O Instituto Médico Legal (IML) do Piauí divulgou o resultado do exame cadavérico feito após a exumação do corpo do músico Carlos Henrique de Araújo Costa, 24 anos, que morreu num grave acidente no dia 30 de maio de 2024 no cruzamento das avenidas Dom Severino com Presidente Kennedy. A exumação foi feita no dia 17 de outubro deste ano a pedido da família e com autorização da Justiça. O laudo concluiu que Carlos Henrique morreu por politraumatismo. Porém, o documento afirma não ter “elementos de convicção” quanto à possibilidade de músico ter sofrido disparo de arma de fogo.

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Carlos Henrique teve o carro atingido por veículo de criminosos em fuga

O laudo concluiu que "a morte se deu por lesões cerebrais, torácicas, abdominais e pé direito produzidos por instrumento de ação contundente provocando politraumatismo principalmente em região torácica, cefálica, abdominal e além de pé direito desencadeando perda sanguínea e de partes moles abundantes com morte por choque hipovolêmico devido ao politraumatismo”. E sobre um possível disparo por arma de fogo, o laudo afirmou que não tem “elementos de convicção devido ao lapso temporal entre a data da morte e a data da exumação”.

É justamente neste ponto que a defesa questiona a conclusão da perícia no corpo de Carlos Henrique. Ao Portal O Dia, o advogado criminalístico Lucas Ribeiro, que está na defesa da família da vítima, questionou o resultado e afirmou que pode pedir uma nova perícia no corpo em institutos fora do Piauí. “A família e o advogado não receberam (o laudo) de maneira oficial, ou seja, a gente não tem acesso ao teor completo do laudo. A gente está aguardando colocarem esse laudo na Justiça Militar, que é onde tramita essa investigação, para que a gente possa ter acesso de maneira completa e fazer as manifestações necessárias”, disse.

“Já antecipo que vamos recorrer e vamos pedir que seja encaminhado a outros institutos, para que se possa fazer uma nova perícia, uma perícia complementar fora do Piauí. No Distrito Federal ou no Maranhão. Quando a gente receber, a gente vai fazer um pedido diretamente para o magistrado e vai depender também do Ministério Público, se vai ratificar o pedido da família ou não. O juiz da Vara Militar vai decidir se essa diligência é necessária ou não para a investigação. A gente acredita que é necessária, temos um posicionamento firme e outros elementos que demonstram que a causa da morte foi disparo de arma e fogo”, rechaçou. 

Tony Silva / O DIA TV

Exumação do corpo de músico morto em acidente ocorreu em outubro, em Teresina.

Uma das quesitações onde se responde que não foi possível apontar se a causa da morte foi disparo de arma e fogo ou não, para a defesa, traz um resultado inconclusivo. "Eles não podem concluir que o resultado da causa da morte foi o acidente de trânsito porque eles não podem afirmar o contrário. Se há dúvidas, precisaria estar de forma bem clara no laudo que há dúvidas, que eles não têm como definir a causa da morte. O que não pode, é pelo fato de não saber se foi realmente disparo de arma e fogo, apontar outra causa da morte”, argumentou.

Relembre o caso

O acidente ocorreu durante perseguição policial na qual o carro do suspeito em fuga atingiu o carro do músico. A família até hoje tem dúvidas sobre as circunstâncias da morte de Carlos Henrique e entender se morreu pelo acidente ou se foi atingido por algum disparo de arma de fogo. Carlos Henrique de Araújo Costa, de 24 anos, acabou morrendo durante uma perseguição entre policiais militares e criminosos. O incidente ocorreu por volta das 5h no cruzamento das avenidas Presidente Kennedy com Dom Severino, zona Leste de Teresina.

Carlos Henrique era passageiro em um carro de aplicativo e estava voltando para casa após uma apresentação. Ao passarem no cruzamento dessas duas vias, o veículo de aplicativo foi atingido violentamente por outro automóvel, que era dirigido por criminosos que estavam fugindo de uma viatura do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM).

Câmeras de segurança que flagraram o acidente mostram o momento em que Carlos Henrique é arremessado do carro em que estava. Os vídeos foram divulgados pela polícia após o IML e o SAMU divergirem quanto às circunstâncias da morte do músico. O laudo da Polícia Técnica Científica apontou que não houve perfuração no corpo da vítima por arma de fogo. Carlos ficou ferido por conta da ação, chegou a ser encaminhado ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.