Cada fase do ciclo menstrual feminina contém diversas características e mudanças capazes de alterar diversas partes do corpo da mulher. Oscilações hormonais, variações de humor, alterações no sono e até na disposição física já fazem parte da rotina de bilhões de mulheres no mundo todo. Porém, uma das maiores dúvidas em relação ao assunto está na sua associação com os exercícios físicos.
A ginecologista Nayana Costa, ao explicar se é melhor para de treinar os continuar com os exercícios durante a menstruação, afirma que o segredo está no autoconhecimento. “Durante a menstruação, é comum a mulher se sentir mais fraca, indisposta, com dor ou irritabilidade. O sono muda, o corpo pede mais cuidado. Mas isso não significa que ela precise parar de treinar”, diz.
De acordo com a médica especialista, é recomendado reduzir a intensidade, hidratar-se bem e cuidar da alimentação, especialmente em casos de sangramento intenso, situação que pode causar desidratação e até mesmo deficiência de ferro no sangue. Para ela, o importante é respeitar o próprio corpo, sem deixar o sedentarismo vences. “Talvez seja o momento de um treino mais leve, com menos esforço. Mas é essencial continuar se movimentando”, ressalta.
Dra. Nayana detalha que o desempenho físico da mulher varia conforme cada ciclo hormonal. Após a menstruação, os níveis hormonais sobem e a energia tende a aumentar. “Essa é a fase da alta performance. Entre o 14º e 16º dia do ciclo, a mulher costuma ter o maior rendimento. É o momento ideal para treinos mais intensos, corridas, força”, comenta.
A ginecologista lembra, porém, que nem todas as mulheres passam pelas mesmas mudanças. “Isso varia muito de mulher para mulher. Algumas percebem claramente as oscilações, outras não sente, diferença nenhuma. O importante é se conhecer e ter um acompanhamento de perto, tanto com o personal, quanto com a ginecologista, para ajustar os treinos conforme as fases”, reforça.
Nos dias que antecedem a menstruação, o corpo tende a reter mais líquidos e a mulher pode se sentir inchada, irritada e com humor instável. Mesmo assim, a orientação é não interromper a prática. “O exercício é fundamental para ajudar nessa fase. Só deve parar quem realmente está com uma indisposição muito grande e, nesses casos, é preciso investigar, porque dor intenda não é normal”, alerta a especialista.
Se a mulher sentir que o seu corpo está pedindo uma pausa, é essencial lembrar que o descanso é um fator importante. Nayana afirma que, se for necessário, a mulher pode tirar um ou dois dias de pausa nos treinos, mas isso não pode se transformar em rotina. “Se ela precisar parar todos os sete dias da semana, há algo errado e ela deve procurar um médico”, orienta.
A ginecologista ainda destaca que os sintomas incapacitantes, como dores muito fortes, fraqueza ou queda brusca de energia, não devem ser ignorados. Segundo ela, muitas mulheres convivem com cólicas intensas durante a maior parte de suas vidas, acreditando que é normal, mas não é. O corpo dá sinais de que algo precisa de atenção.
Hormônios, menopausa e o papel dos exercícios
O impacto hormonal na vida da mulher vai muito além do ciclo menstrual. Dra. Nayana ressalta que o uso de contraceptivos e a chegada da menopausa também exigem atenção especial. “Os anticoncepcionais podem alterar um pouco o desempenho físico, porque reduzem alguns hormônios ligados à força e à energia. Já na menopausa, há uma queda acentuada dos hormônios e isso traz indisposição, fraqueza e dificuldade de ganhar massa magra”, explica.
A médica reforça que o tratamento ideal começa antes mesmo da menopausa chegar, com a melhor forma de tratamento sendo a prevenção. “Muitas mulheres já sentem sintoma na perimenopausa, como ansiedade, irritabilidade e alterações no sono, mesmo com os exames hormonais ainda normais. E precisam, sim, de acompanhamento. A clínica é soberana, se há sintomas, deve haver tratamento”, defende ela.
Para Nayana, qualidade de vida é resultado de um conjunto de hábitos. Ela resume em cinco pilares o que considera essencial para a saúde da mulher sendo eles atividade física, alimentação equilibrada, sono de qualidade, controle do estresse e reposições nutricionais ou hormonais quando necessárias.
“Não adianta achar que a reposição hormonal sozinha vai mudar tudo. A mulher precisa de equilíbrio. A musculação, por exemplo, é fundamental não só por estética, mas porque fortalece ossos e músculos, garante autonomia e longevidade saudável”, esclarece a ginecologista.
A especialista também destaca o impacto do sono e do gerenciamento do estresse nos sintomas causados pelo ciclo menstrual. “Dormir bem é indispensável. E, embora o estresse seja o mais difícil de controlar, é preciso encontrar formas de lidar com ele. Tudo isso influencia diretamente a saúde hormonal e emocional”, acrescenta.
A ginecologista defende uma abordagem integral da mulher, incluindo os aspectos físico, emocional e social. “A ginecologia não deve olhar apenas para o sistema reprodutivo. Pergunto sobre sono, rotina, trabalho, relacionamentos, pois tudo influencia. A mulher não é só um útero, ela é um conjunto de fatores que precisam estar em harmonia”, diz.
Nayana Costa afirma que muitas de suas pacientes chegam ao consultório com o recorrente sentimento de não se reconhecerem mais. Irritabilidade, baixa libido, ansiedade e cansaço constante são queixas comuns, especialmente na transição para a menopausa. “Quando conseguimos ajustar o tratamento e orientar essa mulher de forma completa, ela volta e diz: ‘Hoje me sinto na minha melhor fase’. Isso é o mais gratificante”, conta.
Cuidar de si mesma não é egoísmo
“Cuidar de você mesma não é egoísmo, é uma necessidade. Só assim você consegue cuidar dos outros, do marido, dos filhos, do trabalho. Faça sua atividade física, se alimente bem e procure um bom profissional. Isso é o que garante qualidade de vida e longevidade saudável”, destaca a médica ginecologista.
Nayana ainda reforça que a informação é o primeiro passo. “As nossas avós sofreram muito por falta de conhecimento. Hoje temos acesso a tratamentos, ciência e suporte. Então, não aceite o sofrimento como algo normal. Entenda o seu corpo, respeite seus limites e siga em movimento”, conclui.
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