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171 anos de Teresina: veja 5 curiosidades sobre a cidade

A cidade traz consigo características marcantes que sempre farão parte da sua individualidade

16/08/2023 às 09h10

Fundada em 1852, Teresina é fruto de diversos elementos da cultura piauiense. Com 171 anos de história, nossas ruas carregam as memórias das gerações que aqui viveram. Às margens do Rio Poti e do Rio Parnaíba, a cidade traz consigo características marcantes que sempre farão parte da sua individualidade.

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Antes mesmo de sua fundação oficial enquanto capital, o território teresinense era ocupado por ribeirinhos e povos indígenas que viviam na região da Vila Poti, conhecida hoje como Poti Velho. A historiadora Andreia Andrade explica que o local tem grande importância na cultura e tradição teresinense. 

A população do Poti foi essencial para a construção de Teresina. Desde 1828, indígenas em pequenas aldeias viviam nesta região. Durante o século XIX, a área testemunhou grande circulação de renda. Historicamente, é uma região que apresentou uma relação comercial muito marcante


Andreia Andradehistoriadora

Em seu livro “Do sertão à beira-rio”, Andreia Andrade conta que a história de Teresina é marcada pela religiosidade e por manifestações culturais. Os eventos que aqui aconteciam não se limitavam à igreja, mas voltavam-se também para os festejos musicais. “Nossa cultura é caracterizada pelo sagrado ligado ao profano. Os festejos da cidade, as festas de Nossa Senhora do Amparo, englobavam tanto a parte religiosa, quanto outras atividades culturais, como leilões e festas de forró”, aponta a historiadora. 

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Cidade foi fundada oficialmente em 1852 - (Correio da Manhã/Arquivo Nacional) Correio da Manhã/Arquivo Nacional
Cidade foi fundada oficialmente em 1852

Curiosidades sobre Teresina

O fato de Teresina ter recebido esse nome em homenagem à Imperatriz Thereza Cristina Maria, esposa de Dom Pedro II, é uma das curiosidades que podemos citar acerca da cidade. Abaixo, preparamos uma lista de outras cinco curiosidades interessantes sobre a nossa capital. Confira!

1- Primeira capital planejada do Brasil

Teresina foi a primeira capital planejada no país. A cidade foi fundada, oficialmente, em 1852, para receber a sede da administração piauiense. O projeto de criação de Teresina, no entanto, antecede o ano de sua fundação, uma vez que desde o século XVIII já se discutia a possibilidade de transferência da capital do Estado, que ficava em Oeiras. 

De acordo com Andreia Andrade, a localização entre os rios e a maior possibilidade de comunicação com outros estados do Brasil motivaram a escolha do território que hoje conhecemos como Teresina. “Oeiras ficava distante dos rios Poti e Parnaíba e, devido a distância das vias navegáveis, existia grande dificuldade de comunicação com o restante do país. Muitas vezes, os alimentos levavam meses para chegar”, afirma.

Teresina foi primeira capital planejada do Brasil - (Reprodução / Biblioteca IBGE) Reprodução / Biblioteca IBGE
Teresina foi primeira capital planejada do Brasil

2 - Igreja Nossa Senhora do Amparo é o marco zero da cidade

A Igreja Nossa Senhora do Amparo, localizada no Centro de Teresina, foi o primeiro prédio público da capital. Nela, foi estabelecido o marco zero da cidade, ou seja, o ponto que seria referência para a construção de novas obras e desenvolvimento da capital.

A igreja foi inaugurada 131 dias após a demarcação inicial e as primeiras casas da cidade foram construídas ao seu redor.

“Foi realizado um planejamento urbano para Teresina. A planta da cidade foi feita pelo mestre de obras João Isidoro Santos. Ao fazer esse plano, ele estabelece um marco zero que vai ter como ponto principal a Igreja Nossa Senhora do Amparo. A partir desse marco, eram definidos os limites urbanos da capital”, destaca Andreia Andrade.

