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Metade dos feminicídios no Piauí ocorre nos três primeiros meses após a separação, aponta delegada

No geral, o primeiro ano após a separação concentra a maior parte dos crimes

16/09/2025 às 16h12

A separação é o período mais crítico para mulheres em situação de violência. De acordo com a delegada Eugênia Villa, pesquisadora na área de gênero e feminicídio, metade dos casos ocorre nos três primeiros meses após o rompimento do relacionamento. No geral, o primeiro ano após a separação concentra a maior parte dos crimes.

Metade dos feminicídios no Piauí ocorre nos três primeiros meses após a separação, aponta delegada - (Freepik) Freepik
Metade dos feminicídios no Piauí ocorre nos três primeiros meses após a separação, aponta delegada

Segundo a delegada, um dos principais fatores de risco é o ambiente doméstico. “Em regra, o assassino é um ex-companheiro. A mulher, geralmente com filhos e já acima dos 29 anos, é morta dentro de casa. E nós nos perguntamos: a casa é um local seguro para matar? Sim, porque a polícia só pode entrar em casos de flagrante, desastre ou ordem judicial. O agressor se sente protegido ali”, afirmou.

Ela também chama atenção para a baixa procura das vítimas por ajuda policial. “A maioria das mulheres assassinadas nunca nos procurou. Apenas 12% tinham registrado algum pedido de apoio. Esses dados revelam que estamos salvando vidas, mas a grande pergunta é: quais vidas não estamos conseguindo salvar? Por que as mulheres negras não estão nos procurando?”, questionou.

Delegada Eugênia Villa - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Delegada Eugênia Villa

Outro ponto destacado é que muitas vítimas não percebem a gravidade da situação. “É preciso que alguém avalie esse risco por elas. Vizinhos sabiam da violência, familiares sabiam, e não nos procuraram. Se a mulher não consegue visualizar o perigo, é preciso que a sociedade nos informe para que possamos incluí-la no radar de proteção”, explicou.

A delegada reforça que o boletim de ocorrência não é obrigatório para solicitar uma medida protetiva. “No processo de separação, divórcio ou disputa de guarda, a mulher pode pedir uma medida protetiva mesmo sem registrar BO. Essa medida tem natureza cível e pode salvar vidas”, disse.

Para ela, muitos feminicídios estão ligados a litígios que permanecem mesmo após a separação, como disputas por filhos ou patrimônio. “Geralmente, quando vemos um feminicídio, havia algum resíduo do relacionamento que não foi resolvido judicialmente, e isso pode redundar em violência até chegar ao crime”, explicou.

Denúncias podem ser feitas diretamente nas delegacias ou pelo Disque 180, serviço gratuito e sigiloso, disponível 24 horas por dia, que orienta e encaminha os casos para os órgãos competentes.


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Com supervisão de Ithyara Borges