O tão aguardado depósito do 13º salário acontece nesta semana, com prazo final da primeira parcela sendo nesta sexta-feira (28). Para muitos trabalhadores, o pagamento traz, também, uma sensação de alívio ou, em alguns casos, de tentação. Entre vitrines, Black Friday, promoções antecipadas e um apetite crescente do comércio, é preciso ter cuidado com os gastos e ter atenção para tomar caminhos seguros financeiramente.
A economista e assessora financeira Elinne Val alerta que esse dinheiro, apesar de ser uma gratificação natalina, não deve ser considerado como extra. “Ele já deve estar no seu planejamento. Não é um bônus para gastar sem pensar”, afirma. A especialista reforça que cada pessoa precisa, antes de qualquer decisão, analisar sua própria realidade. “Qual é a sua necessidade do momento? Dívida atrasada? Cartão estourado? Contas básicas? Isso deve ser prioridade. A tentação das compras vai sempre existir, principalmente agora”, diz ela.
E não é difícil encontrar exemplos sobre o uso não planejado do 13º salário. Nas ruas do centro de Teresina, por exemplo, é comum ouvir relatos que se repetem ano após ano, de pessoas que acabam gastando tudo antes mesmo da data oficial do recebimento, de quem correu para pagar remédios, energia, reformas, ajustes emergenciais, ou simplesmente sonham em sair do vermelho para ter um pequeno respiro.
Porém, segundo Elinne, esse comportamento revela, além de escolhas individuais, o estado do próprio endividamento no Brasil. “Estamos em máximas históricas. Muitos já assumem compromissos antes mesmo de o dinheiro cair na conta. Isso é perigoso”, alerta a especialista.
O primeiro passo, de acordo com ela, é encarar o 13º de forma racional, o que inclui dizer “não” para compras impulsivas, especialmente durante a Black Friday, que neste ano começou mais cedo em diversos setores do comércio. “As lojas antecipam promoções justamente para capturar quem ainda nem recebeu (o 13º). Por isso, liste o que você realmente precise, não aquilo que você acha que merece no calor do momento. Faça escolhas alinhadas ao seu planejamento”, reforça.
Priorizar a quitação de dívidas, especialmente atrasadas, é ponto de consenso entre os especialistas. “O cartão de crédito não é extensão da renda, é uma ferramenta de pagamento. Endividar-se ali é cair na modalidade mais cara do mercado”, orienta Val. Segundo a assessora financeira, usar parte da primeira parcela do 13° para colocar a vida financeira em ordem é um ato de proteção, não só do presente, mas também do futuro.
A importância da poupança
Entretanto, a orientação acaba mudando de tom quando a etapa das dívidas já estiver resolvida. Neste caso, entra em cena a “reserva de paz”, como Elinne caracteriza a reserva de emergência, um “colchão” que garante tranquilidade financeira frente a imprevistos. “Pode ser um pneu furado, uma consulta médica, uma assistência necessária para alguém que depende de você. Se não tiver uma reserva, qualquer emergência vira crise”, afirma.
A poupança é a opção mais clássica, mas nem sempre é a mais eficiente. Ainda assim, a economista reforça que o mais importante é criar algo seguro, acessível e que fique guardado em uma instituição confiável. A partir daí, abre-se a porta para os investimentos, mas não necessariamente com pressa. O maior investimento, segundo a especialista, é o conhecimento.
“Ainda estamos engatinhando em educação financeira formal. Muitas pessoas aprendem apenas repetindo hábitos dos pais, que também não tinham orientação. Isso pode gerar erros. Há muito conteúdo gratuito e de qualidade em instituições oficiais. Vale buscar”, orienta Elinne Val.
No que diz respeito à compra inteligente, a economista ressalta que os gastos precisam estar alinhados ao planejamento de cada um e devem condizer com as reais prioridades financeiras. “Quando você tem clareza, reduz o risco de cair no impulso”. Ela ainda cita o exemplo de pessoas que precisam usar o 13º para consertar um problema causado por terceiros. “Prioridades mudam conforme a necessidade. O dinheiro é finito, por isso, é escolha (de cada um)”, diz.
No fim das contas, literalmente, Elinne destaca que o maior ganho daqueles que fazem questão de organizar suas finanças não é material, mas sim emocional. “A tranquilidade é o verdadeiro lucro. Quando você cuida dessa área com intenção e planejamento, você colhe paz”, resume.
Entre promoções, desejos e pressões internas, a economista repete a importância de pensar antes de agir, conselho valioso para quem ainda vai receber o 13°. “Coração engana, razão não. Saber seus limites e suas prioridades evita arrependimentos e garante um fim de ano muito mais leve”, afirma. Para aqueles que precisam de ajuda profissional, a economista lembra que ainda há tempo. Consciência financeira também se aprende, e quanto antes, melhor.
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