A Câmara Municipal de Teresina deu continuidade, nesta quinta-feira (7), às oitivas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga um suposto rombo de R$ 4 bilhões nas contas da Prefeitura. A denúncia foi feita pelo atual prefeito Silvio Mendes (União Brasil), que aponta possíveis irregularidades cometidas durante a gestão anterior, do ex-prefeito Dr. Pessoa (PRD).
LEIA TAMBÉM
Na terceira oitiva, foram convocados ex-secretários municipais de Finanças (Semf) que estiveram à frente da pasta ao longo dos quatro anos da gestão de Dr. Pessoa. Estiveram presentes Admilson Brasil, Danilo Bezerra e Esdras Avelino.
Em entrevista ao PortalODia.com, Admilson Brasil, que comandou a Semf por oito meses, negou que tenha havido déficit e afirmou que deixou recursos em caixa.
“Dos oito meses, em quatro meses nós perdemos a liminar do FPM, que é uma perda de quase 35 milhões por mês, ou seja, em três meses nós perdemos 105 milhões de reais. Porém, graças a Deus, com o nosso trabalho, nós conseguimos voltar a liminar e hoje ela ainda perdura. Eu deixei R$ 74 milhões em conta. A minha saída foi por dois motivos: um problema de saúde pessoal e algumas divergências com alguns membros da gestão. A divergência da gestão, Teresina sofre com o problema que os grandes municípios polos têm: muita despesa para pouco recurso. Então você tem que estar cada mês dizendo, eu vou pagar primeiro isso, depois eu pago aquilo. Infelizmente a situação em Teresina é essa e não mudou”, disse.
Admilson negou possíveis inferências externas, especialmente de familiares de Dr. Pessoas na secretaria de Finanças. “Não. Quando o prefeito me procurou para assumir a Semf, uma das minhas exigências é que não ia ter nenhuma interferência de ninguém. Que eu fazia o fluxo de caixa pela minha experiência, pela minha formação, e conversaria com o prefeito. E durante os oito meses foi assim”, relatou.
Danilo Bezerra afirma ter atuado com responsabilidade
Também ouvido pela CPI, o ex-secretário Danilo Bezerra afirmou estar tranquilo quanto às investigações e disse ver com naturalidade a convocação de ex-gestores. Além disso, ele destacou as despesas analisadas por ele à época da gestão foram tratadas com rigor técnico.
"Não [sinto receio dos desdobramos da comissão], de maneira nenhuma. Eu estou bem tranquilo, vim aqui pra prestar todos os esclarecimentos, acho que quem exerce cargo público tem que em algum momento, quando for solicitado, tem que prestar o esclarecimento sociedade. A gente está gerindo dinheiro público, o dinheiro do povo. Então a gente tem que prestar esclarecimento. As despesas que eu achei estranhas não foram pagas. As que foram pagas eu encontrei regularidade”, explicou.
Danilo esclareceu ainda sobre suas ausências em convocações realizadas por vereadores de Teresina quanto a maiores esclarecimentos sobre as contas públicas de Teresina.
“Na verdade, no ano passado eu fui convocado, houve um cancelamento da minha convocação, isso formalizado pela própria Câmara. Depois me chamaram baseado numa convocação que estava cancelada, por isso que eu não vim. Inclusive foi judicializado pela Câmara e a Câmara perdeu”, argumentou.
Esdras Avelino destaca que crise poderia ter sido mais grave
Outro que também foi ouvido na oitiva foi Esdras Avelino, servidor efetivo da Prefeitura de Teresina. Ele exerceu o cargo entre novembro de 2023 a janeiro de 2024. Nesse período ele destacou os três principais problemas encontrados: terceirizados, limpeza pública e transporte coletivo.
"Havia empresas, pontualmente em algumas secretarias, com entre cinco a seis meses de atraso. E havia já iminência de greve dos empregados dessas empresas especializadas, onde também a empresa de ônibus estava judicializada, estava em discussão a procuradoria do município, discutindo com ele já na justiça uma forma de resolver o problema. E a empresa de lixo por conta de uma licitação que havia acabado de ocorrer e que ela iria perder a licitação. A empresa, Litucera, ia deixar de se prestar serviços no município. Preocupado em ficar sem receber depois dos últimos meses, já estava antecipando e querendo deixar de prestar serviços. Então, eram três grandes problemas que nós tínhamos”, relatou.
Por fim, ele ressaltou que aceitou o cargo em razão de outras pessoas terem recusado a função. Além disso, ele afirmou que a problemática poderia ter sido maior, afetando, até mesmo, o salários dos servidores efetivos.
“Um ano antes ele já havia feito um convite semelhante para ser secretário, mas eu não quis, eu expliquei as razões para ele, porque eu não vi a necessidade de assumir a secretária de Finanças. Eu vi realmente uma necessidade de assumir, porque se eu não assumisse, o próximo problema que nós teríamos era a causa de pagamento de salário dos servidores efetivos. Então, era o próximo passo. Nós estávamos caminhando para isso. Então, até pensando no meu próprio salário de servidores, eu assumi esse ônus de assumir a Secretaria de Finanças do município”, concluiu.
Você quer estar por dentro de todas as novidades do Piauí, do Brasil e do mundo? Siga o Instagram do Sistema O Dia e entre no nosso canal do WhatsApp se mantenha atualizado com as últimas notícias. Siga, curta e acompanhe o líder de credibilidade também na internet.