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Casa da Cultura Dona Carlotinha: guardiã da história e da identidade de Teresina

Funcionando em um casarão colonial no centro da cidade, a instituição preserva acervos e mantém viva a memória cultural de gerações.

13/09/2025 às 14h18

Localizada em pleno centro de Teresina, de frente para uma das praças mais bem emblemáticas da cidade, a João Luiz Ferreira, a Casa da Cultura Dona Carlotinha, que pertence à Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves (FMC), é um espaço quem mais do que preservar peças antigas, mantém viva a memória e a identidade da capital piauiense. O casarão colonial, cheio de histórias, hoje abriga parte do acervo que antes ocupava o antigo espaço Casa da Cultura, reunindo coleções de figuras marcantes do estado e do país, além de salas dedicadas à geologia, paleontologia e numismática.

A casa leva o nome de Dona Carlotinha em referência a Carlota de Moraes Brito Mello, viúva do historiador e literato piauiense Anísio Brito de Mello. Ambos viveram no imóvel durante a década de 1930. Anísio, natural de Piracuruca, teve papel fundamental na vida intelectual do Piauí, sendo diretor da Biblioteca Estadual, do Arquivo Público, do Museu do Piauí, além de ter dedicado parte de sua vida à literatura. Após sua morte, a residência foi incorporada como patrimônio cultural da cidade.

Casa da Cultura Dona Carlotinha: guardiã da história e da identidade de Teresina - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Casa da Cultura Dona Carlotinha: guardiã da história e da identidade de Teresina

Segundo Marilene Evangelista, diretora da atual Casa da Cultura e funcionária da FMC há quase 40 anos, a trajetória recente do local é marcada por mudanças significativas. A antiga sede do arquivo, instalada em meados de 1994 no casarão que pertenceu a Barão de Gurguéia, na Praça Saraiva, foi por muitos anos um ponto de efervescência cultural. Lá, funcionaram orquestra, oficinas de artes, cinema, dança, teatro e até grupos de capoeira, além de abrigar importantes exposições na galeria do espaço.

A mudança para a nova Casa

Entretanto, problemas estruturais, que se agravaram durante o período da pandemia de Covid-19, obrigaram a transferência do acervo para o atual espaço, em 2021, que é bem menor que o anterior. “Foi um desafio enorme. Tivemos apenas um mês para retirar todo o material da antiga casa e trazê-lo para esta. Organizamos uma equipe de 30 pessoas, fotografamos cada peça e montamos este espaço, que hoje se tornou uma espécie de miniatura da antiga Casa de Cultura”, afirma a diretora.

Marilene Evangelista, diretora da Casa da Cultura Dona Carlotinha - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Marilene Evangelista, diretora da Casa da Cultura Dona Carlotinha

O trabalho não foi apenas de mudança, mas também e preservação e adaptação. Parte dos objetos foi armazenada em reserva técnica, enquanto outras peças precisaram de restauração. Algumas acabaram se perdendo ao longo do processo, como telas deterioradas por cupins, mas o esforço da equipe garantiu que o essencial da memória permanecesse acessível ao público.

Hoje, a Casa Dona Carlotinha conta com cinco salas de exposição. Entre os destaques estão o memorial do professor Wall Ferraz (ex-prefeito, lembrado por seu olhar social e sua proximidade com a população), uma coleção dedicada ao professor Noé Mendes (historiador da UFPI e antigo superintendente da Fundação Monsenhor Chaves), um acevo do fotógrafo e pintor José Medeiros e um espaço homenageando o jornalista Carlos Castelo Branco (escritor e membro da Academia Brasileira de Letras).

O espaço guarda ainda coleções de porcelanas raras do mundo todo e conta com um setor voltada à geologia e paleontologia, que contém rochas e fósseis do Piauí, de outros estados e até países. Outro ponto curioso é a sala de numismática, que apresenta moedas e cédulas dos cinco continentes e diferentes períodos, transformando a visita ao local em uma verdadeira aula de história, geografia e educação financeira.

Apesar de sua grande relevância, a instituição enfrenta diversas dificuldades. A manutenção do casarão histórico depende de esforços da equipe e de recursos modestos arrecadados com a entrada, através de um ingresso que custa R$ 5, com desconto para estudantes da rede pública. O valor é utilizado para realizar pequenos reparos e compra de materiais de conservação, por exemplo. “A gente não recebe não recebe recursos específicos. Então, tudo o que entra é revertido para manter as salas abertas, os acervos preservados e a visitação acontecendo. A gente cuida de tudo com muito carinho e atenção”, diz Marilene Evangelista.

Mesmo com as limitações, a Casa Dona Carlotinha segue como um dos espaços culturais mais importantes de Teresina. O local recebe escolas, turistas e pesquisadores durante todo o ano. Recentemente, a visita de cerca de 240 pessoas em um único dia demonstrou o potencial do espaço como ponto de encontro com a história e a memória da cidade. “Cada peça aqui tem uma história, cada sala guarda uma parte da nossa identidade. A gente luta diariamente para que esse patrimônio continue vivo e acessível às futuras gerações”, destaca a diretora.

Aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 8h às 13h, a Casa da Cultura Dona Carlotinha se consolida como guardiã da memória teresinense e piauiense. O espaço proporciona o encontro do presente e do passado, no qual a história da cidade e o do estado se revelam em objetos, imagens e lembranças que resistem ao tempo.

Rebeca Negreiros, especial para o Portal O Dia, com edição de Isabela Lopes.


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