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Santa Cruz do Piauí: PF e MPF apuram R$ 2,7 milhões pagos a empresa de laranja do prefeito e seu irmão

Os órgãos apuram se a empresa, aberta em 2021, foi contratada de forma ilegal e teria recebido recursos sem fornecer os medicamentos.

27/09/2024 às 17h16

27/09/2024 às 17h16

A Polícia Federal no Piauí e a Procuradoria Regional da República da 1ª Região, investigam, desde 2023, denúncias envolvendo pagamentos supostamente irregulares de R$ 2,7 milhões da Prefeitura de Santa Cruz do Piauí à empresa Medprime Materiais Médicos e Hospitalares. Os órgãos apuram se a empresa, aberta em 2021, foi contratada de forma ilegal e teria recebido recursos sem fornecer os medicamentos.

Na foto, a candidata a prefeita Laís Barroso, a primeira-dama Gláucia Portela, o prefeito Barroso Neto e seu irmão, Jurandir Martins. - (Reprodução) Reprodução
Na foto, a candidata a prefeita Laís Barroso, a primeira-dama Gláucia Portela, o prefeito Barroso Neto e seu irmão, Jurandir Martins.

A Medprime é a mesma empresa que, em 2023, recebeu 10 empenhos de pagamento no mesmo dia. No mesmo ano, a Medprime firmou o Contrato nº 019/2023 com a prefeitura no valor de R$ 2.090.335,96 (confira o contrato). Em outros dois contratos por dispensa de licitação, a empresa recebeu R$ 103 mil do município.

O DIA entrou em contato com a Polícia Federal, que afirmou que não comenta investigações. Já no âmbito do Ministério Público Federal, a denúncia foi remetida à Procuradoria Regional da República (veja o documento nesta página), tendo em vista que o prefeito de Santa Cruz, Barroso Neto, possui foro privilegiado. Ao O DIA, a Procuradoria informou que o processo está sob sigilo e por este motivo não divulga detalhes das investigações.

No bojo do processo, há documentos que apontam para o fato de que a Medprime na verdade pertence ao prefeito Barroso Neto e a seu irmão, o médico Jurandir Martins Filho. Nos registros formais, a Medprime está em nome de Francisco Eurípedes Santos Martins, primo dos gestores, que vive no interior do Piauí e que não possui conhecimento e recursos financeiros para estruturar a empresa. “A empresa tem contratos milionários e Eurípedes anda de motocicleta”, diz trecho da denúncia protocolada em 2023 na Polícia Federal.

Os documentos que integram o processo de investigação mostram que várias pessoas de confiança do prefeito Barroso Neto também estão envolvidas no processo de contratação, pagamento dos valores e desvio de verbas da saúde.

Ana Larissa Barroso Martins, irmã do prefeito, e Glaucia Portela, esposa de Barroso Neto, são as secretárias de finanças e saúde, respectivamente. Laís Barroso, prima de Barroso Neto, foi diretora do hospital do município por sete anos e se afastou da função para concorrer ao cargo de prefeita com apoio de Barroso. Raimundo Neto, irmão de Laís, primo do prefeito, é controlador do Município.

Chama a atenção o fato da substituta de Laís Barroso no Hospital, Mayara Santos, ser a irmã de Francisco Eurípedes, suposto laranja, e também prima e apoiadora do prefeito Barroso Neto.

O caso Medprime, como é conhecido, é visto como o maior caso de corrupção em apuração da história da cidade.

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Investigação sobre favorecimento de licitação

O grupo político que comanda a Prefeitura de Santa Cruz do Piauí, liderado pelo atual prefeito Barroso Neto, já é investigado pelo Ministério Público Estadual por suposto favorecimento em uma licitação do município. Em 2023, para contratação de uma empresa para prestar os serviços de locação de palco, som, banheiro químico, gerador, iluminação, gride, painel de led, atrações locais e serviços afins, a prefeitura contratou por R$ 360 mil a empresa Gilson de Araújo Moura. Antes da licitação, uma denúncia já previa que a empresa seria vencedora. O empresário é amigo do prefeito e confraternizaram várias vezes antes e durante o processo licitatório. As investigações estão avançadas.

Leilão de fazenda para ressarcir poder público por desvio de verbas

No início deste ano, a Justiça do Piauí leiloou a fazenda Tanque do Ciro, de propriedade do pai de Barroso Neto e Jurandir Martins Filho, que quando governou a cidade recebeu no ano de 2000, R$ 224 mil por meio do convênio da Funasa para investir no programa de Melhoria Habitacional Rural, mas, junto com o pai de Laís Barroso, acabou sendo condenado por improbidade administrativa, dano ao erário público e enriquecimento ilícito, ao não comprovar que destinou os recursos para executar os serviços.

Outro lado

O DIA buscou por meio de Whatsapp e ligações telefônicas, todos os envolvidos nas denúncias para que eles comentassem o assunto. As ligações não foram atendidas e as mensagens visualizadas não foram respondidas. O espaço segue aberto para manifestações.