriam realizando as operações com terceiros, empresas privadas e entre eles”, disse a delegada Bernadete Santana, da Delegacia de Combate à Corrupção, acrescentando que a ex-assessora de Dr. Pessoa autorizava pagamentos, realocava valores de contratos terceirizados e usava as contas de terceiros para movimentar recursos de origem ilícita.
As investigações que respaldaram os inquéritos da Operação Gabinete de Ouro e da Operação Interpostos são oriundas de um relatório de inteligência financeira produzido pelo Coaf. O órgão detectou uma movimentação atípica nas contas dos investigados em valores muito acima dos declarados por eles e muitas delas com dinheiro em espécie, o que dificulta o rastreio de transações por parte das autoridades.
O Coaf acionou a Polícia Civil por meio de ofício, forneceu as informações, que foram analisadas pelo Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro, e resultaram nos relatórios que embasaram os inquéritos. A Operação Gabinete de Ouro mirou no núcleo que comandava os esquemas de desvios e a Operação Interpostos mirou nos operadores do esquema, que incluía dois ex-parlamentares e um empresário.
Estes três e Sol Pessoa foram alvos dos mandados judiciais cumpridos nesta manhã (14). Durante as diligências a polícia apreendeu diversos veículos, sequestrou um sítio de propriedade de um dos investigados e bloqueou mediante autorização judicial mais R$ 75 milhões em bens. Esse valor seria o equivalente ao prejuízo causado aos cofres públicos por meio do esquema.
As prisões cumpridas hoje são temporárias, mas a depender da análise da polícia, as prisões preventivas podem ser pedidas. A Polícia Civil não forneceu os nomes dos investigados além do da ex-assessora de Dr. Pessoa. Mas um dos alvos da Operação Interpostos seria o filho do ex-deputado Silas Freira, Stanley Freire, que esteve à frente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves durante um período da gestão do ex-prefeito.
Próximas etapas da investigação
As apurações seguem em andamento. A Polícia Civil continua colhendo depoimentos e rastreando fluxos financeiros para comprovar vínculos entre servidores, ex-gestores e operadores. Os resultados dos dois inquéritos serão encaminhados ao Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), que deverá analisar as provas e adotar as medidas cabíveis.
Relação com o ex-prefeito Dr. Pessoa
Apesar de terem o mesmo sobrenome, Sol Pessoa e o ex-prefeito Dr. Pessoa não teriam grau de parentesco direto comprovadamente atestado. O ex-gestor nega que Sol seja sua parente e a própria Sol Pessoa disse em depoimento à polícia que não tem um grau de parentesco direto com o ex-prefeito. A O Dia, Dr. Pessoa explicou que Sol fazia parte de sua administração porque a conhecia do município de Água Branca, onde nasceu.
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