Uma investigação da Polícia Civil revelou um caso de sequestro e tortura ocorrido no bairro Parque Piauí, na zona Sul de Teresina, no final de maio deste ano. Três pessoas – o irmão de um homem desaparecido e dois amigos – foram presas preventivamente nesta terça-feira (1º), acusadas de sequestrar e agredir uma mulher para forçá-la a revelar informações sobre o paradeiro do desaparecido.
Segundo informações da 4ª Seccional de Polícia, o caso começou no dia 24 de maio, quando um morador da região foi dado como desaparecido. Inconformado com a situação, o irmão do desaparecido decidiu agir por conta própria e, acompanhado de um casal de amigos, passou a procurar o paradeiro do familiar. Eles identificaram uma mulher que teria estado com o desaparecido na noite anterior e a abordaram de forma violenta.
A vítima foi forçada a entrar no porta-malas de um carro, sob ameaças de morte. Durante o cativeiro, ela foi submetida a agressões com pedaço de madeira, sofrendo lesões na cabeça e no pescoço, confirmadas posteriormente por exame de corpo de delito. O objetivo do trio era extrair da mulher informações sobre o suposto paradeiro do homem desaparecido.
Populares que presenciaram a cena acionaram a Polícia Militar, que conseguiu interceptar o veículo e prender os suspeitos em flagrante. Inicialmente, eles foram autuados por sequestro simples e lesão corporal e liberados após pagamento de fiança de R$ 500,00.
No entanto, ao receber os autos, a Polícia Civil reclassificou o crime como sequestro qualificado e tortura, e solicitou a quebra da fiança e a decretação da prisão preventiva dos envolvidos, o que foi acatado pela Justiça.
“A vítima foi privada de liberdade e submetida a sofrimento físico para que fornecesse uma informação. Isso caracteriza o crime de tortura”, explicou Leonardo Alexandre, delegado responsável pela investigação.
Desaparecido foi localizado após quatro dias
O homem dado como desaparecido foi localizado dias depois. Segundo a polícia, ele é usuário de drogas e havia simplesmente deixado sua residência, passando dias nas ruas da zona Sul. Atualmente, ele se encontra internado em uma clínica de reabilitação.
Não há qualquer comprovação de que a mulher sequestrada tenha participado do desaparecimento, tampouco de envolvimento com atividades criminosas. Os próprios investigadores afirmam que ela pode ter estado com o homem na noite anterior, mas nada além disso foi confirmado.
Polícia reforça: "Justiça com as próprias mãos é crime"
A Polícia Civil aproveitou o caso para reforçar que nenhum cidadão tem o direito de aplicar a chamada “justiça com as próprias mãos”, e que casos de desaparecimento devem ser reportados imediatamente ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que possui equipe especializada.
“Foi uma ação precipitada, baseada em suposições. E o que ocorreu foi uma injustiça grave. A vítima foi torturada por um crime que não cometeu”, concluiu o delegado.
Os três suspeitos seguem presos preventivamente e vão responder por sequestro qualificado, lesão corporal e tortura, crimes que podem somar penas superiores a 20 anos de prisão.
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