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Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, que interditou postos no Piauí

Sete empresários são investigados, quatro empresas foram alvos de mandados, 49 postos de combustível foram fechados e um esquema de quase R$ 1 bilhão foi desarticulado.

05/11/2025 às 17h49

A Operação Carbono Oculto 86, deflagrada hoje (05) em Teresina, revelou o braço financeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Norte e Nordeste. O grupo que tem origem em São Paulo e é historicamente vinculado ao tráfico e à lavagem de dinheiro, teria expandido sua atuação para o setor de combustíveis, utilizando empresas de fachada, fundos de investimento e “laranjas” para movimentar uma cifra perto dos R$ 2 bilhões.

Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina - (Divulgação/SSP-PI) Divulgação/SSP-PI
Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina

compradora, a Prima Energia Participações Ltda havia sido criada apenas seis meses antes da assinatura dos contratos. Na ocasião, a Polícia Civil do Piauí encontrou indícios de que a Prima Energia funcionava como empresa de fachada ligada a dois fundos de investimento citados na Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto em São Paulo.

Na ocasião, o Ministério da Justiça e a Receita Federal desarticulou um esquema de R$ 52 bilhões comandado por integrantes do PCC no setor de combustíveis. A investigação conduzida no Piauí revelou interconexão direta entre empresários locais e os mesmos fundos e operadores financeiros investigados na Operação Carbono Oculto. Aqui no Piauí, as investigações se intensificaram depois de denúncias de adulteração de combustíveis e fiscalizações do Procon e do IMEPI.

Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina - (Divulgação/SSP-PI) Divulgação/SSP-PI
Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina

Foram mais de 20 autuações por posto de gasolina por fraudes quantitativas (bomba baixa) na venda de combustível, e também por fraudes qualitativas, quando há aditivos adicionados à gasolina. Além disso, a Sefaz analisou, em 2023 e 2024, crimes tributários. Sabíamos que os proprietários destes postos eram de São Paulo e havia esse receio de que essa origem de recursos fosse ilícita, mas ainda não havia a certeza”, explicou o secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas.

Chico Lucas, secretário de Segurança Pública do Piauí - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Chico Lucas, secretário de Segurança Pública do Piauí

Os postos HD, embora formalmente vendidos, continuaram sob controle dos empresários piauienses Haran Santhiago Girão Sampaio e Danilo Coelho de Sousa. Documentos apontaram que as novas empresas eram administradas por ex-funcionários dos próprios empresários, pessoas com perfil socioeconômico incompatível com o de donos de holdings milionárias sediadas na Avenida Paulista, em São Paulo.

A Polícia Civil mapeou mais de 70 empresas envolvidas no esquema, incluindo postos, construtoras, distribuidoras, transportadoras e até fintechs. Após a venda, muitos mudavam de nome e passavam a operar sob novas bandeiras como Rede Diamante e Rede Prima, mas mantinha o endereço, os funcionários e a estrutura operacional.

Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina - (Divulgação/SSP-PI) Divulgação/SSP-PI
Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina

Anchieta Nery, delegado diretor de Inteligência da Polícia Civil, explicou que foram identificados CNPJs sobrepostos, alterações societárias em série e transferências entre empresas criadas para dissimular a origem dos recursos. Além disso, nas redes sociais, pessoas ligadas aos empresários ostentavam carros de luxo, viagens internacionais e propriedades rurais de alto valor, padrão de vida incompatível com os lucros declarados do negócio.

Delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da Polícia Civil - (O Dia) O Dia
Delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da Polícia Civil

O secretário Chico Lucas chegou a afirmar que há empresários honestos no Piauí, mas que só a existência de uma atividade ilícita justificaria o grau de ostentação que os empresários mantinham nas redes sociais. Entre os bens apreendidos dos investigados estão aeronaves de pequeno porte avaliadas em quase R$ 30 milhões, carros de luxo avaliados em meio milhão, relógios de luxo avaliados em centenas de milhares de reais e diversos itens de grifes internacionais de luxo além de R$ 370 milhões.

Além da lavagem de dinheiro, a investigação detectou um padrão de fraudes graves como adulteração de combustível e indícios de fraude eletrônica.

Elo Piauí-São Paulo e o PCC

As provas reunidas pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Piauí confirmam qu os fundos e empresas que compraram os postos piauienses estão diretamente vinculados aos alvos da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto em São Paulo. Entre os nomes em comum estão Rogério Garcia Peres, gestor da Altinvest, apontada como uma das principais fintechs usadas pelo PCC para movimentar recursos ilícitos.

Notas fiscais apreendidas mostram transações diretas entre empresas locais e distribuidoras paulistas que já figuram em investigações de lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis, dentre elas a Duvale Distribuidora, a GGC Global e a Copape Produtos de Petróleo. Foram localizadas 504 notas fiscais emitidas por distribuidoras controladas pelo PCC em favor das empresas piauienses além de remessas financeiras realizadas por Denis Alexandre Jotesso Villani, empresário de Araraquara, para firmas ligadas ao grupo investigado.

Villani aparece como sócio de ao menos 40 empresas, incluindo 12 postos Diamante no Piauí, e transferiu mais de R$ 700 mil para uma empresa que, segundo a Receita Federal, pertence a laranjas identificados na Carbono Oculto.

Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina - (Divulgação/SSP-PI) Divulgação/SSP-PI
Veja o que se sabe sobre a Operação Carbono Oculto 86, em Teresina

Mandados judiciais cumpridos no Piauí

A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de empresas ligadas aos principais envolvidos, o bloqueio de bens e contas das empresas investigadas e interditou 49 postos de combustíveis.

Um dos alvos foi um endereço relacionado ao ex-vereador e ex-secretário Victor Linhares. Victor era secretário de Articulação Institucional da Prefeitura de Teresina até o começo da semana, quando deixou o cargo. Segundo a polícia, ele teria recebido via Pix uma transferência de R$ 230 mil da BK Bank, agente financeiro tradicionalmente conhecido como “Fintech do PCC”.


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