Comemorado neste dia 18 de novembro, o Dia Nacional de Combate ao Racismo serve como um lembrete e uma reflexão sobre a batalha contínua contra o preconceito que, no Brasil, não é apenas uma questão de ataques individuais. Ele está infiltrado em nossas estruturas sociais, históricas e culturais. A discussão acerca do preconceito racial se estende no dia a dia e a educação atua como a mais potente ferramenta para diminuir a presença do racismo estrutural, assegurando a todos o direito fundamental à igualdade e ao respeito.
Para o advogado e professor Alessander Mendes, mestre em direito e gestão de conflitos, a educação desempenha um papel estratégico não só no combate a manifestações explícitas de discriminação, mas como uma via de transformação social duradoura. “O racismo é uma macroestruturação sociopolítica, difícil de romper. O problema é sistêmico, não meramente individual”, afirma.
O especialista ressalta que a desigualdade racial não brota da noite para o dia, já que tem raízes históricas profundas, desde o tráfico de africanos até a imposição de uma identidade colonial. Para ele, a educação é a principal chave no processo de rompimento dessa estrutura, mas não apenas através da escolarização formal. Essa transformação deve envolver a família, a comunidade e o diálogo entre todos.
De acordo com o advogado, crianças aprendem o preconceito tanto em casa quanto na escola. Por isso, ambos os ambientes precisam atuar juntos para desfazer visões erradas e desrespeitosas, e desenvolver a consciência racial desde os primeiros anos de entendimento, que está muito alinhado com os conceitos de educação em direitos humanos defendidos por especialistas.
Especialistas destacam que a educação antirracista é uma ferramenta poderosa para reafirmar princípios constitucionais, como igualdade e repúdio ao racismo. Além disso, é fundamental promover a formação docente permanente, para que professores entendam e enfrentem de forma crítica os temas presentes no currículo, nas relações escolares e nas práticas pedagógicas.
Alessander Mendes reforça que algumas estratégias são especialmente eficazes, como atividades dialogadas nas escolas, projetos pedagógicos que permitam aos jovens conhecer a própria história e a de outros grupos, e reflexões sobre o motivo de certos grupos ocuparem determinadas posições na sociedade. “Quando a gente consegue unificar a educação familiar e escolar, a médio prazo a gente começa a perceber passos de modificações”, diz ele.
Não menos importante para o advogado é a comunicação em casa que, de acordo com o jurista, deve ser construída através de conversas francas e espaços de escuta, ensinando e promovendo o respeito e a empatia. Ele ressalta que o diálogo deve vir acompanhado de ações e não de omissão ou silêncio. “Às vezes, eu posso respeitar, mas posso construir uma mentalidade que quer que o outro continue na posição em que está”, alerta.
Mendes ainda destaca a necessidade de validar as experiências de diferentes pessoas da sociedade. O professor afirmar que a fala é essencial para o processo da mitigação do racismo, já que reconhece a dor, dá voz e escuta aqueles que são afetados. Alessander lembra que o Dia de Combate ao Racismo não é apenas uma data simbólica. Ela celebra a resistência e conquista de direitos, fruto de lutas e ressignificações coletivas.
“Essa liberdade não foi entregue, ela foi conquistada”, afirma. O especialista ainda enfatiza a importância da empatia, reforçando que não basta “se colocar no lugar do outro”, é também necessário aceitar o outro exatamente como ele é, com sua história e com suas dores. “Entender empatia é aceitar cada um do jeito que ele é”, conclui.
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