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Abin alerta para infiltração de facções criminosas na política no Piauí

Região Norte do Estado preocupa a Justiça Eleitoral. Porta de entrada preferida de facções na política são as Câmara de Vereadores.

03/11/2025 às 09h28

As recentes operações policiais deflagradas no Brasil para desarticular organizações criminosas expuseram o poder de organização e de “camuflagem” que estes grupos possuem. Não é só o poder de fogo, mas a capacidade de agir debaixo da superfície e comandar nos bastidores estruturas gigantescas que agem paralelas ao poder estatal. Mas o que chama a atenção é que estes grupos não têm agido somente de forma paralela ao Estado. Eles também tentam se infiltrar nas esferas administrativas e as principais portas de entrada estão na política eleitoral.

Relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entregue ao Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) revelou que o Estado se encontra em “alerta amarelo” para a infiltração de facções criminosas na política.

Sede da Abin, em Brasília - (Fábio Rodrigues / Agência Brasil) Fábio Rodrigues / Agência Brasil
Sede da Abin, em Brasília

O levantamento foi feito em todos os estados da Federação e apresentado aos presidentes das cortes regionais eleitorais em agosto de 2024, dois meses antes das eleições municipais. A situação demandou ainda mais atenção por parte da Justiça Eleitoral para garantir que o pleito ocorresse sem qualquer tipo de ameaça ou que fosse usado para proliferação de atividades ilícitas. Mas, mesmo assim, certas situações não puderam ser evitadas.

O principal exemplo veio de Teresina, onde uma vereadora eleita foi presa por suposto envolvimento com facções. Trata-se de Tatiana Medeiros, que hoje cumpre prisão domiciliar, está afastada do cargo e vê seu futuro político incerto em meio a concessões e derrubadas de medidas cautelares.

Em entrevista exclusiva ao Portalodia.com, o desembargador Sebastião Ribeiro Martins, presidente do TRE-PI, revelou que as Câmaras Municipais são a porta de entrada preferida de facções criminosas na política. É que as eleições para vereadores e prefeitos são menores, mais localizadas e possuem um apelo popular mais forte, o que facilita a abertura de um canal de comunicação direto destes grupos com a população por meio de representantes “mais acessíveis ao povo”.

Isso, segundo ele, ficou evidenciado pelo relatório da Abin, que mostrou tentativas de influência poderosa de facções criminosas em Legislativos Municipais Brasil afora antes mesmo das eleições municipais de 2024.

Desembargador Sebastião Ribeiro Martins, presidente do TRE-PI - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Desembargador Sebastião Ribeiro Martins, presidente do TRE-PI

“A Agência fez um mapeamento em todo o país e constatou que em estados como o Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro era grande a presença de membros de facções querendo entrar na política, sobretudo nas Câmaras de Vereadores. Não era nem para prefeitos, era para vereadores. E o Piauí, à época, estava nesse meio. Felizmente não em estado vermelho, mas em alerta amarelo, sobretudo na Região Norte. E para nossa surpresa, esse ano teve esse caso da vereadora [Tatiana]”.

A Região Norte, segundo o relatório, é uma das mais visadas por facções criminosas que chegam ao Piauí justamente por conta das áreas de fronteira exploradas pelo tráfico de drogas. O relatório entregue ao TRE-PI serviu para balizar várias ações preventivas durante as eleições municipais de 2024 e vai continuar sendo usado como base para medidas futuras, inclusive no pleito geral de 2026, onde serão eleitos parlamentares estaduais e federais, bem como os chefes dos Executivos estaduais e federal. 

“A abordagem da Justiça Eleitoral é clara e está em consonância em todo o país: a de mapear e impedir que grupos criminosos se utilizem da política para se fortalecer e se instalar em espaços que não são passíveis de serem negociados. Eleição reflete a vontade do povo e é a epítome da Democracia. Qualquer atitude que ameace violar isso vai ser devidamente punida e encerrada”, finaliza Sebastião Ribeiro Martins.


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