Igreja Nossa Senhora do Amparo é o marco zero de Teresina - (Moura Alves/MTur) Moura Alves/MTur
Igreja Nossa Senhora do Amparo é o marco zero de Teresina

3 - Teresina teve uma rua conhecida como “Rua dos Negros”

Quando pensamos na Teresina do século XIX, precisamos lembrar que o período era caracterizado pela escravização de milhares de africanos e que, mesmo após a sua abolição, em 1888, estes povos continuaram a ser perseguidos. Nessa época, a capital era o principal destino de escravos e recém libertos do Piauí. Enquanto a elite construía e ocupava os grandes casarões, a população negra tentava sobreviver dentro e fora dos limites urbanos.

A presença dos negros era sentida através da sua expressiva cultura que se dava por meio de danças, batuques e festividades. Nesse período é que surge a “Rua dos Negros”, como ficou popularmente conhecida uma rua onde normalmente se concentrava maior quantidade de pessoas pretas em seus momentos de descontração. Ela ficava localizada entre a atual Lisandro Nogueira e a Rua Imperatriz.

“Os batuques marcam a cultura teresinense. Nós tínhamos em nosso espaço urbano, na cena de Teresina, a festividade da população negra, que muitas vezes se tornavam casos de polícia”, lembra Andreia Andrade. 

“Os batuques marcam a cultura teresinense", diz historiadora - (Reprodução/Significados) Reprodução/Significados
“Os batuques marcam a cultura teresinense", diz historiadora

4 - Teresina é a única cidade com uma floresta na zona urbana

Teresina foi conhecida durante muito tempo como “cidade verde” e o nome não é atoa. A capital é a única de todo o Brasil que possui uma floresta na zona urbana. O Parque Municipal Floresta Fóssil é um sítio paleontológico que fica localizado no meio da cidade, às margens do Rio Poti. Nas Américas, os tipos de troncos fossilizados encontrados nessa floresta só existem aqui e nos Estados Unidos.

No local, encontram-se troncos com mais de 250 milhões de anos e, por isso, a floresta fóssil de Teresina é uma das mais raras no mundo. Em 2010, ela foi tombada como patrimônio histórico pelo Ministério da Cultura.

“Essa floresta se constitui de formações rochosas que datam a Era da Pedra de Fogo e o período paleozoico. É um local importante para a conservação e preservação histórica do país e também de Teresina, uma vez que essa é uma característica que poucos conhecem sobre a capital”, comenta a historiadora. 

Floresta Fóssil de Teresina é uma das únicas em todo o mundo - (Reprodução / Conheça o Piauí ) Reprodução / Conheça o Piauí
Floresta Fóssil de Teresina é uma das únicas em todo o mundo

5 - Capital é a única do nordeste que não tem praia

Com sol e quentura característicos, Teresina é a única capital do Nordeste que não é banhada pelo mar. A cidade fica localizada a cerca de 345 km da praia mais próxima. Apesar disso, Teresina é banhada por dois rios, e isso a tornou a escolha perfeita para ser a sede da administração do Estado.

"Quando abordamos a fundação de Teresina, estamos falando sobre o conceito de elevar o Estado a novos horizontes. Apesar de não se estender até o litoral, a existência de vias fluviais possibilitadas pelos rios incentivou o fluxo comercial, cultural e educacional, colocando o Piauí no cenário nacional", ressalta Andreia Andrade.

"Teresina do século XIX continua viva", diz historiadora

Para a historiadora Andreia Andrade, a Teresina do século XIX ainda se mantém viva em certos pontos da cidade. Ela destaca que muitas vezes, andamos pela capital sem perceber a história por trás dos monumentos e prédios antigos.

"Circular pelo centro é perceber como a Teresina do século XIX, muitas vezes, se mantém viva. Existe uma relação viva entre a vida urbana de ontem e de hoje. A gente caminha pelo Centro de Teresina e não percebe o quanto temos permanências de quando a cidade foi criada", aponta.

O livro de Andreia Andrade, "Do sertão à beira-rio", fala sobre a transferência da capital do Piauí e traz características da Teresina Oitocentista. Sociedade, economia, cultura, política, educação, religiosidade e sociabilidades são temas que, entre outros, atravessam as páginas do livro.

"Do sertão à beira rio: a transferência da capital do Piauí e a Teresina Oitocentista” - (Arquivo Pessoal) Arquivo Pessoal
"Do sertão à beira rio: a transferência da capital do Piauí e a Teresina Oitocentista”

Confira a matéria especial "Teresina, 171 anos: uma cidade singular" publicada no Jornal O DIA desta quarta-feira (16)

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