O presidente da Câmara Municipal de Teresina, vereador Enzo Samuel (PDT), reagiu com preocupação às declarações do prefeito Silvio Mendes (União Brasil) que atribuem ao Legislativo parte da responsabilidade pelo déficit financeiro da capital. Durante sessão plenária desta semana, o parlamentar defendeu que a Casa tem atuado de forma colaborativa com a gestão municipal e não deve ser transformada em alvo de culpabilização.

Assis Fernandes / O DIA

Enzo Samuel critica tentativa de responsabilizar Câmara por déficit financeiro em Teresina

“Percebo com muita preocupação [as falas de Silvio Mendes]. Nesse segundo semestre, tenta-se jogar a culpa para a Câmara Municipal de Teresina. Mas acredito que não é dessa forma que vamos resolver os problemas da cidade. Essa Câmara não está aqui para fazer enfrentamento com qualquer poder, mas para contribuir. Lógico, nós temos 29 vereadores e cada um pensa de uma forma diferente”, disse.

Segundo Enzo, a estratégia de transferir responsabilidades ao Legislativo reflete um movimento comum em gestões que buscam criar “inimigos em comum” para justificar dificuldades administrativas. Ele ressaltou que, no primeiro semestre, a atual gestão municipal utilizou a administração anterior como justificativa para falhas, e agora o alvo seria o Parlamento.

“Ultimamente, não só aqui em Teresina, mas Brasil afora, o discurso de quem se diz fazer política, mas é apolítico, é de sempre procurar um inimigo em comum, para você jogar a culpa, talvez, de um desastre ou de uma coisa que não ande como você quer, para criar uma cortina de fumaça. E assim, aconteceu no primeiro semestre, onde se colocou muito em relação à gestão anterior, que, inclusive, nós temos aqui vereadores preparados, capacitados, que participaram da outra gestão e que participam hoje da gestão do doutor Silvio”, destacou.

O posicionamento do presidente recebeu apoio de vereadores da oposição, como Eduardo Draga Alana (PSD), Dudu (PT), Zé Filho (PSD) e Venâncio Cardoso (PT), que também criticaram as declarações do prefeito. Já os parlamentares Aluísio Sampaio e Ismael Silva, ambos do Progressistas e da base governista, defenderam Silvio Mendes.

Líder do prefeito na Casa, Bruno Vilarinho (PRD) preferiu não se manifestar durante a sessão e também não concedeu entrevistas após o plenário.

Enzo Samuel reforçou ainda que a Câmara não deve assumir papel de submissão diante do Executivo, mas de diálogo e fiscalização, preservando o equilíbrio entre os poderes.

“Esse Parlamento está aqui para dialogar, está para conversar, mas sem jamais ser submisso, porque nós representamos uma parcela da população. E digo mais, não sei quem está orientando ou quem o doutor Silvio Mendes escuta, mas eu acredito que essa não é a melhor forma de se fazer política. Aqui a gente se coloca à disposição, porque nós sabemos que Teresina tem muitos problemas”, finalizou.