Fundada em 1852, Teresina é fruto de diversos elementos da cultura piauiense. Com 171 anos de história, nossas ruas carregam as memórias das gerações que aqui viveram. Às margens do Rio Poti e do Rio Parnaíba, a cidade traz consigo características marcantes que sempre farão parte da sua individualidade.
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Antes mesmo de sua fundação oficial enquanto capital, o território teresinense era ocupado por ribeirinhos e povos indígenas que viviam na região da Vila Poti, conhecida hoje como Poti Velho. A historiadora Andreia Andrade explica que o local tem grande importância na cultura e tradição teresinense.
Em seu livro “Do sertão à beira-rio”, Andreia Andrade conta que a história de Teresina é marcada pela religiosidade e por manifestações culturais. Os eventos que aqui aconteciam não se limitavam à igreja, mas voltavam-se também para os festejos musicais. “Nossa cultura é caracterizada pelo sagrado ligado ao profano. Os festejos da cidade, as festas de Nossa Senhora do Amparo, englobavam tanto a parte religiosa, quanto outras atividades culturais, como leilões e festas de forró”, aponta a historiadora.
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Curiosidades sobre Teresina
O fato de Teresina ter recebido esse nome em homenagem à Imperatriz Thereza Cristina Maria, esposa de Dom Pedro II, é uma das curiosidades que podemos citar acerca da cidade. Abaixo, preparamos uma lista de outras cinco curiosidades interessantes sobre a nossa capital. Confira!
1- Primeira capital planejada do Brasil
Teresina foi a primeira capital planejada no país. A cidade foi fundada, oficialmente, em 1852, para receber a sede da administração piauiense. O projeto de criação de Teresina, no entanto, antecede o ano de sua fundação, uma vez que desde o século XVIII já se discutia a possibilidade de transferência da capital do Estado, que ficava em Oeiras.
De acordo com Andreia Andrade, a localização entre os rios e a maior possibilidade de comunicação com outros estados do Brasil motivaram a escolha do território que hoje conhecemos como Teresina. “Oeiras ficava distante dos rios Poti e Parnaíba e, devido a distância das vias navegáveis, existia grande dificuldade de comunicação com o restante do país. Muitas vezes, os alimentos levavam meses para chegar”, afirma.
2 - Igreja Nossa Senhora do Amparo é o marco zero da cidade
A Igreja Nossa Senhora do Amparo, localizada no Centro de Teresina, foi o primeiro prédio público da capital. Nela, foi estabelecido o marco zero da cidade, ou seja, o ponto que seria referência para a construção de novas obras e desenvolvimento da capital.
A igreja foi inaugurada 131 dias após a demarcação inicial e as primeiras casas da cidade foram construídas ao seu redor.
“Foi realizado um planejamento urbano para Teresina. A planta da cidade foi feita pelo mestre de obras João Isidoro Santos. Ao fazer esse plano, ele estabelece um marco zero que vai ter como ponto principal a Igreja Nossa Senhora do Amparo. A partir desse marco, eram definidos os limites urbanos da capital”, destaca Andreia Andrade.
3 - Teresina teve uma rua conhecida como “Rua dos Negros”
Quando pensamos na Teresina do século XIX, precisamos lembrar que o período era caracterizado pela escravização de milhares de africanos e que, mesmo após a sua abolição, em 1888, estes povos continuaram a ser perseguidos. Nessa época, a capital era o principal destino de escravos e recém libertos do Piauí. Enquanto a elite construía e ocupava os grandes casarões, a população negra tentava sobreviver dentro e fora dos limites urbanos.
A presença dos negros era sentida através da sua expressiva cultura que se dava por meio de danças, batuques e festividades. Nesse período é que surge a “Rua dos Negros”, como ficou popularmente conhecida uma rua onde normalmente se concentrava maior quantidade de pessoas pretas em seus momentos de descontração. Ela ficava localizada entre a atual Lisandro Nogueira e a Rua Imperatriz.
“Os batuques marcam a cultura teresinense. Nós tínhamos em nosso espaço urbano, na cena de Teresina, a festividade da população negra, que muitas vezes se tornavam casos de polícia”, lembra Andreia Andrade.
4 - Teresina é a única cidade com uma floresta na zona urbana
Teresina foi conhecida durante muito tempo como “cidade verde” e o nome não é atoa. A capital é a única de todo o Brasil que possui uma floresta na zona urbana. O Parque Municipal Floresta Fóssil é um sítio paleontológico que fica localizado no meio da cidade, às margens do Rio Poti. Nas Américas, os tipos de troncos fossilizados encontrados nessa floresta só existem aqui e nos Estados Unidos.
No local, encontram-se troncos com mais de 250 milhões de anos e, por isso, a floresta fóssil de Teresina é uma das mais raras no mundo. Em 2010, ela foi tombada como patrimônio histórico pelo Ministério da Cultura.
“Essa floresta se constitui de formações rochosas que datam a Era da Pedra de Fogo e o período paleozoico. É um local importante para a conservação e preservação histórica do país e também de Teresina, uma vez que essa é uma característica que poucos conhecem sobre a capital”, comenta a historiadora.
5 - Capital é a única do nordeste que não tem praia
Com sol e quentura característicos, Teresina é a única capital do Nordeste que não é banhada pelo mar. A cidade fica localizada a cerca de 345 km da praia mais próxima. Apesar disso, Teresina é banhada por dois rios, e isso a tornou a escolha perfeita para ser a sede da administração do Estado.
"Quando abordamos a fundação de Teresina, estamos falando sobre o conceito de elevar o Estado a novos horizontes. Apesar de não se estender até o litoral, a existência de vias fluviais possibilitadas pelos rios incentivou o fluxo comercial, cultural e educacional, colocando o Piauí no cenário nacional", ressalta Andreia Andrade.
"Teresina do século XIX continua viva", diz historiadora
Para a historiadora Andreia Andrade, a Teresina do século XIX ainda se mantém viva em certos pontos da cidade. Ela destaca que muitas vezes, andamos pela capital sem perceber a história por trás dos monumentos e prédios antigos.
"Circular pelo centro é perceber como a Teresina do século XIX, muitas vezes, se mantém viva. Existe uma relação viva entre a vida urbana de ontem e de hoje. A gente caminha pelo Centro de Teresina e não percebe o quanto temos permanências de quando a cidade foi criada", aponta.
O livro de Andreia Andrade, "Do sertão à beira-rio", fala sobre a transferência da capital do Piauí e traz características da Teresina Oitocentista. Sociedade, economia, cultura, política, educação, religiosidade e sociabilidades são temas que, entre outros, atravessam as páginas do livro.